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Estado de Minas REVOLTA DA VACINA

Funcionários do João XXIII querem ser vacinados e denunciam fura-filas

Segundo enfermeiros que trabalham no hospital, funcionários que não estão na linha de frente já foram imunizados


27/01/2021 16:39 - atualizado 27/01/2021 17:12

Trabalhadores do atendimento de urgência, da área de enfermagem do Hospital João XXIII protestam na porta do Hospital de Pronto Socorro.(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Trabalhadores do atendimento de urgência, da área de enfermagem do Hospital João XXIII protestam na porta do Hospital de Pronto Socorro. (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Trabalhadores do atendimento de urgência da área de enfermagem do Hospital João XXIII fizeram um protesto nesta quarta (27/01), na porta do Hospital de Pronto Socorro. Eles denunciam que ainda não foram vacinados contra a COVID-19, enquanto outros funcionários, que não estão na linha de frente, foram imunizados. 
 

“Os funcionários do setor de internação do João XXIII, mais especificamente do 4°, 5° e 7° andares, estão aqui protestando por não terem recebido a vacina contra a COVID até hoje”, diz Carlos Augusto dos Passos Martins, enfermeiro e presidente do Sindicato do Profissional de Enfermagem, Auxiliar de Apoio da Saúde, Técnico Operacional da Saúde, Analista de Gestão e Assistência à Saúde de Minas Gerais (Sindpros/MG). 

Segundo ele, nesta quarta-feira esses funcionários fizeram uma cobrança à direção do hospital e receberam a resposta de que não há previsão para que eles sejam vacinados. Por isso, decidiram fazer o protesto.  

“É a mesma justificativa geral. Diante da escassez das vacinas, eles estão priorizando alguns setores e pessoas. É o mesmo princípio que foi divulgado pelo governo, com a escassez do primeiro lote de vacinas. Mas, o que estamos questionando é que, dentro dos princípios do ministério e da prefeitura como prioridade, a enfermagem que está em contato direto com os pacientes e deveria ter os profissionais vacinados. Isso está previsto no critério do ministério”, afirma Martins. 

Ele também explica que os funcionários dos andares mencionados, trabalham com pacientes de patologia geral. Mas é comum esses pacientes manifestarem sintomas de COVID-19 durante o período de internação. Além disso, os trabalhadores são frequentemente remanejados para o 6° andar, exclusivo para pacientes com coronavírus. “Esses funcionários dos outros andares são remanejados para o 6° andar quando faltam trabalhadores neste setor. Por isso, achamos que é necessário que todos da enfermagem fossem vacinados.”

Linha de frente e desorganização

 

Mônica Pacheco é técnica de enfermagem do hospital. Ela conta que trabalha na linha de frente de combate à doença. “Inclusive, um paciente veio a óbito semana passada. O que estamos questionando é por que as pessoas que não estão na linha de frente e não são da área de risco, como administrativo, pessoas que só mexem com documentos, estão sendo vacinados. E nós, técnicos, estamos lidando diretamente com pacientes e não sabemos se essa vacina vai chegar ou quando vai chegar.” 

Já Selma Maria de Carvalho, também técnica em enfermagem, reclama da desorganização no hospital.  “Estou indignada pela desorganização da vacinação que começou aqui no hospital. Nós ficamos muito felizes com a chegada da vacina, mas, infelizmente, foi um despreparo muito grande. Eu tomei a vacina, mas não foi registrado no meu cartão: qual vacina eu tomei, qual o lote, a data. Não tenho nada registrado. Eu questionei e a última informação que eu tive é que vai ficar para o final da campanha. Enquanto isso, fico sem saber quando vou receber minha segunda dose, se eles não têm controle de quando eu tomei a primeira dose”, afirmou. 
 
A técnica em enfermagem, Selma Maria de Carvalho, reclama da desorganização da vacinação no hospital(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
A técnica em enfermagem, Selma Maria de Carvalho, reclama da desorganização da vacinação no hospital (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
 

Imunizados no setor administrativo 


O presidente do Sindpros afirma que, segundo alguns trabalhadores do hospital, outros funcionários que não lidam diretamente com a doença, estão sendo ou já foram imunizados. “Funcionários da área administrativa, da manutenção e do 1° andar (setor administrativo) todos foram vacinados. Ou seja, eles não têm contato com pacientes e foram vacinados.”

Diante do questionamento dos trabalhadores para o problema, de acordo com Martins, a resposta da direção foi a de que eles estão seguindo o critério determinado. “Não dão muita explicação sobre isso. Estamos cobrando da direção da Fhemig uma explicação, em que ela apresente a quantidade de vacinas que ela tem disponível, quais foram os funcionários (cargo) foram vacinados e onde eles estão trabalhando. Para termos certeza que de fato não houve esses fura filas. Mas não nos deram resposta”, finalizou. 
 
Em nota, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) esclarece que a vacinação contra a COVID-19 no Hospital João XXIII segue ordem de prioridade estabelecida pelo Plano Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, em que são priorizados, nesse primeiro momento, trabalhadores que lidam diretamente com pacientes com suspeita de COVID-19 e, portanto, estão mais expostos ao risco de contrair a doença - seja profissional da assistência, de setores administrativos ou terceirizados. "Esse é o critério que norteia, neste momento inicial, a prioridade para a imunização", diz a nota. O Hospital João XXIII recebeu, no dia 19 de janeiro, 3.092 doses da vacina e, até ontem (26/1), já vacinou 1.582 trabalhadores.
 
*Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa


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