As fortes chuvas que atingiram Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, provocaram o aumento em 4 metros do nível de uma represa em uma fazenda no Bairro Duque de Caixas. Além do risco de transbordamento, o rompimento de uma adutora da Copasa, segundo o Corpo de Bombeiros, aumentou o volume de água no Córrego Estiva, provocando a retirada de 72 moradores da Rua Varsóvia, à jusante do lago.
No fim da manhã, autoridades realizaram uma reunião para discutir as providências. Segundo o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), a lagoa em risco contém 23 mil metros cúbicos.
No fim da manhã, autoridades realizaram uma reunião para discutir as providências. Segundo o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), a lagoa em risco contém 23 mil metros cúbicos.
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Perigo de transbordamento de córrego deixa 70 desalojados em BetimApós aumento em volume de córrego, bombeiros vistoriam barragem em BetimCrimes e afogamentos caíram a menos da metade durante folia atípica em MGEles contam que ouviram um forte estrondo na noite de terça-feira (16/2) seguido de barulho de uma cachoeira. Simone Maria Silva, 36 anos, vendedora, disse que ao ouvir o barulho pegou a filha e saiu correndo pela rua. São cinco lagoas particulares que circundam o bairro na parte mais altas.
Corpo de Bombeiros e do Igam avaliaram os riscos já que os barrancos no entorno da lagoa estão cedendo.
Entre as famílias retiradas de suas casas, 27 passaram a noite abrigadas na Escola Municipal Maria da Penha Santos Almeida. Apenas um casal de idosos permanece no abrigo, informou o vice-diretor Leandro Medeiros.
O morador Gigliarde Marinho, 30 anos, corretor de imóveis, disse que as pessoas do bairro ficam sempre apreensivas em período chuvoso devido as lagoas no entorno. Disse também que mesmo com estiagem há mais de doze horas o volume e a água barrenta do córrego preocupam.
Sônia Aparecida Sena, de 42 anos, saiu de casa com os três filhos. Ela não quer ir para abrigo e disse "estar na rua". Ela conta que no ano passado foi removida após advertência da Defesa Civil, depois que fortes chuvas atingiram a região. À época, a casa apresentou trincas e rachaduras, mas foi autorizada a voltar. "Ontem (terça-feira) fomos avisados e saímos rapidamente, era noite e tudo escuro.
Hoje, ao retornar, percebi que as trincas aumentaram e houve deslocamento no piso da cozinha."
A moradora disse que uma casa vizinha, desabitada por estar condenada desde o ano passado, ameaça desabar e cair sobre sua residência. Ela colocou os filhos em casa de amigos e aguarda "socorro da assistência social da prefeitura" de Betim.
Talude comprometido
Em reunião no início da tarde entre o Igam, Copasa, Defesa Civil estadual e do município e a companhia de obras de Betim foi decidido que os moradores permanecessem fora de casa. De acordo com a tenente-coronel Gracielle, coordenadora-adjunta da Defesa Civil do estado, apesar de o nível da água ter baixado, há comprometimento do talude.
As equipes técnicas farão a retirada da água de forma gradativa, para não aumentar o volume no curso do córrego. Máquinas serão requisitadas pela prefeitura para drenagem.
"Durante o dia os técnicos fizeram melhor avaliação da situação da barragem e perceberam que a estiagem ajudou no rebaixamento do nível da água", disse a coronel. A força da água provocou o rompimento de uma adutora da Copasa, que precisou interromper o fornecimento de água para 7 mil famílias. Durante o dia funcionários da companhia estavam restabelecendo o abastecimento de forma gradativa.
A Defesa Civil orientou os moradores para que não retornem para suas casas e procurem os serviços de assistência social da prefeitura. Os técnicos do Igam avaliaram as demais lagoas próximas e estudam o comportamento de possível mancha de inundação, para estabelecer protocolos e procedimentos em casa de rompimento.
Gracielle adverte aos moradores que não confiem "na falsa impressão de normalidade", uma vez que é período chuvoso com previsãod e chuvas fortes na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com previsão para esta quarta-feira (17) de volumes entre 20 a 40 mm. "O solo ainda está com acúmulo de água e não sabemos como o talude poderá se comportar em caso de mais chuva."
A prefeitura de Betim informou que providencia o monitoramento intensivo da lagoa e aquisição do maquinário necessário para esgotamento da água pela Empresa de Construções, Obras, Serviços, Projetos, Transporte e Trânsito de Betim (ECOS), em parceria com a Copasa.
Serão intensificados patrulhamentos para segurança das residências pela Guarda Municipal e Polícia Militar, levantamento dos danos residenciais pela Defesa Civil, acompanhamento dos afetados pela equipe de Assistência Social.