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Estado de Minas ESPERANÇA

Mestre Conga: no 'carnaval sem carnaval', ícone da folia em BH é vacinado

Aos 94 anos, sambista da velha guarda do ritmo recebeu a primeira dose do imunizante da AstraZeneca


16/02/2021 19:22 - atualizado 16/02/2021 19:59

 

Vacinado contra o coronavírus, Mestre Conga, icônico sambista de BH, já mira a folia de 2022(foto: Euler Júnior/EM/D.A Press - 13/02/2009)
Vacinado contra o coronavírus, Mestre Conga, icônico sambista de BH, já mira a folia de 2022 (foto: Euler Júnior/EM/D.A Press - 13/02/2009)
Para aliviar o silêncio imposto pelo carnaval sem blocos, desfiles e festas, nada mais simbólico que vacinar um baluarte da folia. Foi o que aconteceu em Belo Horizonte nesta terça-feira de carnaval (16/02). Aos 94 anos, José Luiz Lourenço, o Mestre Conga, recebeu a primeira dose do imunizante antiCOVID-19. Com mais de 70 anos dedicados ao samba, ele marcou época ao fundar a Inconfidência Mineira, escola de samba que por muito tempo representou o Bairro Concórdia, na Região Nordeste da cidade, na passarela montada no centro da cidade.

Sem poder cantar em público ou participar das apresentações das escolas, restou a Mestre Conga comemorar a aplicação da vacina desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford.

“A alegria do sambista é passar na passarela. Por força maior, não pudemos participar desse grande evento”, lamenta. Apesar das restrições trazidas pela pandemia, o artista vislumbra dias melhores em breve. “Se Deus me der vida e saúde, estarei, com muito prazer, fazendo em dobro o que não pudemos fazer neste carnaval”, garante, em entrevista ao Estado de Minas.

O momento em que Mestre Conga recebeu a primeira dose do composto antiCOVID-19 foi registrado pelo portal Almanaque do Samba.


Mesmo com a idade avançada, Mestre Conga não deixa de pensar em retornar às rodas de samba quando houver condições sanitárias. “Não mando em mim. Quem manda em mim é a sociedade. Fico muito satisfeito ao ser perguntado sobre isso. Estou aqui à disposição, embora, com 94 anos, não esteja muito em condições de sair de casa”.

Ele foi vacinado em casa, no Bairro São Bernardo, na Região Norte de BH. A esposa, Nely Gregório Lourenço, de 97 anos, também recebeu a injeção. O icônico sambista celebra a imunização de seus contemporâneos e não esconde a alegria por ter sido imunizado em plena terça carnavalesca.

“Foi motivo de satisfação. Vejo com muita simpatia a atenção que as autoridades da saúde estão tendo com as pessoas idosas”, diz.

Do congado à Velha Guarda do Samba


José Luiz recebeu o apelido Conga por participar de um grupo de congado. Em 1948, foi eleito Cidadão do Samba pelos Diários Associados. A Inconfidência Mineira, fundada por ele em 1950, foi pentacampeã da cidade em parte da década seguinte.

Um dos fundadores da Velha Guarda do Samba de BH, que preserva a memória do ritmo na capital mineira, Mestre Conga lançou seu primeiro disco só em 2006, quando já era um andarilho da música.

A Inconfidência Mineira desfilou pela última vez em 2010. A agremiação era uma das principais forças da cidade quando o carnaval das escolas belo-horizontinas atingiu o ápice. Nos anos 1980, puxadores de escolas cariocas, como Aroldo Melodia, da União da Ilha, e Nêgo, da Unidos da Tijuca, chegaram a gravar os sambas de enredos feitos em terras mineiras.


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