O governador Romeu Zema (Novo) se reuniu na tarde desta quinta-feira (04/03) com representantes da classe médida para tentar encontrar soluções para a falta de profissionais da saúde, problema que causa ainda mais dificuldades ao combate à COVID-19. Participaram do encontro o presidente da Sociedade Mineira de Terapia Intensiva (Somiti), Jorge Luiz Rocha Paranhos, e chefes de unidades de terapia intensiva de Belo Horizonte. Resolver o problema passa não só por atacar a carência de médicos intensivistas, como também de enfermeiros e fisioterapeutas.
Romeu Zema afirmou, nesta quarta-feira, que não há mais profissionais de saúde disponíveis para a contração no Brasil para trabalhar na linha de frente contra a COVID-19. “Mas agora nós chegamos em um ponto no Brasil que não há mais médicos. Inclusive, já fizemos chamamento, mas não há mais profissionais de saúde”, afirmou.
Entidades da área médica vinham apontando a escassez de mão de obra desde o início da pandemia, fator que contribui para a exaustão e o adoecimento de quem está na linha de frente dos hospitais. O descompasso gera, ainda, um paradoxo. Existem leitos disponíveis, e inclusive equipados com respiradores e monitores, mas não há mãos suficientes para operá-los.
O Estado de Minas entrevistou médicos intensivistas, coordenadores de centros de terapia intensiva e representantes de entidades médicas que listam as razões para o gargalo na rede hospitalar, principalmente no setor público. De um lado, destacam baixos investimentos dos governos na terapia intensiva e nas condições de trabalho, o que afeta os concursos públicos, planos de carreiras e salários. De outro lado, médicos se queixam de sobrecarga de jornada, surgimento de distúrbios psicológicos, como depressão e síndrome de burnout, nível de contaminação pelo coronavírus cinco vezes superior àquele da população em geral e, por fim, a demora na vacinação.
O presidente da Somiti, Jorge Luiz Paranhos, lembra que o governo estadual destinou recursos repassados pela União para os municípios comprarem ventiladores mecânicos e monitores, embora não tenha havido alternativa diante da escassez de recursos humanos. “O que acontece é a falta de preocupação dos gestores em relação à terapia intensiva. A gente vem há muito tempo lutando. O Zema disse que ia resolver isso, mas não deu tempo. A epidemia veio antes", afirmou.