Ao menos 11 colégios particulares da capital mineira amanheceram cobertos de flores fúnebres, que remetem à morte da educação. Estampado em faixas e cartazes, o recado é claro: “Volta as aulas já!”.
O movimento foi organizado por um grupo de pais de alunos, em repúdio ao que chamam de “negligência à infância e juventude”. Segundo os manifestantes, a ideia é pressionar as escolas para que elas cobrem da Prefeitura de Belo Horizonte a liberação para retorno imediato das aulas presenciais.
“Sabemos que a reabertura depende do poder público, que cassou o alvará dos colégios. Mas nós queremos que eles se posicionem, que se juntem a nós para exigir que o prefeito priorize a educação. É um absurdo que ele tenha liberado até música ao vivo nos bares, mas ainda não tenha uma data para retomar um serviço tão essencial como a escola”, protesta Andrea Ballesteros. Ela é mãe de uma menina de 10 anos matriculada no Colégio Loyola, no Bairro Cidade Jardim, Região Centro-Sul de BH.
“É importante lembrar que não queremos apenas o retorno das aulas no setor privado. Sabemos que, para os alunos das escolas públicas, a retomada é ainda mais urgente”, complementa a médica.
Para a arquiteta Christiane Kalab, mãe de uma aluna de 9 anos da mesma instituição, o dano provocado pelo longo período de suspensão das atividades é irreparável. “As crianças perderam a rotina, referências importantes, tiveram o vínculo com a escola estremecido. Queremos que o poder público priorize a educação e que as escolas nos ajudem nessa cobrança. Sabemos que elas já se prepararam para abrir as portas. Se tomarmos todos os cuidados, tenho certeza de que não vai haver problema", opina a manifestante.
O protesto ocorre às portas de ao menos 11 instituições de ensino: Maple Bear, Bernoulli, Loyola, Mangabeiras, Santo Tomás de Aquino, Santo Agostinho, São Paulo, Marista, Coleguium, Santo Antônio e Santa Doroteia.
O protesto ocorre às portas de ao menos 11 instituições de ensino: Maple Bear, Bernoulli, Loyola, Mangabeiras, Santo Tomás de Aquino, Santo Agostinho, São Paulo, Marista, Coleguium, Santo Antônio e Santa Doroteia.
O que diz a PBH
Em nota enviada à reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte sugeriu a possibilidade de retorno das aulas presenciais em março, desde que os principais indicadores da pandemia - ocupação de leitos e taxa de transmissão do novo coronavírus - se mantenham em patamares considerados seguros pelas autoridades sanitárias.
O planejamento da retomada chegou a ser esboçado pela Secretaria Municipal de Educação. Os estudantes seriam convocados em três fases: a primeira é focada nos alunos da educação infantil de 0 a 5 anos. Em seguida, viriam os alunos de 6 a 8 anos. A última faixa reintegrada seria a das crianças e adolescentes entre 9 a 14 anos.
'Chamamento irresponsável'
A pauta do movimento não parece alinhada à do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG). A presidente da instituição, Valéria Morato, avalia que o protesto representa um "grupo de crianças privilegiadas" e ignora os riscos impostos pelo atual cenário da pandemia.
"É um chamamento irresponsável. Cidades como Uberlândia, por exemplo, estão exportando pacientes por falta de leitos. Há hospitais mineiros sem oxigênio. E engana-se quem pensa que BH está à margem disso, pois o nosso sistema de saúde socorre outros municípios. Como vamos reabrir as portas diante dessa situação?", questiona a líder sindical.
"Nós lutamos pela ampliação mais ágil da imunização, de modo que os professores, que prestam um serviço essencial, sejam vacinados - de preferência, antes de assumirem as atividades presenciais", complementa a dirigente.