Eles já estenderam um braço na direção da vida, agora aguardam a segunda dose para se sentir mais tranquilos. E poder abraçar o mundo – mas ainda de máscara, mantendo o distanciamento e fazendo do álcool em gel um companheiro inseparável.
A vacinação contra a COVID-19 no Brasil, que começou em 17 de janeiro com a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, representou o marco da esperança para brasileiros que estão na fila para vacinar e já começam a receber a primeira dose, conforme o Plano Nacional de Imunização.
A vacinação contra a COVID-19 no Brasil, que começou em 17 de janeiro com a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, representou o marco da esperança para brasileiros que estão na fila para vacinar e já começam a receber a primeira dose, conforme o Plano Nacional de Imunização.
Em Minas, cerca de 8,7 mil idosos institucionalizados, ou seja, aqueles acolhidos em instituição de longa permanência, fazem parte do primeiro grupo imunizado contra a COVID-19 e se mostram na maior expectativa para acrescentar mais uma data, sem dúvida histórica, no cartão de vacinação.
"Vamos tomar a segunda dose, se Deus quiser. Viva a saúde!”, diz, com alegria, Sebastiana Maria de Souza, de 68, acolhida na Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) Santa Luísa de Marillac, em Itatiaiuçu, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na instituição filantrópica, administrada pelas Obras Sociais da Paróquia de São Sebastião de Itatiaiuçu em parceria com a prefeitura local, foram imunizadas 17 pessoas institucionalizadas entre 68 e 99 anos.
Já em Coronel Fabriciano, na Região Leste do estado, o aposentado Sandoval Soares Falcão, de 65, diabético, teve direito à imunização também por ser cadastrado no Programa de Saúde da Família. Sem perder o bom humor, ele avisa: "O mais importante, nessa vacina, é que temos uma excelente oportunidade de espantar essa COVID-19 para bem longe... não sei para onde, mas, com certeza, não queremos ela por perto".
Esse clima de satisfação “pós-vacina” é verificado na Asilo Casa dos Idosos de Curvelo (Região Central do estado), que, ainda no começo da pandemia, em maio de 2020, enfrentou um surto do coronavírus, que contaminou 22 internos – e todos se recuperaram.
Em 20 de janeiro, foram vacinados 81 idosos e 39 funcionários da instituição curvelana. “O clima entre os internos melhorou após a vacinação. Todos estão muito esperançosos da volta à rotina normal, para receber visitas e poder sair para os passeios”, afirma Anastátia Cintia Amaral Nascimento, presidente da Casa dos Idosos de Curvelo.
“Depois que tomei a vacina, me senti mais satisfeita. Fiquei livre de tudo (de ruim)”, diz Maria Antônia Lopes Camargo, de 74, uma das idosas que receberam a primeira dose do imunizante na entidade de Curvelo. “Quando fui tomar a vacina – fiquei meio receoso, meio apreensivo. Mas após a vacinação me senti muito mais realizado, pois era um ato que estava todo mundo esperando”, confessa Frederico Lopes França, funcionário da entidade.
Sem dor, com otimismo de sobra
"Fiquei muito emocionada ao receber a primeira dose da vacina contra a COVID-19. Sabe que até chorei? Mas não foi de dor, não, foi de felicidade mesmo. Trabalhei muito a vida inteira, sou forte, tenho saúde, mas essa doença deixa todo mundo preocupado demais. Agora estou contente, tomei a injeção, agradeço a Deus! O jeito é esperar a segunda dose. Vivemos um momento muito difícil, precisamos ter calma. Eu já gosto de conversar e rir muito... Nunca imaginei que viesse para o asilo, mas sou muito bem tratada aqui. Não me casei, tenho quatro filhos que Deus ajudou a criar: dois moram em Ubatuba (SP), onde também já morei, um aqui em Itatiaiuçu e outro, que morreu, vivia em Belo Horizonte. Quero viver muito, talvez chegue aos 100 anos. Com a vacina e a graça de Deus."
>> Iraci Pereira Souza, de 80 anos, acolhida na Instituição de Longa Permanência para Idosos Santa Luísa de Marillac, em Itatiaiuçu, na Grande BH
"Omais importante, nessa vacina, é que temos uma excelente oportunidade de espantar essa COVID-19 para bem longe... não sei para onde, mas, com certeza, não queremos ela por perto. Estou muito satisfeito por ter recebido a primeira dose do imunizante, sou diabético e cadastrado no Programa de Saúde da Família aqui em Coronel Fabriciano, então fui chamado. Tenho 65 anos, estou no chamado grupo de risco. Fico na expectativa da segunda dose para me proteger e também a minha esposa, Gislaine, meus três filhos e o neto. Durante esses meses de pandemia, não tenho saído de casa. Só saio mesmo para fazer curativo, no hospital, de um problema no pé em decorrência do diabetes... precisa cicatrizar. No mais, está tudo bem, só mesmo esperando a segunda dose da vacina."
>> Sandoval Soares Falcão, de 65 anos, morador de Coronel Fabriciano, na Região Leste de Minas
"Quando fui tomar a vacina – fiquei meio receoso, meio apreensivo – isso é normal de todo mundo sentir. Mas, após a vacinação, me senti muito mais realizado, pois era um ato que estava todo mundo esperando. A vacina foi algo muito esperado. Hoje, depois de alguns dias (de vacina), me sinto bem melhor. O que senti entre os idosos do asilo, após a vacinação, foi um clima muito bom, de muita animação, muita empolgação e uma grande perspectiva de melhora. Eles estão bem mais alegres e animados, com a possibilidade do retorno das visitas de seus familiares.”
