Representantes de diversas prefeituras brasileiras se reúnem nesta segunda-feira (01/03) para discutir a formação de um consórcio para a compra de vacinas anti COVID-19. O Estado de Minas apurou que o poder Executivo de Belo Horizonte vai participar do encontro. A informação foi confirmada pela administração municipal da capital mineira.
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COVID-19: Taxa de ocupação de UTIs está em colapso em 17 estadosCoronavírus: MG registra 134 mortes e 3.821 casos nas últimas 24 horasCOVID-19 em MG: Parentes de 14 mil idosos mortos lamentam atraso na vacinaPrefeitos confirmam criação de consórcio para compra de vacinasTrabalho presencial tira 62% dos jovens de casa na pandemia em MinasRestrição de atividades foi essencial para frear mortes em BHNa reunião, devem estar presentes figuras de outras cidades, como Aracaju (SE), Salvador (BA), Porto Alegre (RS) e Ribeirão Preto (SP). À "CNN Brasil", nesse sábado (27), o presidente da FNP, Jonas Donizetti, disse que mais de 100 municípios manifestaram interesse em participar de eventual consórcio.
No documento que apresenta a ideia, a Frente de Prefeitos argumenta que a formulação de uma coalizão para a compra de vacinas é essencial para evitar imbróglios jurídicos e competições por doses.
“O consórcio público se apresenta como a melhor possibilidade para compra de vacinas de forma coletiva, tanto pelo ganho de escala, como para evitar uma caótica competição federativa, que poderá ser prejudicial ao processo. Nesse sentido, a recente decisão do STF, aliada à instituição de um consórcio de municípios de amplo espectro de abrangência territorial, confere segurança jurídica indispensável aos entes locais para atuação no combate à pandemia”.
Bases de uma possível união
A FNP quer apresentar, às gestões locais, os ritos necessários para a formação de um consórcio público. O órgão disponibilizaria sua sede, em Brasília, além de equipe técnica, para tirar a proposta do papel.
“A entidade está apta a iniciar imediatamente a interlocução junto aos laboratórios internacionais, contando com as tratativas em andamento pelas capitais e grandes cidades, para aquisição de vacinas. Ação que se dará paralelamente à constituição do Consórcio”, diz a FNP.
A proposta do consórcio passa pela destinação de emendas dos parlamentares federais. Os recursos, ligados ao Orçamento nacional e repassados às prefeituras, reforçariam as cifras aplicadas nas negociações com laboratórios.
O desabafo de Kalil
Na última quinta-feira (25), o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), relatou as negativas recebidas na semana passada, quando o município buscou, junto a laboratórios, saber a viabilidade de compras regionalizadas.
“Nós não temos onde comprar vacina. A Prefeitura de Belo Horizonte não tem onde comprar vacina. Consultamos e não tem vacina para estado e município. Para estado eu não sei, para município eu tenho certeza. Porque a consulta foi ontem (quarta, 24), e tomamos um solene não”, contou.
Kalil relatou conversas mantidas com a Pfizer, que produz o único imunizante a ter registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mesmo com o aval, as injeções ainda estão indisponíveis no país, visto que o governo federal negou a compra no ano passado.
“Estamos tentando ainda, mas tem uma cláusula lá. A Pfizer não vende, a Pfizer não vende para a cidade. Ponto final, não vende. Não quer saber quanto custa, se paga adiantado, não quer saber de nada. Não vende”, completou.
Senado também propõe autonomia
Na terça (23), o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apresentou projeto de lei que permite a compra de vacinas por municípios, estados e grupos privados. No que tange aos entes federados, a ideia é que seja possível acionar seguros e outros mecanismos do tipo para formalizar a assunção de hipotéticos eventos adversos pós-injeção.
O governo federal deseja que os laboratórios assumam tais riscos, mas os fornecedores têm negado — e explicado tratar-se de condição universal, aplicada a todos os países. A proposta, portanto, abriria caminho para mais comprar públicas.