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Estado de Minas CASO PAVESI

Júri de médicos acusados de retirada ilegal de órgãos de criança é retomado

Os três réus serão ouvidos nesta sexta-feira. Julgamento começou na manhã de ontem. Crime ocorreu no ano 2000 em Poços de Caldas


29/01/2021 10:24 - atualizado 29/01/2021 13:04

Júri começou na quinta-feira, em Belo Horizonte, e foi retomado nesta manhã(foto: Jair Amaral/EM/DA Press - 28/01/2021)
Júri começou na quinta-feira, em Belo Horizonte, e foi retomado nesta manhã (foto: Jair Amaral/EM/DA Press - 28/01/2021)
 
Foi retomado, pouco antes das 10h desta sexta-feira, o júri de três dos médicos acusados da morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, em uma retirada ilegal de órgãos há quase 21 anos em Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais. 

O julgamento é realizado no Primeiro Tribunal do Júri, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Os réus são José Luís Gomes da Silva, José Luís Bonfitto e Marco Alexandre Pacheco da Fonseca. A sessão foi retomada com o juiz Daniel Leite Chaves interrogando o primeiro acusado, Silva. Os outros dois aguardam em uma sala à parte o momento de depor. 

Segundo a assessoria de imprensa do Fórum Lafayette, após o interrogatório dos médicos, os debates começam pela acusação, promotores e advogados assistentes de acusação. 

Ontem (28/1), o pai da vítima, o empresário Paulo Pavesi, deu depoimento que durou cerca de duas horas. Segundo Paulo, ao saber do estado de saúde da criança, ele disse que doaria os órgãos, mas advertiu que isso só ocorreria caso houvesse morte cerebral. Até porque, a condição do filho não era definitiva.

O empresário explicou que só depois ficou sabendo que a retirada dos órgãos foi de forma irregular. Ele alegou que os médicos não deveriam e não tinham autorização para prática. Além disso, receptores fora da lista oficial de espera receberam órgãos da vítima. (Com Camilla Dourado - especial para o EM)

Caso Pavesi

 

Paulo Veronesi Pavesi, morto aos 10 anos em abril de 2000(foto: Álbum de família)
Paulo Veronesi Pavesi, morto aos 10 anos em abril de 2000 (foto: Álbum de família)
Em abril de 2000, o menino foi atendido por uma equipe médica depois de sofrer traumatismo craniano ao cair de uma altura de 10 metros do prédio onde morava. Paulo foi levado ao Hospital Pedro Sanches, mas, após alguns problemas durante a cirurgia, foi encaminhado à Santa Casa da cidade, onde morreu.

 

O pai da criança desconfiou das circunstâncias da morte depois de receber uma conta do hospital de quase R$ 12 mil. Algumas informações apontavam a cobrança de medicamentos para remoção de órgãos, que, na verdade, deve ser paga pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

 

De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a equipe médica teria constatado a morte encefálica, mas as investigações apontaram que o laudo foi forjado e houve várias irregularidades durante o atendimento. Os envolvidos foram denunciados por homicídio qualificado.

 

"Na denúncia, consta que cada profissional cometeu uma série de atos e omissões voluntárias com a intenção de forjar a morte do menino para que ele fosse doador de órgãos", diz o Tribunal de Justiça de Minas Gerais. "Estão entre as acusações a admissão em hospital inadequado, a demora no atendimento neurocirúrgico, a realização de uma cirurgia por profissional sem habilitação legal, o que resultou em erro médico, e a inexistência de um tratamento efetivo e eficaz. Eles são acusados também de fraude no exame que determinou a morte encefálica do menino", informa o TJMG.

 

Dois anos após a morte de Paulo, a Santa Casa da cidade foi descredenciada a fazer remoção e transplantes de órgãos. A MG Sul Transplantes, entidade gestora dos procedimentos no município, foi extinta. (Com informações do Portal Terra do Mandu - Helena Lima/Especial para o EM)


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