Jornal Estado de Minas

TRATAMENTO PRECOCE

Betim dá remédio homeopático para COVID-19 a idosos e pessoal da saúde

A prefeitura de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), está oferecendo à população um medicamento homeopático como forma de tratamento precoce para a COVID-19. O uso de glóbulos do Phosphorus, com a dinamização CH31, está sendo disponibilizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para idosos e profissionais da saúde. 
 
Segundo comunicado da prefeitura, tal medicamento “tem potencial para amenizar os sintomas da COVID-19, contribuindo para a redução das formas graves da doença e da necessidade de internação”. 




 
De acordo com a profissional em referência técnica das Práticas Integrativas e Complementares (PICs), Camila Campos, desde maio de 2020, a rede SUS-Betim ofereceu o medicamento Phosphorus CH30 às pessoas que faziam parte do grupo de risco da pandemia. “Agora, a distribuição do Phosphorus CH31 vai priorizar os trabalhadores das unidades públicas de saúde, por estarem mais expostos à contaminação pelo coronavírus e às pessoas acima de 60 anos, por ser a parcela com maior risco de complicações pela COVID-19”, afirma.
 
“Cada idoso receberá um sachê com cinco glóbulos. Ele deverá tomar um glóbulo e distribuir os outros quatro para os familiares que moram em sua residência. A indicação é que cada pessoa receba uma dose única, não devendo tomar mais de um glóbulo”, explica a profissional da PIC´s.
 
A distribuição do medicamento faz parte do Plano de Enfrentamento Municipal da COVID-19 no município e, segundo o comunicado, “contribui para a recuperação, a prevenção e a promoção da saúde da população”. O texto orienta que para o idoso receber, basta comparecer à sua UBS de referência com um documento de identificação. Para os servidores da saúde, a distribuição ocorrerá internamente, em cada unidade. 




 
O presidente da Associação Médica Homeopática de Minas Gerais, João Márcio Berto, explica como é a atuação da homeopatia. “No caso da epidemia em grandes populações você pode lançar mão de dar o remédio antes. A COVID não tem tratamento definido comprovado. Você não vai tratar a COVID mas a pessoa com sintoma. O conceito é muito diferente do que estamos acostumados na medicina”. 
 
Ele pontua que a homeopatia atua para amenizar os sintomas. “No caso da epidemia, que é uma infecção que costuma adoecer pessoas de forma semelhante, considera-se, que o conjunto dos sintomas mais comuns que as pessoas apresentam seja ‘gênio epidêmico’ e, a partir disso, consegue-se achar um remédio para tais sintomas”, explica o médico. 
 
“No tratamento homeopático a gente vai atuar não no vírus, mas na reação da pessoa. Quando a gente dá o remédio para alguém que não teve a doença ainda, estou buscando preparar o corpo. Porque se o corpo já recebeu a informação daqueles sintomas pelo remédio homeopático, quando chegar o vírus ele já vai estar preparado para reagir” explica doutor João que cita, ainda, que a homeopatia já foi usada em diversas epidemias ao longo da história, inclusive a da Dengue.   
 

Tratamento precoce não é comprovado cientificamente


O Infectologista e professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, Dirceu Greco, alerta que não tem sentido receitar um medicamento sem comprovação de eficácia.  
 
“Até hoje não tem nenhum medicamento que passou por um crivo científico que tenha se mostrado eficaz em qualquer das fases da COVID-19. Exceto a dexametazona, um corticoide que tem efeito sobre mortalidade em pacientes muito graves internados”, ressalta Dirceu que pontua, ainda, uma questão ética que envolve o assunto.  
 
“Não tem nenhum sentido indicar, distribuir, receitar qualquer medicamento na expectativa de prevenir a infecção pelo novo coronavírus. Quem o faz vai contra os cânones da ética e medicamentos em geral podem causar efeitos colaterais. E há um outro problema que é dar uma falsa sensação de segurança aos que tomam”, pontua Dirceu. 




 

Ivermectina comprada pela prefeitura já está vencida

 
Betim já se mostrou a favor do tratamento precoce contra a COVID-19 com outro medicamento, a ivermectina. Em junho de 2020, a prefeitura adquiriu um lote de 60 mil doses de ivermectina para distribuir à população. 
 
As cápsulas foram feitas em laboratório de manipulação e seriam distribuídas por servidores na rede pública amparados pelo decreto nº 42.197, de 15 de julho de 2020, assinado pelo prefeito Vittorio Medioli, que instituía o Programa Antiparasitário no município.
 
A ivermectina é indicada para tratamento de males causados por vermes ou parasitas, como sarna, lombriga e piolho. Mas é um dos medicamentos polêmicos quando o assunto é o tratamento precoce da COVID-19. Na época, alguns médicos e farmacêuticos foram contra a disponibilização desse medicamento, uma vez que, segundo infectologistas da cidade, não havia surto parasitário naquele momento que justificasse a distribuição. 
 
Logo após a aquisição desse medicamento, no dia 23 de julho de 2020, a Anvisa publicou uma resolução que autorizava o uso da  ivermectina apenas com o receituário médico de duas vias, com a primeira via sendo retida no estabelecimento, tornando, assim, a distribuição à população mais difícil. 




 
Segundo um farmacêutico efetivo da Rede SUS/Betim, que não quis se identificar, esse lote de ivermectina adquirido pela prefeitura já está com a data de validade vencida. “Essa medicação venceu no final de janeiro deste ano (2021). Por serem medicamentos feitos em laboratório de manipulação, a data de vencimento é menor. A ivermectina foi um desperdício de dinheiro público”, disse o farmacêutico. 
 

O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.



Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.



Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 

 
 

audima