Uma tartaruga-tigre-d'água foi encontrada com ferimentos graves no casco próximo à orla da Lagoa Central, em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na manhã dessa segunda-feira (23/2).
De acordo com o 4° Pelotão de Polícia Militar de Meio Ambiente de Lagoa Santa, moradores que passaram pelo local encontraram o quelônio ferido e entregaram o animal na sede, que fica aproximadamente a 500 metros e, ao socorrê-lo, a suspeita inicial foi de mordida de jacaré.
Segundo a Polícia Militar de Meio Ambiente, o animal estava com o casco completamente estraçalhado, com órgãos aparentes e quando esse tipo de ocorrência acontece, os animais são transportados para a sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Belo Horizonte. Nesse caso, o transporte não aconteceu e o tigre d'agua morreu devido aos ferimentos.
A notícia se espalhou nas redes sociais da cidade e muitos moradores suspeitaram de que o jacaré-de-papo-amarelo que mora na lagoa, conhecido com Alfredo, seria o causador da morte dele. Outros moradores, devido ao fato, temem que o jacaré ataque pessoas e pedem a saída do animal silvestre de seu habitat.
Outros moradores, nas redes sociais, defendiam a permanência e inocência de Alfredo, afirmando que a tartaruga-tigre-d'água faz parte da cadeia alimentar do réptil. “É lógico que o jacaré vai comer o animal, faz parte da alimentação dele. Na lagoa tem peixe, capivara, tigres d'agua e vocês acham mesmo que ele vai querer carne humana? É só não mexer com ele”, indagou uma moradora.
Alfredo foi inocentado
A Polícia Militar de Meio Ambiente acredita que a causa da morte do quelônio não foi devido às moridas, mas por atropelamento. Tartaruga-tigre-d'água, uma espécie de cágado, são considerados semiaquáticos, animais que realizam parte de suas atividades dentro da água e parte de suas atividades fora da água. Ele mora na Lagoa Central e devia estar transitando na orla após as tempestades.
Ainda segundo a Polícia de Meio Ambiente, o jacaré de-papo-amarelo mora em seu ambiente natural, além disso qualquer intervenção feita na Lagoa Central passa pela autorização do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a retirada de um animal sem autorização pode ser considerada um crime ambiental.
De acordo com a bióloga e mestre em ecologia aplicada, Lorena Campos, répteis e cobras são animais que despertam medo devido à falta de conhecimento. Além disso, os medos são alimentados pelas histórias populares e cinematográficas.
Ainda segundo a bióloga, não é incomum ver jacarés em corpos d’água urbanos. Temos na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, em Jacarépaguá, no Rio de Janeiro e em Lagoa Santa.
“No levantamento que fiz não encontrei registros de acidentes, masm, mesmo assim, vejo pelos comentários das redes sociais, que muitas pessoas têm medo de serem atacadas e pedem para retirar o jacaré do local. É importante que todos saibam que em ambientes urbanos é possível a existência de animais silvestres.”
Ainda segundo Lorena Campos, é importante que os humanos mantenham a distância do animal, mas que cuidem para que tanto a tartaruga tigre d'água quanto o jacaré tenham suas vidas preservadas.