Jornal Estado de Minas

DOSES ESCASSAS

Minas tem estoque para vacinação contra a COVID-19 só até março

Minas Gerais precisa de mais doses de vacina até 21 de março ou o estado pode ficar sem os imunizantes para a sequência de sua campanha de prevenção ao novo coronavírus (Sars-CoV-2). O total de doses despachadas pelo Ministério da Saúde para o estado foi de 1.171.180 até ontem, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Contudo, desde o momento em que as vacinas começaram a ser inoculadas, chegou-se a 342.152 aplicações de primeiras e 48.040 de segundas doses. Um ritmo de 19.510 administrações contra o vírus por dia que, se mantido, esgotaria o estoque mineiro em 38 dias.





O Brasil já recebeu 11,8 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19 e, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apresenta uma taxa de aplicação de 45,55%. Com isso, levaria mais 45 dias para o país consumir suas reservas, até 28 de março.
 
A esperança é que cheguem a Minas Gerais parte dos 9,6 milhões de doses previstas para serem entregues no próximo mês ao Ministério da Saúde. Não há data fechada para envio a Minas Gerais. Entre 15 e 19 de março, a Fiocruz promete um milhão de imunizantes e o Instituto Butantan outros 8,6 milhões até o fim do mês que vem. Até o momento, foram 9,8 milhões de doses da vacina CoronaVac produzidos e distribuídos para integrar o Programa Nacional de Imunizações (PNI) pelo Instituto Butantan em contrato com a chinesa Sinovac. Outros 2 milhões de vacinas Covishield, da Oxford/Astrazeneca foram importados da Índia. Esse insumo será fabricado pela Fiocruz.
 
Em Minas Gerais, para que uma das vacinas chegue a uma pessoa, ela deve ser entregue ao Ministério da Saúde pelo fabricante e despachada para o Centro Estadual de Rede de Frio de MG, depois enviada para cada uma das 28 regionais de Saúde do estado e só então vão para as secretarias de Saúde dos 853 municípios. Por isso, o ritmo de abastecimento depende da aquisição pelo Ministério da Saúde.




 
A SES-MG afirma seguir o Plano Nacional de Imunização (PNI). "Considerando as estimativas do Ministério da Saúde, com as doses recebidas até o momento pelo estado, a expectativa é que Minas Gerais imunize aproximadamente 73% dos trabalhadores de saúde e 100% do público dos outros grupos (no topo das prioridades): pessoas com 60 anos ou mais institucionalizadas; pessoas institucionalizadas, maiores de 18 anos, portadoras de deficiência, e população indígena aldeada, pessoas com 90 anos ou mais". A SES-MG salienta que os dados de vacinação são informados pelas secretarias municipais de Saúde, o que significa que seu balanço é um retrato da atualização desses números.
 
Especificamente sobre os idosos, grupo de risco para a doença, a SES informou que “foi necessário fazer um escalonamento". De acordo com a SES, a vacinação de idosos não institucionalizados ocorrerá quando houver doses disponíveis, na seguinte ordem: pessoas de 80 anos ou mais; de 75 a 79 anos; de 70 a 74 anos; 65 a 69 anos; e 60 a 64 anos.

Capital

Em Belo Horizonte, a prefeitura também conta com remessa de imunizantes pelo ministério ao estado para dar continuidade à imunização. "A prefeitura segue o cronograma nacional com os critérios definidos pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19, do Ministério da Saúde", informa a Secretaria Municipal de Saúde, por meio de nota. A vacinação de idosos a partir de 89 anos não institucionalizados começou na segunda-feira, após realização de cadastro. "É fundamental que novas remessas de vacinas continuem chegando a Belo Horizonte para que os públicos imunizados sejam ampliados cada vez mais", diz o texto.





Chegada de insumos

A reportagem do Estado de Minas procurou os laboratórios que produzem as duas vacinas já aprovadas para uso emergencial para saber quando o ministério voltará a ser abastecido e poderá enviar mais doses aos mineiros. Segundo o Instituto Butantan, um novo lote de doses começará a ser entregue no fim deste mês ao ministério. “Após a produção local, as vacinas passam por rigorosa inspeção de controle de qualidade antes da liberação para uso no Sistema Único de Saúde (SUS)”, informa o laboratório. Uma carga de 5,6 mil litros de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) chegou ao Aeroporto Internacional de Guarulhos ontem. O produto é necessário para fabricar os imunizantes CoronaVac e permite a produção de 8,7 milhões de doses.
 
“O Butantan também já solicitou nova remessa de 8 mil litros de IFA para a Sinovac. O objetivo é acelerar ainda mais a produção de novas vacinas na capital paulista. Também negocia com a parceira chinesa a liberação de 20 milhões de doses extras para garantir a vacinação de toda a população adulta do estado (de São Paulo)”, informou o Butantan.
 
Já a Fiocruz informou ter recebido no sábado o primeiro lote de IFA para a produção da vacina Oxford/Astrazeneca Fiocruz. “A remessa de 90 litros de IFA, armazenados a -550C, é suficiente para a produção de 2,8 milhões de doses, do total de 15 milhões a serem recebidos ainda este mês”, afirma a fundação, que frisa que o princípio da vacina não é o mesmo usado na CoronaVac.
 
“A partir do recebimento desses insumos, a Fiocruz tem previsão de entregar ao PNI do Ministério da Saúde, em março, 15 milhões de doses da vacina. A primeira entrega, com 1 milhão de doses, deverá ocorrer na semana de 15 a 19 de março. A Fiocruz vai escalonar sua produção ao longo dos primeiros meses para manter a meta de 100,4 milhões de doses até julho deste ano e 112,4 milhões ao fim de 2021”, afirma a fundação.




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