Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e da Agência Nacional das Águas (ANA) publicaram nesta sexta (29/01) mais um boletim sobre a quantidade de carga do coronavírus nos esgotos de Belo Horizonte e Contagem.
De acordo com o levantamento, a carga viral em BH é quase o dobro do registrado no mês de julho do ano passado, quando a pandemia atingiu um dos seus pontos mais críticos.
Conforme o estudo, houve um aumento substancial de carga viral em três córregos da cidade: Leitão, na Região Centro-Sul, afluente do Ribeirão Arrudas; e Santa Amélia e Terra Vermelha, respectivamente nas regionais Pampulha e Norte, ambos desaguando no Ribeirão do Onça.
Além disso, o estudo confirmou altas cargas virais em outros córregos da cidade, onde o apurado já estava elevado nas semanas anteriores.
É o caso dos córregos Pintos (Oeste), Arrudas (Noroeste), Pastinho (Noroeste), Acaba Mundo (Centro-Sul) e Cardoso (Barreiro).
E dos cursos d'água Ressaca (Pampulha), Mergulhão/Tijuco (Pampulha), Cachoeirinha (Nordeste), Vilarinho (Venda Nova) e Sarandi (Contagem).
"Este cenário aponta para uma intensa circulação do vírus em Belo Horizonte e reforça o agravamento da pandemia na capital", informa o levantamento.
Metodologia de divulgação alterada
Ao contrário dos boletins anteriores, nos quais os pesquisadores se baseavam na população estimada infectada, a ilustração dos resultados obtidos girou em torno da carga viral detectada.
Isso porque, conforme o relatório, o cidadão poderia interpretar de maneira errada os resultados, diante dos dados expressivos de população estimada com o vírus.
De acordo com o levantamento, uma pessoa, ainda que assintomática, pode apresentar carga viral em suas fezes por até sete semanas.
Por isso, a população estimada em uma semana específica não poderia ser somada com o quantitativo do boletim anterior.
Se isso acontecesse, a quantidade de pessoas infectados superaria, por exemplo, a população total de Belo Horizonte.
"Espera-se, com essa nova metodologia de expressão dos resultados, tornar ainda mais evidente para o público geral que os dados não são absolutos e não devem ser utilizados para fins de quantificação de população infectada", informa o relatório.
"O principal objetivo dessa forma de divulgação é tão somente traduzir um dado técnico, complexo e de difícil interpretação pelo público leigo", esclarece.