Um protesto organizado nesta terça-feira (23/02) reuniu ao menos 80 pessoas em frente à Fundação Ezequiel Dias (Funed), no Bairro Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte. Os manifestantes cobraram mais investimentos do estado na ciência, além de um plano para que a instituição comece a produzir imunizantes contra a COVID-19.
Leia Mais
Governo de MG perdeu vacina chinesa após gafe diplomática e 'diálogo lento'No atual ritmo de vacinação, MG pode dobrar mortes por COVID-19 em um anoBH registra primeiro caso de COVID-19 em animal, diz pesquisa da UFMGProfessores protestam contra volta às aulas em BHCOVID-19: Ipatinga inclui professores no grupo prioritário de vacinaçãoSTF autoriza estados e municípios a comprar vacinaCOVID-19: com 5.386 casos em 24 horas, transmissão segue em alta em MinasCom apoio de intérprete de Libras, parto de gestante surda emociona em MG“Os argumentos apresentados pelo governo até o momento para justificar o fato de a Funed não produzir vacinas não convencem. Potencializar a fundação para que ela possa produzir vacinas e ajudar a por fim à crise sanitária enfrentada por Minas e pelo Brasil deveria ser prioridade máxima da gestão, mas claramente não é”, diz Beatriz Cerqueira, deputada da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
“A verdade é que a secretaria de Saúde optou por ficar à mercê do plano de vacinação do Ministério da Saúde, que é um plano para a morte. Nossa intenção é pressionar o governo a sair dessa inércia para priorizar a vida das pessoas”, completou a parlamentar.
O vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde, Éderson Alves comparou o desempenho de Minas com o de outros estados na corrida pela vacina. “Temos uma fundação do porte da Funed com potencial totalmente desperdiçado em plena pandemia. Além disso, não temos sequer um acordo para compra de imunizantes. Enquanto isso, governos como o da Bahia fecham parcerias com a Rússia para recebimento de milhões de doses da Sputinik V. É lamentável”, afirmou o dirigente.
Posição do estado
Procurada pelo Estado de Minas, Funed disse que o estado tem "atuado ativamente" para viabilizar a produção de uma vacina contra a COVID-19.
"Em conjunto com a Secretaria de Estado de Minas Gerais (SES-MG), estão em andamento discussões que viabilizem a produção de uma vacina de segunda e terceira geração, que, embora sejam desenvolvidas de forma menos imediata, tenham o potencial de serem mais específicas, com maior atividade e aplicáveis a diferentes perfis", diz a nota enviada à reportagem.
O texto ressalta, porém, que a fabricação do novo produto biológico demandará a estruturação da planta fabril da Funed - no momento, adaptado apenas para a produção da vacina contra meningite C.
Abaixo-assinado
Segundo Éderson Alves, além do protesto, o grupo de manifestantes lançou também um abaixo-assinado virtual, direcionado ao Executivo estadual, ao presidente da ALMG e ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Até a manhã desta terça-feira (23/02), o documento reunia 12,8 mil assinaturas.
"Minas Gerais, por decisão de seu Executivo, segue a trilha caótica que se vê no nível federal de governo, na expectativa de algum milagre que supra a demanda de cobertura vacinal de, pelo menos, 70% de nossa população em 2021. (...) É por isso que se torna inadmissível a omissão das autoridades governamentais mineiras na preparação da Fundação Ezequiel Dias (Funed/MG) para atender demandas nacionais", critica a petição, cuja entrega deve ocorrer na semana que vem.
Acordo fracassado
O governo de Minas chegou esboçar uma parceria para compra e produção de vacinas contra a COVID-19 com o laboratório chinês Sinopharm em agosto de 2020.
As negociações, conforme revelou o Estado de Minas, foram canceladas pela farmacêutica após uma gafe diplomática cometida pelo Executivo. Os chineses também alegaram falta de agilidade do poder público nas tratativas.