Uberlândia, no Triângulo Mineiro, chegou ao limite da ocupação de leitos em ambas as redes de saúde, público e privada, como mostrou o último boletim municipal diário sobre os casos de COVID-19. A ocupação é tanto de pacientes com coronavírus quanto de outros problemas de saúde.
Pela primeira vez o prefeito da cidade falou em colapso do sistema de saúde local. Uberlândia passa pelo pior momento da pandemia desde a confirmação do primeiro caso em meados de março de 2020.
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As curvas de casos e mortes da segunda onda de COVID-19 na cidade se mostram ainda piores que no pico da doença em 2020. Neste momento, a cidade tem 407 pessoas internadas nas Unidades de Atendimento Integradas (UAI's), que são as portas de entrada dos sistema público de saúde. Desse total, 184 precisam de um leitos de UTI. Essa fila por uma unidade intensiva mais que dobrou em uma semana.
Uberlândia já transferiu três pacientes para Alfenas e não descarta a possibilidade de outras transferências se for necessário, como informou a secretaria de Saúde.
Faltam leitos e profissionais na cidade, segundo o coordenador da rede de urgência e emergência da secretaria municipal de Saúde, Clauber Lourenço, apesar de a prefeitura criar 112 leitos de UTI específicas para atendimento à COVID-19.
“Hoje a nossa estrutura recebe os munícipes de Uberlândia que precisam do SUS, munícipes de Uberlândia que não conseguem mais vagas por meio de convênios no rede privada e também da região. Ano passado não houve tantos casos como agora na região e nós não podemos negar esse atendimento de quem entra por meio da nossa rede”, disse Lourenço ao explicar a alta de internações.
“Hoje a nossa estrutura recebe os munícipes de Uberlândia que precisam do SUS, munícipes de Uberlândia que não conseguem mais vagas por meio de convênios no rede privada e também da região. Ano passado não houve tantos casos como agora na região e nós não podemos negar esse atendimento de quem entra por meio da nossa rede”, disse Lourenço ao explicar a alta de internações.
No Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) há outros 16 leitos para atendimento de pacientes com coronavírus e na rede privada, além da separação de unidades intensivas para atendimento dos pacientes, houve a entrega de 13 leitos do tipo a um hospital particular por meio de ação de empresários locais recentemente.
Um hospital de campanha vem sendo estruturado no Hospital Municipal de Uberlândia, com leitos de enfermaria para aproveitar a estrutura física e de equipamentos da unidade e também profissionais que terão a demanda de trabalho aumentada em até 40% em relação à quantidade de leitos que vão requerer atenção.
Clauber Lourenço afirma que hoje está em busca de, pelo menos, 70 técnicos em enfermagem e 15 médicos intensivistas, mão de obra que não foi encontrada no cadastro de reserva do município. O objetivo é viabilizar mais pessoas para assistir aos pacientes, mas também buscar reduzir a carga sobre os servidores da linha de frente. “Não houve a resposta que precisamos ainda. Não há gente para trabalhar”, disse Lourenço.
Clauber Lourenço afirma que hoje está em busca de, pelo menos, 70 técnicos em enfermagem e 15 médicos intensivistas, mão de obra que não foi encontrada no cadastro de reserva do município. O objetivo é viabilizar mais pessoas para assistir aos pacientes, mas também buscar reduzir a carga sobre os servidores da linha de frente. “Não houve a resposta que precisamos ainda. Não há gente para trabalhar”, disse Lourenço.
Hoje metade das quatro UAI's atendem exclusivamente casos de COVID e, de acordo com informações do próprio município, o consumo de oxigênio aumentou de tal forma que os tanques do gás, que eram abastecidos semanalmente, agora recebem três cargas por semana. “Oito em cada 10 internados nessas unidades são pacientes COVID”, disse Clauber Lourenço.
Colapso
Pela primeira vez, o prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão (PP) afirmou que a saúde local entrou em colapso diante da pandemia de COVID-19. “A rede de saúde de Uberlândia colapsou. Friso: colapsou. A situação é caótica. A gente pediu, a gente apelou para que todos compreendessem o momento que vivíamos, para que não chegássemos a essa situação. Infelizmente, muitos não ouviram e duvidaram desta doença. Hoje a nossa situação é a pior de todas as que vivemos”, disse.
No fim de semana, o município recebeu 25 respiradores, sendo 13 do Governo do Estado e 12 da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), mas segundo o prefeito, ele oficiou o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, solicitando atenção especial para a cidade. A abertura de leitos no HC-UFU, com ajuda de recursos federais, é uma das cobranças feitas pela prefeitura.
“Um empresário, que não quis se identificar, nos doou 100 capacetes tipo 'Elmo', o que nos será muito útil para evitarmos intubação de pacientes e serão utilizados nas UAIs. Esses equipamentos injetam 30 litros de oxigênio nos pacientes, de forma menos invasiva. Os nossos respiradores comuns injetam 15L. Também acabei de receber a informação que outros 60 equipamentos deste tipo nos foram doados, sendo que 26 chegam a Uberlândia nesta quinta (4/3)”, afirmou Leão.
Região
O cenário de Uberlândia segue as situações das cidades vizinhas, muitas com pacientes graves de COVID-19 ocupando leitos não reservados para a doença. Araguari, por exemplo, tem um leito não COVID sendo usado por paciente com coronavírus, além de dos 20 reservados para pacientes graves com a doença, na Santa Casa de Misericórdia. Em Ituiutaba, há apenas um leito de UTI livre, enquanto em Patos de Minas a ocupação é de 100% das UTI's.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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