Uma fruta de caroço amarelo e espinhento se tornou alvo de uma disputa acirrada entre goianos e mineiros no mundo político. A apresentação de um projeto de lei tornando a cidade de Montes Claros a "Capital do Pequi" levou à reação de quem é de Goiás, que quer o título para o estado.
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Título de 'capital nacional do pequi' gera disputa entre Minas e GoiásPerdida em mata, mulher sobrevive por 4 dias ao sair para catar pequis Homem é condenado a seis anos de prisão por roubar saco de pequi em MinasPresa à 'economia invisível', riqueza gerada pelo pequizeiro é subestimadaPequi: Minas, Goiás e Tocantins disputam patrimônio do 'ouro do cerrado''Briga do pequi' entre Minas e Goias é acirrada com novo projetoEm tom de brincadeira, Caiado disse ainda que acionou o deputado José Nelto (Podemos-GO) para mobilizar a bancada goiana no Congresso Nacional. "Já vamos fazer um acordo aqui: a gente deixa o'trem' e o pão de queijo pra vocês mineiros, e, em troca, ninguém mexe no nosso pequi. Combinado?", completou.
O pequi é o fruto do pequizeiro, uma árvore retorcida comum no cerrado. Esconde espinhos que podem ser perigosos e, por isso, seus caroços devem ser roídos com cuidado.
O projeto conferindo o título de "Capital do Pequi" a Montes Claros foi apresentado pelo deputado Marcelo Freitas (PSL-MG), que nasceu na cidade mineira. "Há quase 30 anos, fazemos em Montes Claros a Festa Nacional do Pequi, que é um fruto tradicional dessa região também. O objetivo não é simplesmente o título, mas buscar que a cidade possa receber aportes para fomentar o turismo e a cultura, e gerar emprego e renda", afirmou.
Ele disse não ter se importado com as brincadeiras do governador de Goiás e já espera a reação da bancada goiana. "Eles devem atuar na casa do povo para que o Congresso possa decidir. Temos que somar e valorizar um fruto que ano após ano serve como alimentação da população brasileira", completou.
Para o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Ailton Pereira, que estuda o pequi há mais de 20 anos, não é possível eleger uma "Capital do Pequi", porque o fruto tem mais de dez espécies encontradas "da Costa Rica ao Paraguai" e, além do cerrado, aparece no Brasil na Amazônia, no Sul e no Nordeste. "Seria temerário, uma vez que o pequi tem uma ocorrência bastante ampla e é muito apreciado por goianos, tocantinenses, cearenses e mineiros no norte de Minas", completou.
O consumo do produto, no entanto, pode se expandir para outros Estados onde é menos tradicional a partir de uma pesquisa de Pereira. Ele trabalha no desenvolvimento de uma espécie de pequi sem espinhos, o que facilitará a apreciação do fruto em regiões onde atualmente é menos tradicional. "Conheço muita gente que consome o caldo, mas não coloca o pequi na boca porque tem medo" lembrou Pereira.