“É preocupante. A impressão que a gente tem é que vai saturar a qualquer momento, encher a qualquer momento”, disse o secretário de Saúde de Uberaba, o médico anestesiologista Sétimo Boscolo Neto, em entrevista ao Estado de Minas, sobre o que ele espera com relação à taxa de ocupação dos leitos/COVID da rede pública da cidade nos próximos dias.
Aos 64 anos, Sétimo Boscolo assumiu o cargo de secretário da Saúde de Uberaba em 20 de janeiro. Até então, a pasta era chefiada interinamente pela médica Juliana Lima Ribeiro, que continua como secretária-adjunta.
O ex-presidente da Unimed por dois mandatos, entre 2010 e 2016, graduou-se em medicina em 1982, fez especialização na Santa Casa de Ribeirão Preto e sempre atuou na especialidade no Hospital São Domingos, onde também ocupou cargo na diretoria.
Boscolo assume a pasta da Saúde de Uberaba no pior momento da pandemia na cidade. Nos dois primeiros meses deste ano, houve um crescimento considerável de novos casos, mortes e taxas de ocupações dos leitos hospitalares da cidade. Segundo o último boletim epidemiológico do município, divulgado na noite desta terça-feira (02/03), a taxa de ocupação dos leitos particulares UTI/COVID, que já chegou a 100% no último fim de semana, está em 94%. Além disso, a atual taxa de ocupação dos leitos privados de enfermaria/COVID também é preocupante, ou seja, 84%.
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Ainda conforme o último boletim da doença na cidade, Uberaba registrou nas últimas 24 horas, 70 novos casos e mais dois óbitos: uma mulher de 95 anos, internada há seis dias em hospital particular do município, e uma mulher de 72 anos, que morreu em 26 de fevereiro, em outra cidade.
Fevereiro deste ano foi o mês com o maior número de mortes e casos positivos da COVID-19, desde o início da pandemia. Foram 2.623 novos casos, quase 100 a mais que setembro de 2020, e 68 óbitos, cinco a mais que outubro do ano passado.
Diante dessa atual e grave situação da pandemia em Uberaba, a reportagem procurou o secretário de Saúde, afim de questioná-lo sobre, por exemplo, o que a população pode esperar para os próximos dias.
A Prefeitura de Uberaba já esperava que os leitos UTI/COVID dos hospitais particulares chegariam aos 100% de ocupação?
Sétimo Boscolo: Sim. Nós estamos acompanhando estes números há mais de 30 dias e a ocupação do leito privado está andando sempre na frente do leito SUS. A gente estava esperando isso acontecer, como também vai acontecer com o leito SUS.
O Hospital Regional é a melhor opção para esses pacientes que não encontram vagas na rede privada ou a melhor saída no momento é que esses pacientes sejam encaminhados aos hospitais particulares de outras cidades?
Sétimo Boscolo: As duas opções. O Hospital São Domingos, que é referência COVID privado, já está encaminhado alguns doentes para fora (hospitais particulares de cidades paulistas, como Franca e Ribeirão Preto) quando possível, quando acha vaga, e outros pacientes serão encaminhados para o Hospital Regional, que é a única opção hoje. Para isso vamos abrir essa semana outras frentes de leito no hospital de referência dois que é o Hospital Mário Palmério.
Qual a expectativa para a taxa de ocupação dos leitos/COVID da rede pública nos próximos dias?
Sétimo Boscolo: É preocupante. A impressão que a gente tem é que vai saturar a qualquer momento, encher a qualquer momento. Nós já vamos abrir alguns leitos dentro do Hospital Regional e também outros leitos, não COVID, em outros hospitais, como no Hospital Hélio Angotti.
Já há uma data de início para os funcionamentos dos 20 novos leitos de UTI que o Hospital Regional recebeu da Fiemg, recentemente?
Sétimo Boscolo: Destes 20, 10 devem começar a funcionar ainda esta semana e os outros 10 vão estar preparados para semana que vem. O maior problema que nós estamos encontrando no momento é o de recursos humanos.
Qual é a mensagem de apelo que o senhor faz para aquelas pessoas que ainda insistem em não respeitar as regras sanitárias do decreto municipal de enfrentamento à doença?
Qual é a mensagem de apelo que o senhor faz para aquelas pessoas que ainda insistem em não respeitar as regras sanitárias do decreto municipal de enfrentamento à doença?
Sétimo Boscolo: Tem que evitar aglomeração. A gente sabe que a aglomeração é o principal fato de disseminação da doença. Além disso usar a máscara, usar e abusar do álcool em gel e de lavar as mãos com água e sabão. Todas estas providências a gente sabe, desde o começo, que são as que evitam a contaminação e a disseminação de um paciente para outro. É momento de muita cautela para a gente ter condições de dar assistência digna a todos pacientes que tiver COVID.