Jornal Estado de Minas

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'Tenho vergonha na cara', diz prefeito a manifestantes em Patos de Minas

 O prefeito de Patos de Minas (Região do Alto Paranaíba), Luís Eduardo Falcão (Podemos), se exaltou e perdeu a paciência durante uma manifestação de comerciantes, na tarde desta quinta-feira (4/3), na porta da prefeitura. Eles protestavam contra o fechamento do comércio não essencial, medida adotada para conter a propagação da COVID-19




O prefeito chegou a tirar a máscara e a jogar um papel no chão, abandonando o local em seguida.

O protesto foi realizado no primeiro dia de adoção das medidas mais restritivas do programa Minas Consciente, dentro da onda roxa.
 
As ações mais rigorosas foram implementadas em cidades das regiões Triângulo Norte e Noroeste de Minas, onde a rede hospitalar entrou em colapso diante do aumento dos casos de coronavírus.

Uma delas é de Patos de Minas, que não tem mais leitos clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com a COVID-19.

O município (153 mil habitantes) tem 9.906 casos confirmados da doença e 185 mortes. Nesta quinta-feira, havia 202 pacientes internados, sendo 138 em leitos clínicos e 64 em UTI.



Na manifestação na porta da prefeitura, cerca de 50 comerciantes, com faixas e cartazes, cobraram a reabertura dos seus estabelecimentos.
 
O prefeito Luis Falcão foi até o local e ouviu uma série de reclamações. Logo após ser recebido com o coro de que “queremos trabalhar”, falando de um megafone, Falcão respondeu: “Se vocês querem trabalhar, eu quero que vocês trabalhem. (Se não), o nosso município vai quebrar. Eu não estou satisfeito com isso”.

Um manifestante alegou que, com o fechamento das lojas, os comerciantes não poderão pagar seus compromissos. “Vamos viver de quê? Comer vento? Morrer de depressão? Suicídio?”, questionou o empresário.
 
Outros chamaram o chefe do Executivo de “mentiroso”.

A provocação despertou a ira de Falcão, que iniciou uma discussão com o grupo: “Se vocês quiserem (nomear) três representantes para conversarem, com educação, sem me chamarem de mentiroso, estou à disposição. Eu tenho vergonha na cara. Não estou aqui pra mentir pra ninguém”.



Lockdown

 
Um outro participante do protesto reclamou: “Tenho filho de 11 meses. Como vou comprar leite, fralda, comida e pão? Meus funcionários têm dois ou três filhos e eu não tenho dinheiro para eles neste mês. E como eles vão comprar pão para os filhos deles amanhã?”.
 
O mesmo comerciante alegou que o fechamento do comércio não tem efeito contra o aumento do contágio do coronavirus, seguindo a linha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), contrária à recomendação dos infectologistas.

Ainda mais exaltado diante da fala do comerciante, o prefeito rebateu, dizendo que não é o culpado pelo agravamento da situação e pela necessidade de adotar restrições. “A culpa é minha?” O problema é que 15 dias 300 casos. Não é 2020 com 10 casos, não”, afirmou.
 
Demonstrando nervosismo, ele retirou a máscara que usava, jogou um papel (com anotações sobre a pandemia) no chão e deixou o local, entrando no prédio da prefeitura.






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