Jornal Estado de Minas

COVID-19

BH: 'Não adianta ter plano de saúde', diz infectologista Carlos Starling

O infectologista e membro do Comitê de Enfrentamento à COVID-19 da Prefeitura de Belo Horizonte, Carlos Starling,  alertou para o colapso do sistema de saúde da capital, caso a doença não seja contida. A fala foi nesta sexta-feira (12/3), após a coletiva do prefeito Alexandre Kalil, que anunciou novas restrições na cidade.




 
“Certamente nós ainda não tínhamos visto a pior face dessa epidemia. Estamos começando a ver essa pior face agora. Unidades de terapia intensiva com 85% de ocupação, significa que a margem para poder fazer o manejo de leitos é muito pequena. Acima disso, qualquer coisa significa colapso. E colapsando o sistema, não adianta ter plano de saúde. Não vai conseguir internar”, disse.

Ele lembrou que essa situação já pode ser vista em algumas cidades do interior de Minas. "Temos visto isso acontecer em várias cidades do interior, onde as pessoas estão tendo que ser assistidas em casa, comprando bala de oxigênio, levando para casa.”

O infectologista fez referência, ainda, ao colapso vivido na cidade de Manaus e as novas cepas do coronavírus. “O que nós vimos em Manaus está chegando bem perto da gente. As novas variantes que estão circulando, além de mais transmissíveis, já tem trabalhos mostrando que elas, também, são mais letais. Isso é extremamente grave, atinge outras faixas etárias.” 

Segundo ele, atualmente, as pessoas acometidas pelas novas variantes da COVID-19 são mais jovens. “Isso é de uma gravidade extrema. O momento atual é de muita reflexão e muita atenção por parte de toda a população”.





Starling reforçou que as medidas de isolamento devem ser cumpridas. “É o momento de ficar em casa e circular o mínimo possível. E se tiver que fazer isso, fazer com máscara, distanciamento e todos os princípios de higiene.” 

“É um apelo. As pessoas que hoje estão saindo de casa para trabalhar, atividades que ainda estão mobilizando devem rever isso imediatamente. Não é possível, neste momento, garantir a segurança de ninguém, em nenhum espaço onde haja o mínimo de aglomeração. O vírus está circulando de forma rápida, é mais agressivo, é mais transmissível e pode fazer com que tenhamos o número de mortes em ascensão no país inteiro. Belo Horizonte não é uma ilha”, finalizou.

Medidas mais restritivas e lockdown descartado


O prefeito Alexandre Kalil anunciou, na tarde desta sexta-feira, medidas mais restritivas para o funcionamento do comércio não essencial de Belo Horizonte e mais rigor na fiscalização. O objetivo é tentar conter a disseminação do coronavírus na cidade e evitar o colapso no sistema de saúde. 

Foram anunciadas nove medidas de restrição, sendo que duas começam a valer a partir deste sábado (13/3) e as demais na segunda-feira (15/3). 





Além disso, o prefeito divulgou a compra de 4 milhões de doses de vacina russa Sputnik V. Os exemplares devem custar cerca de R$ 200 milhões.

O prefeito descartou ainda o lockdown na cidade. 'Não temos mais o que fechar', disse.
 

 
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria
 

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