De acordo com dados do Itamaraty em 2017, aproximadamente 1 milhão de brasileiros vivem nos Estados Unidos. Destes, cerca de 250 mil são de Minas Gerais, o que torna o estado mineiro responsável por 25% dos imigrantes que saem do Brasil para começarem uma nova vida no país norte-americano.
Principalmente durante os anos 1980, muitos mineiros tentavam entrar nos Estados Unidos de forma ilegal, mas o perfil dos imigrantes do estado está diferente. Atualmente, uma grande quantidade de mineiros qualificados moram e trabalham legalmente no país.
“De fato, houve uma mudança muito grande no perfil do imigrante mineiro. Especialmente nestas últimas duas décadas, temos acompanhado um crescente número de pessoas de Minas Gerais extremamente qualificadas por suas carreiras de sucesso e formações acadêmicas, e que vem contribuindo consideravelmente com o mercado de trabalho e com a própria economia dos Estados Unidos”, afirma Rodrigo Costa, empresário mineiro e especialista em investimentos, que mora há sete anos no país.
Ele tem um escritório de advocacia que representa brasileiros em seus processos de imigração para os Estados Unidos.
Esta mudança de perfil do imigrante mineiro foi possível, segundo ele, principalmente pela ausência de profissionais em diversas áreas vitais nos Estados Unidos. O país sofre com a falta de médicos, dentistas, engenheiros, profissionais de TI, fisioterapeutas, enfermeiros e uma grande quantidade de outras profissões que exigem conhecimento técnico, tanto em quantidade como em qualidade.
Já o Brasil e, em especial, Minas Gerais, é considerado um celeiro de talentos e referência internacional para muitas destas profissões.
Imigrantes ilegais
Apesar disso, ainda existem muitos mineiros que buscam entrar, sem documentos, nos Estados Unidos. Dos 520 imigrantes ilegais brasileiros deportados pela imigração em 2020, pelo menos um terço era proveniente de Minas Gerais. O Departamento de Estado norte americano, que no Brasil é representado pela Embaixada e consulados americanos, lançou recentemente em suas redes sociais uma campanha de conscientização para os perigos da imigração ilegal no país motivado pela quantidade de pessoas deportadas no ano passado.
“O mais lamentável é saber que muitas destas pessoas detidas e “retornadas” ao Brasil pelas autoridades americanas poderiam ter entrado de forma legal nos EUA se soubessem das muitas oportunidades para vistos e green cards que a Imigração americana oferece para imigrantes qualificados”, ressalta Rodrigo Costa.
“Minas Gerais já produziu alguns dos mais completos e bem-sucedidos profissionais brasileiros que atuam nos Estados Unidos, e a tendência é que este quadro se intensifique ainda mais nos próximos anos com as muitas oportunidades que a América tem oferecido para novos imigrantes. Nós, mineiros, certamente temos motivos de sobra para nos orgulharmos de nossas contribuições com os Estados Unidos”, completou.
Mineiros nos Estados Unidos
Existem diversos fatores que ajudam a explicar esta histórica da preferência do povo mineiro pelos Estados Unidos, e a maioria deles vêm dos anos 1940 e 1950. Neste período, centenas de americanos chegaram ao Brasil para trabalhar na construção de ferrovias e rodovias em Minas Gerais. Muitos deles constituíram família e ajudaram no desenvolvimento da Vale do Rio Doce e também na chegada dos primeiros cursos de inglês no estado.
Foi esta “colônia” de americanos que também trouxe para a região produtos que ainda não eram comercializados no Brasil, como a máquina de lavar e a torradeira, por exemplo. Começava assim o fascínio dos mineiros e o sonho de um dia visitar ou, quem sabe, até mesmo morar na América.
Algumas décadas depois, nos anos 1980, a inflação e grave crise econômica que o Brasil atravessava incentivou um “êxodo” de mineiros que chegaram de forma ilegal nos Estados Unidos. O país norte americano, por sua vez, atravessava uma época de grande crescimento financeiro. Foi neste período inclusive que o estado, em especial a cidade de Governador Valadares, recebeu a fama de ser um exportador de imigrantes ilegais, algo que tem mudado nos últimos anos.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.