Como um rapaz que nasceu entre as montanhas de Minas Gerais foi parar em um veleiro no Oceano Pacífico, no Equador, a cerca de 1 mil quilômetros da costa da América do Sul, com mais três tripulantes e com o plano de dar a volta ao mundo em 15 meses? A incógnita prevalece quando se descobre que, quando menino, ele não teve muitos vínculos com o mar e, como bom mineiro, ia à praia apenas uma vez ao ano, nas férias. Então, o que motivou o designer gráfico Bruno Barbosa, de 31 anos, a largar tudo em terras mineiras e ir se aventurar pelos oceanos?
Mar, três conhecidos e uma viagem de 22 mil milhas náuticas (cerca de 40 mil quilômetros).
%u2014 Estado de Minas (@em_com) February 9, 2021
Segue o fio para conhecer as aventuras do belo-horizontino que está dando a volta ao mundo em um veleiro. pic.twitter.com/m6hc5LcvkW
Talvez sejam os livros de Amyr Klink que Bruno leu ou os diversos documentários de famílias que vivem em embarcações que deram o “gatilho”.
No site, das 10 perguntas para a criação do perfil, todas as respostas foram “zero experiência”. Após três meses, um capitão inglês respondeu com “adorei a sinceridade” e o convidou a embarcar com eles, em 2018, em uma travessia do Atlântico Norte. Fato é que Bruno foi ficando cada vez mais interessado até que, um dia, fez seu cadastro na plataforma OceanCrewLink, que conecta capitães e tripulação, carinhosamente apelidado por ele de “Tinder de Veleiros”.
No site, das 10 perguntas para a criação do perfil, todas as respostas foram “zero experiência”. Após três meses, um capitão inglês respondeu com “adorei a sinceridade” e o convidou a embarcar com eles, em 2018, em uma travessia do Atlântico Norte.
No meio da viagem Bruno até questionou por que o escolheram, já que ele não tinha experiência. A resposta: a muher do capitão, que tem o apelido de Bee, sente uma forte conexão com a letra B. Também inglesa, o nome dela é Bárbara Bush e ela é de Bristol (contém 3 Bs). Além disso, o perfil do inexperiente rapaz chamou a atenção dela por estar escrito “Bruno Barbosa, do Brasil” (3Bs).
E como uma dessas histórias malucas que só se vê em filmes de aventura, Bruno conseguiu um lugar no Jubilate Mare, um veleiro de 15 metros, e fez a primeira viagem, passando no teste.
Agora o projeto é maior, e ele um pouco mais experiente. A volta ao mundo terá 22 mil milhas náuticas o equivalente a 40 mil quilômetros, percorrendo 21 países.
Começou em 9 de janeiro, em St. Lucia, um país ao Leste do Caribe. A previsão da chegada é no mesmo local, 15 meses depois.
Agora o projeto é maior, e ele um pouco mais experiente. A volta ao mundo terá 22 mil milhas náuticas o equivalente a 40 mil quilômetros, percorrendo 21 países.
Começou em 9 de janeiro, em St. Lucia, um país ao Leste do Caribe. A previsão da chegada é no mesmo local, 15 meses depois.
Nessa segunda-feira (8/2), eles partiram para as Ilhas Galápagos após travessar o Canal do Panamá. Sserá a maior “perna” da viagem, com duração de três semanas em alto-mar.
Eles estão participando do World Arc Rally, organizado pela World Cruising Club, uma competição amistosa em que o objetivo é, antes de competir, curtir a viagem e fazer amigos.
Em edições anteriores houve cerca de 30 embarcações, mas devido à Pandemia do novo coronavírus este ano há apenas cinco veleiros.
Em edições anteriores houve cerca de 30 embarcações, mas devido à Pandemia do novo coronavírus este ano há apenas cinco veleiros.
Dificuldades enfrentadas
Bruno conta que uma das maiores dificuldades da aventura foi convencer a família de que era seguro. “É cultural, é raro alguém velejar em Minas Gerais. Meu pai curte aventura e não achou tão ruim a ideia, mas a minha mãe ficou com muito medo. Acho que ela tinha certeza que eu ia ser preso ou morrer”.
A convivência com a tripulação, segundo Bruno, é tranquila, mas o idioma no início foi um fator que o preocupou: “A língua foi uma grande dificuldade, porque meu inglês já não era tão bom e com o sotaque britânico eu não entendia nada”.
O trajeto também trouxe alguns cuidados. “O que mais me assustou foi no caminho para Curaçao, quando estávamos nos aproximando da Venezuela. Em St. Lucia muita gente falou de incidentes que estão ocorrendo na Costa da Venezuela, de pirataria. Mas mantivemos uma boa distância da Costa, fizemos uma rota mais longa para não ficar muito perto”, relatou Bruno.
A rotina em um veleiro
Fugir do caos dos grandes centros urbanos e se conectar com a natureza é o que motiva o aventureiro Bruno.
“Velejar é muito prazeroso. É diferente de pegar um barco motorizado, em que você sente a turbulência, ouve muito barulho do motor. O mais legal é se desconectar. É uma experiência louca passar duas semanas no mar, totalmente off-line, e tentar se conectar com a natureza.”
Ele conta que, durante a travessia do Atlântico Norte, em 2018, só ficou sabendo da greve dos caminhoneiros que parou o Brasil, dias depois, ao chegar a uma ilha e ligar para a família.
“Velejar é muito prazeroso. É diferente de pegar um barco motorizado, em que você sente a turbulência, ouve muito barulho do motor. O mais legal é se desconectar. É uma experiência louca passar duas semanas no mar, totalmente off-line, e tentar se conectar com a natureza.”
Ele conta que, durante a travessia do Atlântico Norte, em 2018, só ficou sabendo da greve dos caminhoneiros que parou o Brasil, dias depois, ao chegar a uma ilha e ligar para a família.
Os veleiros, assim como o nome diz, são movidos à vela, porém contam com motor usado apenas para facilitar as manobras. Requer um cuidado a mais para pilotar, já que é necessário conhecimento sobre a direção do vento e regulagem das velas.
Bruno explica que a rotina de sono é diferente por ser necessário sempre ter alguém acordado.
“A gente se divide em turnos de três horas. A cada três horas, troca uma dupla que fica responsável pelo barco. A grande diferença é o sono, é esquisito dormir neste revezamento. Mas a rotina é tranquila, sobra tempo pra desenhar, fotografar, ler e escrever”, detalha Bruno, que conta uma inusitada característica do fogão.
Bruno explica que a rotina de sono é diferente por ser necessário sempre ter alguém acordado.
“A gente se divide em turnos de três horas. A cada três horas, troca uma dupla que fica responsável pelo barco. A grande diferença é o sono, é esquisito dormir neste revezamento. Mas a rotina é tranquila, sobra tempo pra desenhar, fotografar, ler e escrever”, detalha Bruno, que conta uma inusitada característica do fogão.
“O fogão tem um mecanismo em que ele não balança, a comida fica sempre no nível do mar. Então você pode deixar uma garrafa de vinho em cima do fogão que ela não vai cair. Mas é esquisito demais cozinhar quando o barco está balançando muito. Por isso a gente dá preferência para comidas fáceis, a grande maioria enlatada”.
Para acompanhar mais detalhes sobre a aventura, acesse a página que é mantida por Bruno, contando todos os detalhes.