Ruas obstruídas, pontes condenadas, carros arrastados, casas inundadas e quase todas as construções atingidas. A tempestade que matou seis pessoas e arrasou Santa Maria de Itabira, na Região Central de Minas, mobilizou praticamente todos os 10,8 mil habitantes e agentes dos órgãos de defesa civil, nesta segunda-feira (22/2), para que os serviços básicos fossem restabelecidos e mais de 160 desabrigados e desalojados tivessem comida, roupas e agasalhos.
A destruição está por toda parte. A prefeitura faz apelo por recebimento de doações para alimentar quem perdeu tudo, pois os estoques estão perto do fim.
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Morreram no desastre uma criança de 5 anos, um pai e suas duas filhas, um homem de 36 anos e uma mulher de 49 anos. De acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG) as mortes ocorreram em três casas no Bairro Poção – onde o corpo da criança de 5 anos, que estava desaparecida, foi encontrado – e na zona rural da cidade.
Até o momento, foram contabilizados 129 desalojados que foram para casas de parentes e 32 pessoas que perderam suas habitações. Cerca de 500 casas foram afetadas.
Até o momento, foram contabilizados 129 desalojados que foram para casas de parentes e 32 pessoas que perderam suas habitações. Cerca de 500 casas foram afetadas.
Situação crítica
“A situação do município é muito crítica. A Cedec-MG disponibilizou colchões e mantimentos para atender a essa população e ajudou a estruturar abrigos. Temos equipes em campo formando uma força-tarefa com a defesa civil municipal e bombeiros para assistir essas famílias. Os serviços essenciais já estão operando, mas na madrugada estávamos sem luz e telefone”, afirma o superintendente de gestão de desastres da Cedec-MG, major Eduardo Lopes.
No Bairro Poção, os bombeiros levaram todo o domingo e a manhã desta segunda-feira só para conseguir remover a lama e os detritos que soterraram a casa da criança que foi encontrada no início da tarde desta segunda (22).
“É um trabalho complexo, pois o local é estreito e não permite que muitos militares operem simultaneamente. Depois que removemos a lama e chegamos ao quarto da criança, foi feito um trabalho de desmanche hidráulico (utilização de água pressurizada para remover a lama acumulada). Na casa onde foram retirados os corpos de um pai e duas filhas o trabalho avançou pela madrugada”, conta o comandante dos batalhões especializados do CBMMG, tenente-coronel Alysson Malta.
“É um trabalho complexo, pois o local é estreito e não permite que muitos militares operem simultaneamente. Depois que removemos a lama e chegamos ao quarto da criança, foi feito um trabalho de desmanche hidráulico (utilização de água pressurizada para remover a lama acumulada). Na casa onde foram retirados os corpos de um pai e duas filhas o trabalho avançou pela madrugada”, conta o comandante dos batalhões especializados do CBMMG, tenente-coronel Alysson Malta.
'Filme de terror'
Enquanto os militares vasculham os escombros, quem perdeu tudo vaga pela cidade atrás de mantimentos. Vanilda Ferreira da Silva, de 39 anos, perdeu a casa em que vivia no Bairro Lambari.
“Eu, minhas duas filhas de 20 e 16 anos e meu marido estávamos dormindo. Aí, de madrugada, o cachorro começou a latir e aquilo me acordou. Quando acordei, a água já estava no joelho. Só pegamos os documentos, porque assim que saímos em casa já estava tampada de água. Fui para a casa da minha mãe. Foi desesperador. Uma cena de filme de terror", conta.
O drama vivido pela família é grande. "Peço a Deus força para reconstruir o que perdemos. Busquei mantimentos, mas estamos com pouca roupa e a demora de atendimento para as doações também complica. O pior foi ter perdido os medicamentos de pressão e diabetes. Estou sem tomar meus remédios desde ontem”, acrescenta Vanilda.
“Eu, minhas duas filhas de 20 e 16 anos e meu marido estávamos dormindo. Aí, de madrugada, o cachorro começou a latir e aquilo me acordou. Quando acordei, a água já estava no joelho. Só pegamos os documentos, porque assim que saímos em casa já estava tampada de água. Fui para a casa da minha mãe. Foi desesperador. Uma cena de filme de terror", conta.
O drama vivido pela família é grande. "Peço a Deus força para reconstruir o que perdemos. Busquei mantimentos, mas estamos com pouca roupa e a demora de atendimento para as doações também complica. O pior foi ter perdido os medicamentos de pressão e diabetes. Estou sem tomar meus remédios desde ontem”, acrescenta Vanilda.
