De acordo com a prefeitura, o objetivo é verificar se haverá alteração nos indicadores da pandemia por causa das viagens do carnaval. Outro fator considerado é o “quadro geral da pandemia no interior” de Minas.
Como a janela de infecção do vírus é de 14 dias, e o carnaval se encerrou no último dia 16, a partir do dia 2 de março (esta terça-feira) as autoridades já conseguem apurar o impacto do período nas estatísticas.
Nesse primeiro momento, a prefeitura informou sobre o possível retorno apenas das aulas das crianças menores de cinco anos, portanto a educaçãoinfantil.
Mais cedo, o Estado de Minas antecipou que essa seria a decisão do comitê da prefeitura.
"A proposta inicial é de retorno gradual, começando pela educação infantil, alunos de 0 a 5 anos e 8 meses, com todos os protocolos necessários. Para os demais estudantes, ainda não falamos em datas", disse o infectologista Unaí Tupinambás, um dos membros do comitê.
O cronograma preliminar parece coincidir com aquele esboçado em meados de fevereiro pela prefeitura.
À época, o município sinalizou com a possibilidade de retorno das aulas presenciais em março, desde que os principais indicadores da pandemia se mantivessem em patamares considerados seguros pelas autoridades de saúde.
O planejamento prevê três fases.
A primeira é focada nos alunos da educação infantil de 0 a 5 anos.
Em seguida, viriam os alunos de 6 a 8 anos. A última faixa reintegrada seria a das crianças e adolescentes entre 9 a 14 anos.
Sindicato se posiciona
Para o diretor do Sindicato dos Trabalhadores de Educação da Rede Pública de Belo Horizonte (Sind-REDE/BH), Daniel Wardil, o retorno não deveria sequer ser considerado neste momento.
"Achamos importante esse recuo da prefeitura de não fazer a chamada das aulas presenciais na semana que vem. Mas, a gente insiste que uma semana apenas não vai garantir o controle da pandemia", avalia.
Para o sindicalista, o ideal é o retorno somente após a vacinação de todos os trabalhadores da educação municipal, além do controle da pandemia.
"A gente vai continuar pressionando os governos, em especial o federal, para garantir a alta vacinação de toda a comunidade escolar", diz Daniel.
Na manhã desta quarta, a categoria fincou cruzes em frente à prefeitura em meio à possibilidade de retorno das aulas.
Indicadores
Belo Horizonte chegou, nesta quarta (24/2), a 107.891 casos confirmados de COVID-19. Conforme boletim epidemiológico e assistencial da prefeitura, são 2.711 mortes, 4.671 pacientes ainda em acompanhamento e 100.509 recuperados.
Na comparação com o balanço anterior, divulgado nessa terça (16/2), o total de óbitos aumentou em 16. Já o de casos cresceu em 1.138.
Enquanto isso, os indicadores mantiveram a tendência de alta dos últimos dias.
Apesar de não mudarem de fase na escala de risco, as taxas de ocupação das UTIs e das enfermarias e o número médio de transmissão por infectado (fator RT) cresceram em comparação ao balanço anterior.
No caso das unidades de terapia intensiva, o percentual saiu de 64,2% para 66,9%. Portanto, a estatística está na fase de alerta, a amarela, entre 50 e 70 pontos percentuais.
A situação dos leitos de enfermaria também é de alerta. Houve aumento de 50% para 50,6% no parâmetro.
Já o fator RT sofreu seu terceiro crescimento consecutivo: de 0,96 para 0,98. Esse é o único indicador na fase controlada, uma vez que está abaixo de 1.
Confira, abaixo, a nota da prefeitura na íntegra:
"Os membros do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19 se reuniram nesta quarta-feira (24) para analisar os dados conjunturais da pandemia até o momento. Os bons resultados das estratégias e restrições utilizadas do início do ano até aqui foram constatados, mas, por medida de segurança e para garantir a continuidade da estabilidade dos indicadores epidemiológicos, a Prefeitura aguardará até semana que vem para decidir sobre avanços na flexibilização.
Nos próximos dias poderão ser observados os dados de eventuais impactos das viagens realizadas no Carnaval. Esse cenário, junto ao quadro geral da pandemia no interior do estado de Minas, condicionará as datas de retorno às aulas para crianças de até 5 anos e 8 meses."
Com informações de Cecília Emiliana