A contaminação e as mortes pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) em Minas Gerais mais do que dobraram o ritmo em 2021, na comparação com o período entre o fim de 2020 e o pico da primeira onda, em junho de 2020, segundo dados das secretarias municipais de saúde. Uma média diária da desolação deixada pela COVID-19, no comparativo dos dois intervalos, mostrou que neste ano as mortes no estado se elevaram 112,4%, de 54,5 para 115,8 por dia. Os testes positivos escalaram 131%, passando de 2.498 para 5.782 a cada 24 horas.
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Levando-se em conta a média dos 10 municípios mais populosos de Minas Gerais (Belo Horizonte, Uberlândia, Contagem, Juiz de Fora, Betim, Montes Claros, Ribeirão das Neves, Uberaba, Governador Valadares e Ipatinga), que reúnem 6,5 milhões de habitantes, quase um terço do estado, o ritmo de mortes diário foi 74% mais acelerado em 2021 do que entre junho e dezembro últimos, de 2,38 mortes todos os dias para 4,14. Os casos confirmados saltaram 109%, de 92 para 192,1 na média a cada 24 horas.
Mais jovens
O patamar contínuo em nível elevado da ocupação de UTIs (80%) e leitos clínicos (77%) nesses municípios ajuda a entender a aceleração, principalmente quando se observa o perfil dos doentes, segundo médicos especialistas. Os internados com menos de 60 anos nos dois setores crescem mais rápido e são maioria nos hospitais. A conta é que com a queda da idade, o tempo de permanência aumenta, consequentemente menos leitos ficam disponíveis para o mesmo número de pacientes graves. O que não se sabe ainda é se a média de idade dos internados caiu por efeito das poucas doses de vacina em idosos, pela ação das variantes que contaminam mais e com mais gravidade os mais jovens ou se pelo somatório dos fatores.
“Números que assustam ainda mais que a quantidade (de mortes e de casos). Lembrando que mais internações indicam mortes futuras. (A probabilidade de morte dos internados em UTIs é) difícil (de se prever), depende do perfil, mas uns 20% é provável. Estamos na maior saturação da história e com diversos hospitais e cidades completamente sem leitos com claro efeito de gargalo na entrada da UTI”, declarou o médico Márcio Sommer Bittencourt, pesquisador do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital da Universidade de São Paulo (USP) e professor da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein. Em MG as UTIs estão com ocupação de 78,12% e os leitos clínicos 69,15%.
Dos 10 municípios mais populosos de Minas Gerais, Juiz de Fora foi onde as mortes pela COVID-19 aumentaram mais rápido neste ano. A cidade, de 568 mil habitantes, perdia 2,2 pacientes por dia para o vírus entre junho e dezembro de 2020 e passou a ter um ritmo 131,8% maior de óbitos em 2021, com 5,1 falecimentos diários. Na sequência, Uberlândia apresentou 124,2% de aceleração, de 3,3 para 7,4 mortes.
Casos e mortes
Minas registrou 3.830 casos e 57 mortes por COVID-19 em 24 horas. De acordo com o boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), ontem, o estado totaliza 928.402 casos e 19.605 mortes. A média móvel de casos é 5.904 diagnósticos positivos para o novo coronavírus. A curva de transmissão da doença indica que o contágio se mantém em alta no estado.
Número de vítimas cresce 67% na capital
Mesmo fora da Onda Roxa, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) regrediu a flexibilização aos níveis mais restritivos, no último sábado, principalmente devido à alta taxa de ocupação de leitos, que atualmente se encontra em 85,3% das UTIs e 69,6% de enfermarias. Entre as 10 cidades mais populosas de Minas Gerais, a capital é a quinta com maior aceleração de mortes em 2021, no comparativo da média diária com o pico estadual (junho) e o fim do não de 2020. Os óbitos diários subiram de 8,5 para 14,2, um compasso de 67% mais mortes. Os registros de infectados, que também reflete a ampla testagem, foi o que mais cresceu entre os municípios no período, com alta de 178,8%, passando de 288 para 803 por dia.
Para conter o avanço da infecção foram fechadas atividades como lojas diversas, boates e casas de show, feiras, exposições, congressos e seminários, shoppings centers, centros de comércio e galerias de lojas, cinemas e teatros, clubes de serviço e de lazer, academias, centros de ginástica e estabelecimentos de condicionamento físico, clínicas de estética e salões de beleza, parques de diversão e parques temáticos, bares, restaurantes e lanchonetes (para consumo interno).
