Jornal Estado de Minas

VACINAÇÃO

Recepcionistas e seguranças pressionam fila em Divinópolis e Valadares

Com pouco mais de 4,1 mil cadastros, 1,3 mil trabalhadores da saúde e de apoio, como recepcionistas de clínicas e seguranças, começaram a ser vacinados contra a COVID-19 em Divinópolis, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, no sábado (20/2).



Esse é o sexto grupo imunizado desde o início da campanha. Relatando casos de ameaça, a vice-prefeita Janete Aparecida (PSC) pediu à população, na sexta-feira, respeito ao cumprimento das prioridades e disse que o município segue o preconizado pelo Ministério da Saúde.

Os primeiros a serem vacinados foram os profissionais de saúde da linha de frente. Na sequência vieram os idosos que vivem em casas de longa permanência, as pessoas com mais de 18 anos com deficiência institucionalizadas, quem tem 90 anos ou mais e, por fim, os agentes funerários.

Atendendo à norma técnica da Secretaria de Estado de Saúde (SES), 6% da última remessa foi reservado para os trabalhadores que não atuam diretamente com o novo coronavírus, mas desempenham atividades em instituições de saúde.





O vacinômetro divulgado na sexta-feira (19/2) pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) aponta 8.493 doses aplicadas desde o início da campanha de vacinação. Deste total, 7.276 foram em profissionais da linha de frente, incluindo as 2.883 segundas doses.

Também foram imunizados 550 idosos institucionalizados e 14 pessoas com deficiência. Outros 653 idosos com 90 anos ou mais já foram vacinados. O município não divulgou quantos foram os agentes funerários imunizados.

Por enquanto, não há previsão de quais serão os próximos grupos a receber a dose do imunizante. Embora tenha divulgado um cronograma dividindo em etapas os idosos por idade, o município aguardará a recomendação com o próximo lote, ainda sem data para ser entregue.



“Tem gente que fala: é um absurdo vocês terem deixado a vacina dos idosos de lado para iniciar a dos trabalhadores em saúde. Não somos nós que determinamos”, declarou a vice-prefeita.

Preferindo o termo “trabalhadores” em vez de “profissionais” para estabelecer o novo grupo prioritário, Janete disse que será seguida a ordem de cadastro. Cada pessoa precisou se inscrever pelo site da prefeitura para garantir uma das doses disponíveis. Os 1,3 mil primeiros inscritos serão vacinados no sistema drive-thru até amanhã (23/2).

Os 2.815 restantes deverão aguardar a convocação da prefeitura, ainda sem data, já que não há doses para mais uma etapa. “A gente entende que tem menos aglomeração, menos possibilidade de contato e é mais seguro para os trabalhadores que estão sendo imunizados”, explicou o secretário de saúde, Alan Rodrigo Silva sobre o drive-thru.

Cada cadastrado recebeu a informação do dia e horário da imunização. Ao chegar no Centro Administrativo, as pessoas vão passar por uma triagem primária. Os documentos exigidos, como o comprovante de que o profissional está trabalhando, deverão ser apresentados.



Um dos critérios é que o trabalhador esteja na ativa, não basta ter apenas a formação na área da saúde. Caso seja comprovado o vínculo de trabalho, ele será liberado para ser vacinado.

A modalidade de drive-thru foi definida após receio de tumulto nas portas das unidades de saúde, já que o número de trabalhadores supera a de doses disponíveis. O secretário ainda alegou mais segurança relatando casos de ameaça contra as equipes. “A nossa equipe tem sido frequentemente assediada durante a vacinação por profissionais que não estão enquadrados e tentam furar a fila”, relatou.

As pressões também se estendem ao secretário. Pedidos para furar a fila são feitos ao prefeito Gleidson Azevedo (PSC) e à vice. “As pessoas ligam no meu telefone e no do prefeito pedindo para que a gente dê um jeitinho (...). Jeitinho não vai existir. Aqui não tem amizade com o rei”, disparou Janete. Ela ainda pediu que a população ajude a respeitar a ordem de prioridades. “Quando a pessoa tenta burlar, está prejudicando todo o processo”, alertou.

Outra medida adotada para assegurar o cumprimento do Plano Nacional de Imunização é o envio da listagem dos vacinados com local de trabalho e idade ao Ministério Público. “Até o momento, o Ministério Público não provocou o município para judicialização para expor esses dados. A gente entende então que o processo está robusto, transparente no sentido da legalidade”, analisou.





Valadares

Na cidade-polo do Leste de Minas, depois de um tumulto na porta da Policlínica Municipal, em 10 de fevereiro, quando vários profissionais de saúde tentaram tomar a vacina contra a COVID-19, o promotor de Justiça Randal Biachini pediu esclarecimentos à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) sobre quem são, de fato, os grupos prioritários.

A resposta da secretária municipal de Saúde, Caroline Sangali, é a mesma dada por outros municípios: “A vacinação adota todos os critérios determinados pelo Ministério da Saúde no que diz respeito à ordem dos grupos prioritários que foram imunizados até o momento na cidade". 

Educadores físicos na frente de nonagenários


A polêmica referente a grupo prioritário para a vacinação contra a COVID-19 ganhou ares de revolta nas redes sociais de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Isso porque, antes dos idosos, profissionais de educação física e funcionários de farmácias foram vacinados. Não faltou quem questionasse a legalidade da decisão.





De acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura, antes de chegar a esse grupo, as doses foram direcionadas a todos os profissionais de saúde que atuam nos hospitais, com base na Deliberação 3.319 do governo do estado, com diretrizes do Programa Nacional de Imunização. 

