Transmissão da COVID-19 é a mais alta em 7 meses em BH
Desde que a PBH começou a divulgar medições diárias, boletins não registravam velocidade tão alta de contágio, que atinge 1,20. Dados serão avaliados amanhã
Por
Déborah Lima
Gabriel Ronan
02/03/2021 06:00 - Atualizado em 02/03/2021 07:49
audima
Belo Horizonte voltou a apresentar crescimento preocupante nos indicadores da COVID-19. De acordo com o boletim epidemiológico e assistencial divulgado ontem pela prefeitura, o número médio de transmissão por infectado (RT) disparou na capital. Medidor da velocidade de contágio pelo coronavírus, o RT subiu de 1,06, registrado na última sexta-feira, para 1,20 após o fim de semana. Desde o balanço de 5 de agosto de 2020, quando o Executivo municipal passou a divulgar diariamente o fator em seus boletins, a disseminação do vírus não havia atingido nível tão alto.
Em nota, a PBH se mostrou preocupada com a dinâmica da doença na cidade. Amanhã, integrantes do Comitê de Enfrentamento à COVID-19 vão se reunir para analisar os dados e definir os rumos do funcionamento do comércio. A prefeitura ressaltou que vai acompanhar os indicadores da doença antes de tomar qualquer decisão sobre o funcionamento das atividades não essenciais.
Isso porque, de acordo com o Executivo municipal, há a hipótese de impacto decorrente do menor isolamento social durante o carnaval no aumento de casos de contaminação. A velocidade de transmissão do vírus, como destaca o Executivo, tem consequências sobre a ocupação em níveis mais críticos dos leitos para pacientes com COVID-19.
A PBH chegou a medir índice de transmissão de 1,24 no fim de maio do ano passado. Porém, àquela época, a prefeitura informava o indicador apenas durante as entrevistas coletivas de imprensa, não nos boletins diários. Também ontem, a cidade registrou 112.230 casos confirmados de COVID-19. O balanço notificou 2.746 mortes, 4.884 pacientes em acompanhamento e 104.600 recuperados. Na comparação com o relatório da última sexta-feira, houve acréscimo de 15 óbitos. Já o total de casos cresceu em 1.769 no mesmo intervalo de tempo.
Além do fator RT, as taxas de ocupação dos leitos clínicos e de UTI são motivo de preocupação. No caso das enfermarias, houve leve alta: de 56,2% para 58,3%. As unidades de terapia intensiva, que já estavam na zona crítica da escala de risco, saíram de ocupação de 70,1% para 74,7%. Essa é a maior taxa de uso das UTIs desde o balanço de 1º de fevereiro. Em 11 de janeiro, o indicador chegou a 87%, o recorde desde o início da pandemia.
Número médio de transmissão por infectado (RT) em BH (foto: Arte EM)
Em entrevista ao Estado de Minas, o infectologista Geraldo de Cunha Cury, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), disse que as altas recentes dos indicadores estão ligadas ainda ao período de festas da virada do ano. Isso ocorre porque o vírus é transmitido em escala exponencial, portanto os efeitos dessas aglomerações vão persistir durante algumas semanas.
O mesmo raciocínio vale para as viagens feitas durante o período no qual seria realizado o carnaval. Ainda que a festa de rua não tenha ocorrido neste ano, muitas pessoas aproveitaram o feriado para sair de casa e quebrar o isolamento social. Como a incubação do vírus é de 14 dias, e o descanso prolongado começou no último dia 13, as estatísticas tendem a crescer nesta semana.
“A tendência é de piorar nos próximos meses por conta do carnaval. Não é só por conta das novas variantes. Elas podem facilitar, mas pelo comportamento errático da população. A gente tem repetido as cenas de bares mais cheios e festas clandestinas”, afirmou o infectologista Unaí Tupinambás, que faz parte do comitê de enfrentamento à virose da prefeitura.
Vítimas
No levantamento do perfil das vítimas da COVID-19 por regionais de BH, a Noroeste é aquela onde houve maior número de mortes, num total de 364, sendo 35 a mais que a zona Nordeste da capital. Na sequência, aparecem Oeste (329), Leste (312), Barreiro (311), Centro-Sul (309) e Venda Nova (286).
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.