O Governo federal, por meio do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), começou, nessa terça-feira (23/2), o trabalho de atendimento emergencial em Santa Maria de Itabira, na Região Central de Minas, afetada pelas fortes chuvas dos últimos dias. A cidade decretou situação de calamidade pública e vem sofrendo com os estragos causados pelos temporais, além das mortes.
Os pesquisadores já estão na cidade e vão avaliar as condições dos bairros atingidos, bem como os locais que podem registrar novos deslizamentos.
Segundo Natália Dias, pesquisadora em Geociências do SGB/CPRM e que está em Santa Maria, o trabalho tem como ponto de partida principal a análise das áreas de risco da cidade para evitar deslizamentos.
"Estamos avaliando os locais onde já houve registro de deslizamento, onde pode haver novo evento, colocando a população em risco. No primeiro dia de campo, notamos que houve uma espécie de deslizamento generalizado, constatamos vários pontos. Praticamente todas as encostas têm alguma cicatriz de deslizamento por causa das fortes chuvas", disse.
A decisão de vistoria partiu após uma reunião com integrantes da Defesa Civil Municipal e de representantes de órgãos atuantes nas áreas de engenharia e obras da prefeitura de Santa Maria de Itabira.
Os bairros mais afetados foram classificados de acordo com a sua necessidade, e os trabalhos começaram pelo Bairro Cidade Nova. Após a realização de todas as vistorias, um laudo técnico com orientações será emitido e encaminhado aos gestores.
"Este laudo é um registro técnico, acompanhado de informações e fotos, diante do que nos deparamos na cidade. É um documento que terá grande importância para a prefeitura, que poderá utilizá-lo junto à Defesa Civil Nacional em relação à solicitação de recursos para obras de reconstrução e de prevenção. Deverá também ser utilizado pela Defesa Civil Municipal, visto que concentra informações necessárias, orientações e o laudo para que, em casos necessários, haja a retirada de moradores de áreas de risco de modo temporário ou definitivo. Trata-se de um documento orientativo, com recomendações baseadas na avaliação", explicou Natália Dias.
Morreram por causa da chuva uma criança de 5 anos, um pai e suas duas filhas, um homem de 36 anos e uma mulher de 49 anos. De acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG), as mortes ocorreram em três casas no Bairro Poção – onde o corpo da criança de 5 anos, que estava desaparecida, foi encontrado – e na zona rural da cidade.
Até o momento, foram contabilizados 129 desalojados que foram para casas de parentes e 32 pessoas que perderam suas habitações. Cerca de 500 casas foram afetadas.
SITUAÇÃO CRÍTICA
O superintendente de gestão de desastres da Cedec-MG, major Eduardo Lopes, ressaltou que "a situação da cidade é muito crítica".
“A Cedec-MG disponibilizou colchões e mantimentos para atender a essa população e ajudou a estruturar abrigos. Temos equipes em campo formando uma força-tarefa com a Defesa Civil municipal e bombeiros para assistir essas famílias. Os serviços essenciais já estão operando, mas na madrugada estávamos sem luz e telefone”, afirmou.
O rastro de devastação em Santa Maria de Itabira pode ser visto antes mesmo de se chegar até a cidade. A MG-120, principal acesso ao município, tem vários pontos de barreiras que cederam e precisaram ser removidas.
Dentro da cidade também há pontos onde os deslizamentos bloquearam parte das vias urbanas.
“Várias barreiras caíram e chegaram a interromper os acessos à cidade. Mobilizamos maquinário do município, do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER-MG) e empresas parceiras para fazer essas liberações. Recuperamos os serviços de água, internet e eletricidade. Estamos contando com a limpeza da cidade para trazer de volta a tranquilidade ao município”, disse o major.
RECONSTRUÇÃO
O prefeito de Santa Maria de Itabira, Reinaldo das Dores Santos (PSD), calcula que precisará de pelo menos R$ 2 milhões para recuperar a cidade da região Central de Minas Gerais que foi castigada pela enchente do Rio Girau e pelo desabamento de encostas sobre casas. O levantamento ainda está sendo feito por especialistas que percorrem o município.
"Tem engenheiro de campo, funcionário público observando tudo. Ainda não fomos à zona rural da cidade para conferir os estragos. Por alto, eu calculo no mínimo R$ 2 milhões. Estamos esperando os recursos, ainda não entrou nada no caixa da prefeitura, que precisa de dinheiro para se reconstruir", afirmou.
* Estagiário sob supervisão do editor Álvaro Duarte.