Caminho bloqueado
O rastro de devastação em Santa Maria de Itabira já é visível a poucos quilômetros antes do perímetro urbano. A MG-120, que faz o principal acesso ao município, tem vários pontos de barreiras que cederam e precisaram ser removidas.
Grandes porções de lama se desprenderam dos barrancos levando consigo cercas de fazendas, pastos, pequenas plantações e árvores.
Os montes que interditavam diversos pontos da estrada foram removidos para liberar a via, mas o calor forte secou a lama e transformou ruas e avenidas em caminho de terra e pó, que se ergue em nuvens densas à passagem rápida de carros e caminhões, trazendo risco de acidentes por prejudicar a visibilidade dos motoristas.
Grandes porções de lama se desprenderam dos barrancos levando consigo cercas de fazendas, pastos, pequenas plantações e árvores.
Os montes que interditavam diversos pontos da estrada foram removidos para liberar a via, mas o calor forte secou a lama e transformou ruas e avenidas em caminho de terra e pó, que se ergue em nuvens densas à passagem rápida de carros e caminhões, trazendo risco de acidentes por prejudicar a visibilidade dos motoristas.
Máquinas da prefeitura estão ainda mobilizadas para remover as barreiras. Um trator e uma pá carregadeira enchiam caminhões com o barro e os detritos dessas barreiras, obrigando o tráfego a ser interrompido a cada manobra.
Mesmo dentro da cidade, há pontos onde os deslizamentos bloquearam parte das vias urbanas.
“Várias barreiras caíram e chegaram a interromper os acessos à cidade. Mobilizamos maquinário do município, do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER-MG) e empresas parceiras para fazer essas liberações. Recuperamos os serviços de água, internet e eletricidade. Estamos contando com a limpeza da cidade para trazer de volta a tranquilidade ao município”, disse o comandante de desastres da Cedec-MG.
Mesmo dentro da cidade, há pontos onde os deslizamentos bloquearam parte das vias urbanas.
“Várias barreiras caíram e chegaram a interromper os acessos à cidade. Mobilizamos maquinário do município, do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER-MG) e empresas parceiras para fazer essas liberações. Recuperamos os serviços de água, internet e eletricidade. Estamos contando com a limpeza da cidade para trazer de volta a tranquilidade ao município”, disse o comandante de desastres da Cedec-MG.
Praticamente todas as ruas foram atingidas pelos deslizamentos e cheias. As galochas se tornaram uma peça de vestuário imprescindível para os habitantes de Santa Maria de Itabira, uma vez que há ruas com mais de dois palmos de lama e é preciso remover o barro que se acumula em ruas, quintais, garagens e jardins de casas próximas.
Lama e destruição
O comerciante Osório José Duarte, de 58 anos, ajudava a remover a lama que invadiu e destruiu a casa da sua sogra.
“O prejuízo foi muito grande, principalmente para o pessoal carente e classe média. Todos estamos sofrendo. Nunca tinha acontecido algo assim. Em 1979, teve uma enchente grave, mas esta foi surpreendente. Minha sogra perdeu praticamente tudo que tinha dentro da casa dela”.
“O prejuízo foi muito grande, principalmente para o pessoal carente e classe média. Todos estamos sofrendo. Nunca tinha acontecido algo assim. Em 1979, teve uma enchente grave, mas esta foi surpreendente. Minha sogra perdeu praticamente tudo que tinha dentro da casa dela”.
A escola municipal Trajano Procópio e o Centro Cultural Professor Alberto Sampaio estão recebendo desabrigados e se transformaram em pontos para a distribuição de alimentos, água e mantimentos que já se encontram no fim.
“Nossos estoques estão acabando. Contamos com as doações para alimentar os atingidos. Precisamos de alimentos, arroz, feijão, açúcar, óleo, tempero, sal, fraldas, o que for possível nos enviar com urgência”, disse a funcionária pública Maria Zélia Fernandes Gomes, que está organizando o auxílio humanitário pela prefeitura.
“Nossos estoques estão acabando. Contamos com as doações para alimentar os atingidos. Precisamos de alimentos, arroz, feijão, açúcar, óleo, tempero, sal, fraldas, o que for possível nos enviar com urgência”, disse a funcionária pública Maria Zélia Fernandes Gomes, que está organizando o auxílio humanitário pela prefeitura.
Segundo a secretária municipal de Educação de Santa Maria de Itabira, Renata Duarte Tomás, as comunidades de Morro Queimado e Chácara Oriente precisam de água, e há muitas pessoas isoladas nesses locais.
"Precisamos formar kits de alimentos e mantimentos para enviar para essas pessoas que se encontram desesperadas”, disse.
"Precisamos formar kits de alimentos e mantimentos para enviar para essas pessoas que se encontram desesperadas”, disse.