Um dia após o Comitê Municipal de Enfrentamento à COVID-19 decidir manter as escolas da capital fechadas, pais de alunos de instituições particulares organizaram um novo protesto. Desta vez, sem coroas fúnebres.
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"As crianças não têm sindicato. O sindicato das crianças são os pais. Sinto falta de as escolas abraçarem essa causa junto conosco. Só temos o apoio dos médicos. As crianças estão sozinhas", queixa-se a publicitária.
Na porta do Colégio Santa Dorotéia, no Sion, também na Região Centro-Sul, o movimento contou com o apoio de professores. "Somos guardiões da infância", diz uma das faixas afixadas no portão lateral.
A professora Cristiane Márcia conta que seus dois filhos estão tomando antidepressivos.
"Peço que, por favor, pensem no estado emocional dessas crianças. Vejo muitos comentários dizendo que 'os pais não têm o que fazer com as criancas'. Não é assim. Nós não temos é o que fazer com o impacto das aulas online e da falta de socialização. Com isso, nós não temos o que fazer. Eles estão cada vez mais tristes, obesos, com insônia, nervosos, com vontade de desistir de estudar. Estão vivendo à base de antidepressivos", relata a profissional.
Imbróglio
Cercado de polêmicas, o retorno das atividades presenciais nas escolas de BH e Minas também é pauta de protestos de entidades representativas de professores.
Nesta quinta-feira (25/2), o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) afirmou que não há condições para a retomada.
"Não há escolas prontas para receber profissionais e alunos presencialmente", defendeu a presidente da Denise Romano em entrevista coletiva na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Na quarta-feira (24/2), o governo do estado divulgou o protocolo a ser adotado no retorno das aulas presenciais. O cronograma, no entanto, ainda não está definido em razão de uma decisão judicial que impede a reabertura das instituições. Por ora, os alunos seguirão com as atividades remotas. O ano letivo terá início em 8 de março.
Na manhã de quarta (24/2), foi a vez dos professores da rede municipal se manifestarem. Liderados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Escolas da Rede Pública de Belo Horizonte (Sind-REDE), eles fincaram cruzes em frente à sede da PBH, na Avenida Afonso Pena, Centro da capital.
"Por mais que a prefeitura e os médicos digam que é possível cumprir esses protocolos, nós conhecemos o espaço das escolas e o ambiente de trabalho e sabemos que não seria viável e que seria perigoso no atual estágio da pandemia. Não conseguiríamos cumprir nem 30% das exigências", alega a diretora do sindicato, Vanessa Portugal.