A Copa Valadares de Parapente, que começa neste sábado (13/2) e vai até segunda-feira (15/2), em Governador Valadares, terá a participação de um piloto que conta com a ajuda da tecnologia para voar. O carioca piloto Bruno Cardoso Menezes, que tem 100% de deficiência auditiva, é estreante em competições. E para driblar as dificuldades impostas pela surdez, ele lança mão de ferramentas como o WhatsApp.
Bruno é carioca, filho do também piloto Luiz Octavio, o Tavinho, um dos pioneiros em voos de parapente no Brasil – foi o primeiro a criar uma escola do esporte no país e já venceu uma etapa de competição em Valadares, na década 1990.
Além da expectativa de voar com pilotos experientes, Bruno terá pela frente o desafio da surdez. Para tanto, contará com o apoio de uma intérprete de Libras e vai usar equipamentos especiais.
“O maior desafio será a comunicação pelo rádio. Vou ter que encarar ainda o fato de pousar em um lugar remoto, sem sinal de celular, bem como a busca de um local seguro para ser resgatado”, disse.
Bruno se preparou para driblar as dificuldades: “Estou com uma ideia de deixar a tela do WhatsApp aberta durante o voo. Quando pousar, na pior das hipóteses, consegui emprestado um Spot, dispositivo de rastreamento via satélite, que me deixa mais seguro. É aquele famoso ditado do voo livre: quem tira, se vira”.
A surdez impede Bruno de ouvir o som do variômetro, aparelho usado pelos pilotos durante o voo – o equipamento apita quando eles estão subindo ou descendo.
Então, além da sensibilidade e da visão aguçada para encontrar as melhores referências, Bruno vai usar um protótipo de variômetro, como um relógio de pulso, que, em vez de apitar, emite vibrações.
Então, além da sensibilidade e da visão aguçada para encontrar as melhores referências, Bruno vai usar um protótipo de variômetro, como um relógio de pulso, que, em vez de apitar, emite vibrações.
“Quando comecei a voar, dei essa ideia a um amigo que também é piloto e técnico de informática. Ele fez o equipamento especialmente para mim, para que eu pudesse evoluir durante o voo. Esse projeto, com certeza, é o único que existe e tem muito potencial para ajudar outros pilotos com deficiência auditiva”, explicou.
Bruno diz que no Rio de Janeiro ele é o único piloto surdo. Acredita que há outros pelo Brasil: "Fiquei sabendo que tem mais pilotos surdos por aí. Inclusive um que é de Governador Valadares, e isso é muito legal. É bom ver a força de vontade de todos em voar. Para nós, não existem barreiras”.
Ajuda de intérprete
Jefferson Leal Silva, um dos organizadores da Copa Valadares de Parapente, comenta que a organização das provas já está preparada para receber Bruno da melhor forma.
Uma intérprete de Libras vai passar a ele as informações do Briefing, ainda na rampa, informando como vai ser a prova e os cuidados que deverá tomar.
Uma intérprete de Libras vai passar a ele as informações do Briefing, ainda na rampa, informando como vai ser a prova e os cuidados que deverá tomar.
"O Bruno tem alguns equipamentos bem específicos, como o rastreador de GPS. Vai voar com o WhatsApp o tempo todo ligado, para que a gente possa comunicar com ele por mensagens, mesmo em voo. Queremos inclusão total no sporte, independentemente da deficiência que o piloto possa ter”, disse Jefferson.
A competição em Valadares engloba a primeira etapa dos campeonatos Valadarense, Mineiro e Carioca de Parapente.
A competição em Valadares engloba a primeira etapa dos campeonatos Valadarense, Mineiro e Carioca de Parapente.