>> Frederico Lopes França, funcionário do Asilo Casa dos Idosos, em Curvelo
"Omundo passa por um sofrimento muito grande, as pessoas estão tristes, tem muita gente em dificuldade, com pessoas doentes – isoladas em casa ou no leito de um hospital. Então, o jeito é a gente se unir, mesmo a distância, contra essa doença. E o melhor caminho é tomando a vacina. Recebi a primeira dose. Estou bem satisfeito, não tive nada. Minha esposa, Olívia, que também mora aqui no asilo, já tomou a vacina. Nós dois estamos imunizados, e vai chegar a vez dos meus filhos, netos e demais familiares. Tenho o braço forte, trabalhei na lavoura grande parte da vida carregando a enxada no ombro e plantando muitos alimentos na terra. Sei que vamos vencer a COVID e acabar com esse mal. Trago alegria no coração e saúde no corpo para viver ainda muitos anos."
>> Joaquim Ferreira Vilela, o Cote, de 91 anos, acolhido na Instituição de Longa Permanência para Idosos Santa Luísa de Marillac, em Itatiaiuçu, na Grande BH
"Estou muito satisfeito por ter sido vacinado. Estou muito tranquilo. Com Deus na frente, vou vencer esta parada (a pandemia). Tomei a vacina e não senti nada. O Pai Eterno não (me) deixa sentir nada. Estou feliz e pegando com Deus para todo mundo ficar feliz também. Eu não esperava tomar a vacina nesta cidade. Mas, está tudo bem e no mês que entra (que vem) vou completar 93 anos, se Deus quiser.”
>> Osvaldo Francisco da Silva, de 92 anos, vive no Asilo Casa dos Idosos, em Curvelo
"Tomei a primeira dose da vacina e estamos muito felizes, aguardando a segunda dose. Não tive medo nenhum de tomar a vacina e não senti nada. Acho que tudo nesta pandemia foi ruim. Mas, agora, com a vacina, a vida vai melhorar muito.”
>> Maria Antônia Gonçalves, de 74 anos, mora no Asilo Casa dos Idosos, em Curvelo
"Moro aqui na Casa dos Idosos de Curvelo. Fui vacinada e estou passando bem. Não tive medo de tomar a vacina. Depois que tomei a vacina, me senti mais satisfeita. Eu estava (fiquei) livre de tudo (de ruim). Estou muito feliz. Acho que, a partir de agora, as coisas vão melhorar em dobro.”
>> Maria Antônia Lopes Camargo, de 78 anos, mora no Asilo Casa dos Idosos, em Curvelo
"Trabalho em duas unidades hospitalares, uma no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na Zona Oeste de São Paulo, e no pronto atendimento do Hospital São Mateus, Zona Leste. Desde o início da pandemia, atuo na linha de frente nos dois hospitais, tanto com pacientes que têm suspeita da doença como os casos confirmados. Minha rotina está estressante, tudo muito corrido porque são muitos casos. Fora do hospital, tenho minha rotina de cuidados também para proteger minha família. Até porque sou do grupo de risco por ser obesa e ter hipertensão e diabetes. Além de morar com meu filho, que tem 30 anos e trabalha no setor de telefonia. Ser a primeira brasileira a tomar a vacina de COVID-19 foi uma emoção muito grande e orgulho de fazer parte dessa história. Eu estava de plantão no Emílio Ribas e por volta de 12h30, a direção me ligou falando que eu seria a primeira vacinada. Até agora está tudo tranquilo, no dia eu não senti nada e nem depois. Então, não mudou nada em relação ao meu estado de saúde, não tive nenhuma reação adversa. A minha expectativa agora é que a gente consiga alcançar o máximo de pessoas imunizadas para retomar nossa vida. A gente está preso ao vírus. Como pode se livrar? Com a imunização, não tem outra saída.”
>> Mônica Calazans, de 54 anos, enfermeira, primeira brasileira vacinada na abertura da campanha nacional de imunização
"Tenho ouvido falar muito sobre a pandemia. Fico preocupada não só com minha vida, mas com a de todas as pessoas ao redor. Moro aqui no asilo, em Itatiaiuçu, estou protegida, mas a vacina nos dará mais tranquilidade. Tomei a primeira dose e agora aguardo com ansiedade a segunda. Tenho muita fé em Deus e sei que a segunda dose virá. Não senti nada de ruim, passei muito bem depois da injeção: só tenho gratidão a dizer e coisa boa no coração. E estou com meu cartão de vacina em dia! Acho que o mais importante, neste momento, é evitar (a contaminação). Sempre sigo os ensinamentos de Deus: Faça sua parte que eu te ajudarei. Então, estou fazendo o que eu posso, que é ser vacinada. Peço a Deus que ajude todo mundo, tome conta de todos e que essa vacina, em nome de Jesus, venha nos curar."
>> Sebastiana Maria de Souza, de 68 anos, acolhida na Instituição de Longa Permanência para Idosos Santa Luísa de Marillac, em Itatiaiuçu, na Grande BH