A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) foi oficialmente comunicada sobre a confirmação laboratorial de novas variantes do SARS-CoV-2 em Minas Gerais. Com isso, a pasta intensificou ainda mais as investigações sobre a circulação dessas variantes no estado.
As mutações identificadas são consideradas Variantes de Atenção (VOC) no Brasil: a variante P.1, de Manaus, e a do Reino Unido. Já a cepa P.2, em circulação no país desde outubro de 2020, foi confirmada em amostras da Fundação Ezequiel Dias (Funed) em três municípios mineiros e, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 15 casos, distribuídos em 12 cidades.
Variante do Reino Unido
A variante descoberta no Reino Unido foi detectada em Minas por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Rede Corona-Ômica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTIC), o Instituto Hermes Pardini e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Essa variante foi encontrada em amostras coletadas de 10 pacientes em Belo Horizonte, um em Barbacena, um em Araxá e mais um caso em Betim, de acordo com o relatório técnico enviado à SES-MG.
A coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (CIEVS-Minas) e da Sala de Situação, Eva Medeiros, explica que o estado está acionando os municípios onde foram encontradas essas mutações para reforçar ainda mais a investigação de pacientes infectados e seus contatos próximos. “Com as investigações, será possível dizer se essas variantes estão ou não em circulação em Minas.”
Esse mesmo grupo de pesquisa identificou a variante P.2 em 16 amostras de pacientes da capital mineira, referentes ao período de novembro de 2020 a janeiro deste ano.
Nova variante P.1
Nessa segunda-feira (1°/3), a Funed enviou relatório técnico à SES-MG informando ter encontrado a variante P.1 em duas amostras analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-MG). O órgão apurou que as duas pessoas são de Manaus e estavam em viagem por Belo Horizonte.
Na semana passada, a secretaria foi notificada pelo Ministério da Saúde sobre a detecção da mesma variante em um paciente do Canadá que estava em viagem ao Brasil, com histórico de visita a Minas Gerais.
De acordo com Eva Medeiros, a pessoa esteve com a família em BH e Nova Lima, na Região Metropolitana. Três dias depois de voltar para a América do Norte, começou a apresentar os sintomas de infecção pelo coronavírus. “No Canadá, foi realizado o sequenciamento genético e a nova variante P.1 foi detectada. A análise foi apresentada para o Ministério da Saúde, que nos repassou”, explica a coordenadora.
A equipe de Vigilância em Saúde investigou o caso e descobriu que os contatos próximos ao paciente não apresentaram sintomas da infecção. “É provável que ele não tenha se infectado em Minas, já que passou por outros estados, como São Paulo, antes de voltar para o Canadá”, avalia Eva.
Nova variante P.2
A Fiocruz também comunicou à SES a detecção da nova variante P.2, detectada em 15 amostras de 12 cidades mineiras: uma em Ouro Branco, Caratinga, Coronel Fabriciano, Cruzília, Imbé de Minas, Ribeirão das Neves, Rio Manso, Santa Luzia, São José da Lapa e Taiobeiras, duas em Além Paraíba e três em Varginha.
Essa linhagem contém a mutação E484K na Spike e já foi encontrada em todas as regiões do país. No entanto, essas mutações identificadas não são consideradas Variantes de Atenção (VOC).
O relatório técnico da Funed, enviado nessa segunda-feira (1°/3) à SES, aponta que foram encontradas quatro amostras com a variante P2 em pacientes de Uberaba, Ibitiúra de Minas, Esmeraldas, e um paciente de Manaus que estava de férias em Minas.
Outras linhagens
A Fiocruz detectou três genomas da linhagem B.1.1.143, nos municípios de Caratinga, Muriaé e São Lourenço; e B.1.1.28, em Coronel Fabriciano, Ouro Branco e Varginha. E um genoma da linhagem B.1.1.33 em Governador Valadares.
A Funed encontrou em três amostras a presença das linhagens B.1.1.33 em Caratinga, B.1.1.28 e B.1.2, em Sabará. Foi identificado em um laboratório privado de São Paulo a linhagem B.1.1.222 em uma paciente de Itajubá com histórico de viagem pelo México – Cancun com escala no Panamá – no mês de janeiro deste ano.
As duas principais linhagens circulando no Brasil, desde fevereiro do ano passado, são B.1.1.33 e B.1.1.28, ambas sem alterações significativas na proteína Spike (S).
Investigação
Diante das notificações, Eva ressalta que a Vigilância em Saúde da SES-MG está atenta à detecção de novas variantes no estado. Os municípios estão sendo acionados para intensificar a investigação epidemiológica sobre a infecção desses pacientes, inclusive daquelas pessoas com as quais eles tiveram contatos próximos.
“O objetivo é entender melhor o desfecho clínico e epidemiológico dos casos, assim como histórico de deslocamento para outros locais”, explica.
Atualmente, as três variantes de atenção (VOC) sob vigilância no Brasil são: Variante VOC 202012/01, linhagem B.1.1.7 do Reino Unido; Variante 501Y.V2, linhagem B.1.351 da África do Sul; e, Variante P.1, linhagem B.1.1.28 encontrada no Brasil.
Segundo a coordenadora estadual de Laboratórios e Pesquisa em Vigilância da SES-MG, Jaqueline Oliveira, a vigilância laboratorial é fundamental para a identificação das novas variantes do coronavírus.
“A partir da suspeita clínica e/ou da análise do perfil epidemiológico da COVID-19 em determinada região do estado ou grupo populacional, a suspeição da circulação de uma nova variante é confirmada por sequenciamento genético. Para isso, as amostras dos casos suspeitos são selecionadas e direcionadas para análise laboratorial no Lacen-MG, da Funed. Adicionalmente, a ampliação dessa análise genética em outros laboratórios capacitados como a Fiocruz-RJ e a UFMG, por meio da rede Corona-Ômica, poderá fortalecer a vigilância laboratorial em Minas Gerais, contribuindo para a identificação dessas e de outras variantes que, por ventura, venham surgir”, afirma.
Menos isolamento, mais variantes
Um estudo comparativo realizado pela Rede Análise COVID-19 demonstra a correlação entre o aumento da mobilidade nas cidades e a explosão de casos no Brasil e no Reino Unido. A análise mostra que a pandemia se agravou em Minas depois do afrouxamento das medidas de restrição em Belo Horizonte.
Cuidados
A Secretaria de Estado de Saúde reforça à população a importância da manutenção de todos os cuidados para evitar a transmissão do coronavírus, como uso de máscara, distanciamento social e higienização frequente das mãos.
*Estagiária sob supervisão do editor Álvaro Duarte
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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