De acordo com o médico epidemiologista da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) Belo Horizonte, Paulo Roberto Corrêa, o monitoramento da situação epidemiológica em BH permite checar com antecipação tendências de agravamento por ter ligação direta com todo o sistema de saúde, antevendo a falta de leitos e o aumento do índice de transmissão. “Por isso a medida da restrição das atividades econômicas foi tomada na semana passada, justamente com o intuito de reduzir a mobilidade e promover o afastamento, enquanto ocorre a vacinação. Mas temos ainda que receber mais vacinas para imunizar o público-alvo, seguindo a realidade de produção e distribuição do Ministério da Saúde e do estado. Paralelo a isso, continuar com o uso de máscaras, a etiqueta da tosse e o afastamento são essenciais”, destaca.
O médico afirma que em BH o número de adultos jovens nas UTIs ainda não se mostra tão intenso quanto em outros locais, mas atribui isso principalmente a reflexos do fim de ano e do carnaval, quando as pessoas relaxaram as medidas de prevenção ao contágio da doença. “Essa questão das variantes também é muito importante, pois estudos demonstram serem mais transmissíveis. Mas a nossa expectativa é de que não cheguemos a ter um novo pico, mas sim uma redução de casos e mortes com as medidas de restrição que tomamos. A gente acompanha a tendência, com os boletins de ocupações e de taxa de transmissão mostrando que o nível de alerta estava acionado. Aí disparamos antes as medidas restritivas e as barreiras sanitárias”, disse Corrêa.
Pressão em Juiz de Fora e Uberlândia
“As novas cepas do vírus (britânica e de Manaus) são mais transmissíveis e agressivas. Por isso o ritmo de procura por leitos disparou, chegando a ter uma fila de 450 pacientes esperando vagas. A prefeitura então reduziu o horário do comércio e fechou os bares. Há duas semanas, fechou completamente o comércio, instaurou toque de recolher e proibiu a venda de bebidas. Com isso, experimentamos uma redução na espera por vagas, de 250 pacientes atualmente”, disse o coordenador municipal da rede de urgência e emergência, Clauber Lourenço.
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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Após fechamento radical, mesmo antes da fase roxa do Programa Minas Consciente do governo estadual, a mais restritiva, Juiz de Fora se encontra com seus leitos de UTIs com 89,66% de ocupação. A vacinação registou 23.789 pessoas tendo recebido a primeira dose (4%) e 14.962 a segunda (2,7%). Os funcionários da saúde que estão na ativa e têm mais de 50 anos começam a ser vacinados hoje, bem como maiores de 84 anos. De acordo com a prefeitura, a disseminação de novas variantes do vírus compromete a saúde local, como vem ocorrendo no restante do país.
“Há um aumento do número de casos confirmados nos últimos 14 dias, que passou de 85 para a média de 278 nas últimas 24h. É possível perceber também que duas faixas etárias de 30 a 39 anos, com 4.784 casos, o que representa 23,5% dos infectados, e de idosos acima de 60 anos, com 4.296, o que representa 21% dos infectados, sendo os grupos mais afetados”, informou a prefeitura.
Todas as atividades presenciais estão suspensas por uma semana, o transporte coletivo opera com capacidade total sendo proibido passageiros em pé, a fiscalização nas ruas está sendo realizada por fiscais da prefeitura, agentes de trânsito, Procon e Guarda Municipal e apenas atividades essenciais estão permitidas.
Também na Onda Roxa e com toque de recolher desde o dia 22 de fevereiro e lei seca, Uberlândia apresenta uma ocupação de leitos de UTI em 100% há duas semanas, sendo que em 31 de dezembro de 2020 era de 86%. A Prefeitura de Uberlândia aponta uma diminuição da taxa de contágio da doença desde fevereiro, com medidas mais restritivas, de 1,25 (100 infectados transmitem para 125 pessoas), caiu para 1,04 (100 para 104).
Variantes
“As novas cepas do vírus (britânica e de Manaus) são mais transmissíveis e agressivas. Por isso o ritmo de procura por leitos disparou, chegando a ter uma fila de 450 pacientes esperando vagas. A prefeitura então reduziu o horário do comércio e fechou os bares. Há duas semanas, fechou completamente o comércio, instaurou toque de recolher e proibiu a venda de bebidas. Com isso, experimentamos uma redução na espera por vagas, de 250 pacientes atualmente”, disse o coordenador municipal da rede de urgência e emergência, Clauber Lourenço.
De acordo com Lourenço, as novas cepas trouxeram um agravamento significativo. “As pessoas levavam de 10 a 11 dias para o agravamento dos sintomas, hoje, com as variantes, em três dias a pessoas já está grave. O acometimento de pessoas não idosas aumentou demais, sobretudo pacientes graves e até muitas mortes de pessoas com menos de 30 anos. Isso tudo serve de alerta de que a pandemia não acabou e que precisamos manter as posturas de prevenção, o isolamento e a vacinação com urgência”, disse o médico de Uberlândia.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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