O júri popular acontece no Cenacon para garantir as medidas de prevenção à COVID-19. A sessão estava marcada para as 7h30 e começou com duas horas de atraso. Os jurados já foram sorteados e os trabalhos não têm previsão de término.
O julgamento iria acontecer em 4 de fevereiro, mas foi adiado. O juiz não estava confortável em realizar o júri no plenário do Fórum e propôs que ocorresse por meio virtual, o que não foi aceito pelas defesas.
De acordo com a promotora Luz Maria Romanelli de Castro, Christopher, o padrasto da menina, e Letícia, a mãe, são acusados de homicídio quadruplamente qualificado. “São elas: tortura e meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima, feminicídio e motivo fútil”, completa.
Christopher é defendido pelo defensor público Adhemar Della Torre, e Letícia por Karla Felisberto dos Reis e Lucas Flausino.
“Vale lembrar que toda pessoa tem direito a ter um advogado constituído e ter uma defesa ampla, isso está na constituição, ninguém pode ser condenado sem ser defendido. Então se não tivesse advogado para fazer o júri, os réus estariam soltos. Estamos ali não porque compactuamos com o que os réus fizeram ou para defender uma impunidade, estamos ali para defender as garantias constitucionais”, explica Karla Felisberto.
Relembre o caso
Ana Lívia Lopes da Silva tinha 3 anos quando morreu, em junho de 2018. De acordo com a polícia, ela foi morta após ser espancada pelo padrasto, de 27 anos, e não recebeu socorro da mãe, de 19.
As investigações apontaram que a vítima teria sido espancada logo pela manhã, quando teria urinado na roupa e na cama. Letícia teria passado o dia todo com a criança machucada. Durante a noite, a menina teria sido novamente vítima de agressão.
Ela só foi levada para o Hospital Margarita Moralles, que fica a 100 metros da casa do casal, no final da tarde do outro dia, quando uma irmã do acusado encontrou a criança desacordada, com dificuldades para respirar, inchada e com a pele roxa. Pela gravidade dos ferimentos, a menina foi transferida para a Santa Casa de Poços de Caldas, onde faleceu.
Segundo a polícia, Letícia foi presa na porta do hospital e o padrasto em casa. No primeiro momento, Letícia disse que não presenciou as agressões, enquanto Christopher confessou, mas depois, preferiu o silêncio.
A creche, onde Lívia estudava, chegou a denunciar o casal por maus-tratos um mês antes do crime.