A cidade de Monte Carmelo, na Região do Triângulo Mineiro, passa por uma situação crítica quanto à pandemia de COVID-19. O prefeito Paulo Rocha (PSD) fez nesse domingo (14/02) um pronunciamento nas redes sociais em que aborda a falta de cilindros vazios de oxigênio para atender pacientes com o novo coronavírus. O Estado de Minas o procurou e conversou com o gestor municipal nesta segunda-feira (15/2), que abordou os problemas enfrentados recentemente.
O prefeito diz que a alta demanda fez com que o sistema de saúde entrasse em níveis críticos. A título de exemplo, segundo o chefe do Executivo, o número de mortes quase dobrou em 2021 em relação aos números desde março de 2020, no início da pandemia. O município tem 47.931 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1.793 casos de COVID-19 confirmados e 40 mortes pela doença.
Paulo Rocha credita esse aumento nos números às festas de fim de ano e relaxamento com o início do ano novo. Ele também detalhou as negociações para compra de novos cilindros vazios e afirmou que duas licitações já estão em análise. Veja, abaixo, a íntegra da entrevista com o prefeito.
Como foi esse aumento do número de pacientes e uso de oxigênio diário?
Na verdade, o consumo diário nosso de oxigênio é de quatro cilindros por dia. Hoje, agora, é 54 cilindros por dia, porque não esperávamos esse aumento do final do ano para cá. Um hospital municipal foi inaugurado no ano passado, tivemos que abrir oito leitos de UTI com urgência. Estamos com 16 agora, e específicos para COVID. Não estávamos preparados para esse aumento tão expoente. Em resumo, são agora 16 leitos de UTI e mais 31 de leitos de internação. Estamos na luta, pedimos aos governos ajuda, pois Monte Carmelo atende a si mesma e mais dez cidades.
E quem distribui cilindros de oxigênio para Monte Carmelo?
A gente faz licitação, a prefeitura faz, e conseguimos com uma distribuidora daqui de Monte Carmelo, mas ela compra da White Martins. O oxigênio em si não estamos sem não, friso isso, a questão são os cilindros, e só conseguimos através do distribuidor.
Então, é um único fornecedor?
Aqui, tem só esse, mas estamos em busca de outro, porque eles não têm mais. Hoje, já estamos correndo atrás, e, com essa repercussão, graças a Deus, já conseguimos fazer duas licitações. Esperamos finalizar em breve.
O caso de Monte Carmelo pode ser considerado isolado? Ou outras cidades do Triângulo correm o mesmo risco de ficar sem cilindros?
O aumento de casos é geral, só ver os números do governo. Em Uberlândia a ocupação está 100%, Araguari, Patrocínio até teve que fechar tudo. Está um caos geral aqui na região, e o governo está ciente disso. Não sei te falar se há essa possibilidade de outras regiões, mas a demanda geral aumentou muito.
O que o senhor acha que causou essa explosão de casos?
Foi a virada do ano. Deu aquela sensação da falsa segurança, virou o ano e acabou a doença, o anúncio da vacina relaxou também, mas hoje não temos essa certeza. Então, foram as festas, foi mais nesse sentido. Estamos muito próximos de Caldas Novas, em Goiás, cidade que recebe muitas pessoas da região, então no fim do ano muitas pessoas foram para Caldas Novas, viajaram para outros lugares, e nós estávamos alertando. E tem essa possibilidade de ter carregado a doença sem saber. Até 27 de janeiro, havia 18 mortes na cidade. Hoje, mais que o dobro. Os números de um mês equivalem a um ano, basicamente.
E qual foi o retorno do governo de Minas?
A Secretaria de Saúde prestou todo apoio necessário para transferência de pacientes para Divinópolis, Belo Horizonte e Pirapora. Nesse ponto das transferências, nada a dizer, e sobre os cilindros de oxigênio está faltando mesmo, muito em falta no mercado.
E quanto ao preço dos cilindros, houve mudança?
Os empresários daqui do ramo industrial ligaram para amigos, familiares, e conseguiram 60 cilindros por R$ 1.600 cada. De ontem para hoje, já vi até alguns que vendem e mudaram o preço para R$ 2.200, falando que era 30 por um valor e os outros 30 por outro valor.
E há perspectiva de melhora? Caso sim, a partir de quando?
Tem boa expectativa sim. Hoje, faz nove dias que só serviços essenciais funcionam, estamos proibindo tudo. Nossa expectativa é de dez a 14 dias para estabilizar. Hoje, temos 471 pacientes, mas outros 885 em quarentena em casa, que tiveram contato com o vírus e aguardam mais. A gente tem pedido para a população fazer sua parte, e vamos seguir com essa ideia.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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