Os primeiros a receber a vacina em Sabará foram os profissionais dos hospitais e Unidades Básicas de Saúde. Ao todo, 850 doses foram distribuídas no município. Após esses profissionais, o segundo grupo causou a polêmica das academias e farmácias. O terceiro grupo é de idosos acima de 90 anos. Eles ainda seguem sendo imunizados. Para este grupo, foram destinadas 534 doses.

Em Pedro Leopoldo, na RMBH, todos os trabalhadores da linha de frente contra a COVID-19 já foram vacinados. Também receberam doses trabalhadores das unidades básicas de saúde (UBS), as equipes de vacinação que estão atuando na campanha e os profissionais da saúde do setor privado.



Segundo a coordenadora da Divisão em Saúde de Pedro Leopoldo, Rachel Leopoldo Lage, essa sequência segue as normas estabelecidas pelas diretrizes da nota técnica Nº 2 da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

Ao mesmo tempo, foram imunizados idosos com idade igual ou superior a 60 anos residentes em instituições de longa permanência. De acordo com a Secretaria de Saúde, no dia 12, 84% dos idosos com 90 anos ou mais que não estão institucionalizados também tomaram a primeira dose.

Pedro Leopoldo recebeu 2.148, que foram divididas em 1.231 para profissionais da saúde; 23 para idosos institucionalizados e 270 para idosos com 90 anos ou mais.

“Não adianta vacinar os idosos se não tiver força de trabalho saudável para trabalhar com eles. Os educadores físicos, por exemplo, podem atender pacientes com comorbidades como diabetes, com problemas cardiovasculares”, explica.



 Essa compreensão, segundo a coordenadora, do que é um profissional da saúde fica meio abstrata quando vai chegando no final da estratificação da nota técnica do governo, mas em nenhum momento um idoso deixou de ser vacinado para que alguém da saúde recebesse o imunizante, afirma.

“Como estamos em um início da vacinação, com quantidade reduzida de doses enviadas, com mudanças de regras acontecendo no meio do caminho, vejo que a população deve estar atenta a quem está sendo vacinado, cobrar e denunciar no Ministério Público. Aqui em Pedro Leopoldo estamos seguindo o cronograma, afirma”. Ainda segundo a coordenadora, as próximas doses que chegarem serão destinadas inteiramente aos idosos.

Betim, também na RMBH, recebeu 13.982 doses da vacina contra a COVID-19, quantitativo muito abaixo da expectativa, o que levou o município a estratificar os grupos prioritários. Até o momento foram vacinados trabalhadores da saúde; idosos institucionalizados e profissionais das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs); pessoas com deficiência, acima de 18 anos, moradoras em residências inclusivas; e maiores de 90 anos.



Plano em seis fases, sem datas definidas

O plano de vacinação contra a COVID-19 de Uberaba, no Triângulo Mineiro, foi dividido em seis fases, de acordo com o grupo prioritário estabelecido pelo Ministério da Saúde, mas, por ora, não há data específica para cada um, já que o calendário depende da disponibilização de doses. E a administração municipal avisa que pode haver alterações na ordem. A cidade está na segunda fase da campanha: foram vacinados parte dos idosos acima dos 90 anos não institucionalizados e dos profissionais da saúde e, na sexta-feira (19/2), começou a imunização das pessoas acima dos 87 anos que não vivem em asilos. Ao todo, conforme a Secretária Municipal de Saúde, foram aplicadas mais de 13 mil doses de vacina em Uberaba. 

Ainda de acordo com a Secretária Municipal de Saúde, na fase 1, a vacinação foi voltada para os profissionais da saúde (incluindo socorristas), idosos institucionalizados, maiores de 18 anos institucionalizados (residências inclusivas) e povos indígenas. Na fase 2, a meta é vacinar todas as faixas de idosos, divididas em:  acima de 90 anos; acima de 80; de 75 a 79; de 65 a 69; e, por fim, de 60 a 64.

A vacinação de idosos a partir de 87 anos, iniciada na sexta-feira (19/2), ocorre no sistema drive-thru, em dois postos de vacinação: Funel e ABCZ, exclusivos para a imunização desse público. Já a aplicação da 2ª dose para os profissionais de saúde, ainda segundo informações da Secretária de Saúde de Uberaba, será retomada a partir desta segunda-feira (22/2).



 Segundo o último levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, divulgado na quinta-feira (18/2), foram aplicadas 13.024 doses de vacinas.

Foco na saúde

A maior parte dos 12 mil pessoas vacinadas contra a COVID-19 em Uberlândia, também no Triângulo Mineiro, é de trabalhadores de saúde, grupo que já foi estendido para além do daqueles com contato direto com pacientes COVID-19. Os critérios para a escolha de quem vai receber as doses incluem o setor de trabalho, ordem de cadastro e quantidade de doses.

Segundo informações da prefeitura de Uberlândia, após a aplicação da primeira dose a todos os profissionais da saúde na linha de frente de UTI, assim que chegaram novas doses de imunizantes, foram chamados demais trabalhadores desse setor com maior risco de contágio, mas não de contato direto. Isso inclui grupos como dentistas e fisioterapeutas de unidades de saúde da cidade.

A prefeitura ainda informou que a vacinação independe se o trabalhador atua na rede pública ou privada. Parte das doses foram para idosos com mais de 87 anos. Uberlândia distribuiu 12.075 primeiras doses até o momento e outras 4.818 segundas doses.

Varginha

Os idosos com 89 anos estão na ordem de vacinação contra a COVID-19 em Varginha, no Sul de Minas. A imunização desse público começou na tarde de quinta-feira (18/2), na Policlínica Central. A prefeitura vacinou 366 idosos com 90 anos ou mais. A prefeitura ainda vacinou 3.365 profissionais da saúde na primeira dose e 1.018 na segunda.




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