Sem leitos e sem amparo do governo. Essa é a situação encontrada pelos moradores de Sete Lagoas, Região Central de Minas Gerais. Como se não bastasse o aumento de casos na cidade e a falta de leitos para pacientes com COVID-19, autoridades municipais também encontram dificuldade de acesso a recursos do Estado. O município sofre com a falta de equipamentos para manter um leito em funcionamento, como respiradores, sedativos e antibióticos para o tratamento nas internações.
Leia Mais
COVID-19: infectologista da PBH alerta para possível 'crise funerária'Kalil convoca coletiva para anunciar novas restrições em BH'Se tivessem agido, Vale do Aço não estaria à beira de colapso', diz médicaLagoa da Prata: Medicamentos para intubação devem acabar em menos de 3 diasPolícia investiga desvio de vacinas por servidora em Janaúba“Estamos com quadro grave na cidade. Ampliamos cinco leitos recentemente, que estavam desativados, e todos eles já estão ocupados. Agora nossa alternativa é direcionar pacientes para outras cidades. Comunicamos e solicitamos amparo do estado sobre esta situação, mas ainda estamos aguardando algum posicionamento. Enquanto esperamos a resposta, estamos tentando arrumar alguma condição de ampliar essa rede”, lamentou.
Flávio também ressaltou sua preocupação com a falta de equipamentos para tratar os pacientes. “O aparelhamento é um outro problema, porque estamos tendo falta de medicações, insumos e isso tudo acaba tendo um impacto muito grande. Tentamos de todas as maneiras tentar adquirir e ampliar essa assistência, mas está muito complicado neste momento”, afirmou. Segundo o secretário, os antibióticos, sedativos, respiradores e monitores de CTI são os principais equipamentos que a secretaria tem enfrentado dificuldades de adquirir. "Toda composição de um leito para o paciente fica comprometida. É muito dinâmico, a gente repõe um e falta outro", completou.
O secretário informou ainda que as demais cidades da microrregião de Sete Lagoas, composta por outros 19 municípios, prestam suporte, mas ainda é muito fraco. “Deveria ter 28 leitos de enfermaria em Paraopeba e nunca foi feito. A cidade ficou aguardando recurso do governo e eles não efetivaram. Caetanópolis teve um suporte razoável, mas ainda é fraco frente à demanda que todas estas cidades apresentam”, afirmou.
“O Ministério Público Estadual (MPE) desabilitou leitos por ter identificado que não havia ocupação. Hoje, estamos sem nenhum”, informou.
“O Ministério Público Estadual (MPE) desabilitou leitos por ter identificado que não havia ocupação. Hoje, estamos sem nenhum”, informou.
Enquanto isso, Sete Lagoas vê o número de casos e mortes crescendo na cidade cada dia mais. De acordo com o boletim epidemiológico mais recente, divulgado nessa quarta-feira (10/3) pela prefeitura, Sete Lagoas tem 11.747 casos positivos para COVID-19, sendo 154 deles dentro do período de 24 horas. Outras 200 mortes foram registradas em decorrência de complicações da doença desde o início da pandemia.
Microrregião decide permanecer na onda vermelha
Sete Lagoas é uma microrregião do estado que engloba outras 19 cidades: Matozinhos, Paraopeba, Jaboticatubas, Papagaios, Caetanópolis, Prudente de Morais, Capim Branco, Cordisburgo, Maravilhas, Baldim, Santana de Pirapama, Inhaúma, Jequitibá, Pequi, Funilândia, Santana do Riacho, Cachoeira da Prata, Fortuna de Minas e Araçaí.
Todas estas cidades, juntas, avançaram para a onda amarela do programa “Minas Consciente” na última quinta-feira (4/3), mas sem motivos para comemorar. O avanço não significou que o município estava reduzindo índices de contaminação e internação por COVID-19.
Pensando nisso, o secretário municipal de saúde, prefeitos e demais autoridades decidiram permanecer na onda vermelha.
Pensando nisso, o secretário municipal de saúde, prefeitos e demais autoridades decidiram permanecer na onda vermelha.
Sete Lagoas adotou ainda restrições mais rigorosas, da fase roxa, que inclui toque de recolher. O decreto, publicado na segunda-feira (8/3), fecha todo comércio e proíbe circulação de pessoas entre 20h e 5h. Segundo o prefeito Duílio de Castro (Patriotas), a medida foi tomada para evitar aglomeração, principalmente em bares e restaurantes.
“Vamos trancar a cidade para evitar de tomarmos medidas mais sérias. Antes , estava longe. Agora, chegou perto de nós. Não há outro caminho senão tomar medidas mais restritivas. A partir das 20h, os bares e restaurantes deverão estar fechados, nem delivery poderá funcionar. Porque se não for assim, não tem sentido. As pessoas vão continuar circulando nas ruas depois deste horário”, analisou o prefeito.
Confira o que é autorizado na onda vermelha
- Supermercados, padarias, lanchonetes, lojas de conveniência;
- Bares e restaurantes (somente para delivery ou retirada no balcão);
- Açougues, peixarias, hortifrutigranjeiros;
- Serviços de ambulantes de alimentação;
- Farmácias, drogarias, lojas de cosméticos, lavanderias, pet shop;
- Bancos, casas lotéricas, cooperativas de crédito;
- Vigilância e segurança privada;
- Serviços de reparo e manutenção;
- Lojas de informática e aparelhos de comunicação;
- Hotéis, motéis, campings, alojamentos e pensões;
- Construção civil e obras de infraestrutura;
- Comércio de veículos, peças e acessórios automotores.
Outras cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) também enfrentam a mesma situação de Sete Lagoas: Ibirité, Ribeirão das Neves, Barão de Cocais e várias outras atingiram 100% de ocupação dos leitos de UTI.
Confira o posicionamento da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG):
"Desde março de 2020, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) vem fomentando a ampliação de leitos de terapia intensiva no estado. Uma das primeiras ações foi a aquisição de 1.047 respiradores que permitiu que o Estado ampliasse o número de leitos de UTI, muitos deles em municípios que nunca tinham contado com unidades de terapia intensiva. Minas Gerais contava com 2.072 leitos de UTI e, atualmente, possui 4.209.
Na macrorregião centro, em fevereiro de 2020, havia 791 leitos de terapia intensiva e atualmente conta com 1.250; um aumento de 58%.
Essa ampliação é resultado de esforço conjunto entre SES, prestadores, governo federal e gestores municipais. Além do fomento da ampliação de leitos, o estado realiza o custeio dos leitos de terapia intensiva que não tiveram suas habilitações prorrogadas pelo MS."