Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

BH: fechamento de praças e parques não impede atividade física ao ar livre

Não pode na calçada ou na pista? Só ir para o meio da via. Com esse pensamento, milhares de pessoas saíram às ruas de Belo Horizonte na manhã deste sábado (13/03) para praticar atividades físicas ao ar livre, como caminhadas e corridas, várias sem máscara de proteção. Segundo novo decreto publicado justamente neste sábado, “ficam suspensas, por prazo indeterminado, a utilização de praças, pistas de caminhada ou de corrida e outros locais públicos para a prática de atividades de esporte e lazer coletivas ou individuais com potencial de aglomeração de pessoas” (clique aqui para mais detalhes).





Apesar da nova lei, publicada para tentar conter o avanço da pandemia de COVID-19, não era difícil encontrar pessoas praticando atividades físicas nas ruas, em alguns pontos até com aglomerações. O primeiro ponto que a reportagem do Estado de Minas esteve presente, por volta das 9h, foi na Praça da Liberdade, Região Centro-Sul de BH.

As grades estavam sendo colocadas por funcionários da prefeitura, e a ação pegou algumas pessoas de surpresa. Um deles é figura conhecida de torcedores do América – onde é ídolo – e do Atlético: Marco Antônio Milagres, ex-jogador de futebol e ex-goleiro de Flamengo, América, Santa Cruz, Atlético e Uberaba. Ele concorda com as medidas propostas pelo prefeito belo-horizontino Alexandre Kalil (PSD), mas discorda do gradeamento da praça.

Milagres caminhava com a esposa antes de a Praça da Liberdade ser gradeada (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
“É necessário nós, como seres humanos, termos consciência. Vimos que no fim de ano, no carnaval, algumas pessoas extrapolaram bastante com festas privativas. Isso, com certeza, aumentou a curva. A gente preza para que todos nós tenhamos mais consciência", afirmou Milagres. 



"O que a gente fica triste, igual estamos aqui na Praça da Liberdade, estão começando a gradear a praça toda. Não tem aglomeração aqui, se você tem oportunidade de sair para dar uma caminhada ao ar livre, porque atividade física faz parte também de uma forma preventiva com relação à pandemia. Aí você vê uma atitude de gradear a praça toda a gente fica triste, pois tira uma opção de lazer que praticamente está quase inexistente a todos nós”, completou o ex-goleiro.

Paulo Mendes, de 65 anos e que mora próximo na região, não se conformou com a atitude. Ele também lembra o fechamento do Hospital de Campanha do governo de Minas, no Expominas, Região Oeste de BH, em agosto de 2020, sem que um paciente fosse atendido.

“Moro aqui próximo, venho sempre fazer caminhada na praça, uma hora por dia, tenho 65 anos, e acredito que muita gente está usando aqui para a saúde. Mas o que me chama mais atenção é que no ano passado, quando abriu no Expominas o hospital, uma pessoa participou da abertura e me disse que nenhuma pessoa foi atendida lá, e dizem que sabiam da segunda onda. Por que fechou então?”, afirmou.



O Hospital da Campanha citado era responsabilidade do governo de Minas, e não da Prefeitura de BH, como indicou o entrevistado.

Gradeamento da Praça da Liberdade começou por volta das 9h (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Na Praça da Assembleia, Região Centro-Sul de BH, o cenário foi o mesmo: a reportagem se deparou com pessoas sendo surpreendidas com a instalação de grades. A movimentação também era intensa, com algumas pessoas sem usar máscaras de proteção.

Praça da Assembleia teve movimento intenso antes e enquanto era gradeada (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Na Praça da Lagoa Seca, no Belvedere, na Região Centro-Sul, a situação era mais crítica. O movimento era mais intenso que nos demais locais visitados pela reportagem e diversas pessoas se exercitavam sem usar máscara, medida indicada durante a pandemia de COVID-19.

Com o grande número de pessoas e aglomerações pelo local, a Guarda Civil Municipal se fez presente. Mesmo com a presença dela, contudo, algumas pessoas seguiam de máscara. Uma viatura com som alto foi usada para tentar conter a situação. As grades também estavam colocadas no local errado, sem limitar o acesso às calçadas.





“A Guarda Municipal está junto com você no enfrentamento ao coronavírus. Agora, precisamos do seu apoio e de seus familiares. O uso de máscaras de proteção se tornou obrigatório em nossa cidade. Esse equipamento deve ser utilizado nos espaços públicos e no comércio. Faça sua parte, utilize máscaras de proteção e nos ajuda a vencer o coronavírus”, dizia o alto falante.

A reação de algumas pessoas que não usavam máscaras e estavam sendo fotografadas ou filmadas não foi das melhores. Uma delas, um homem que corria sem máscara, mostrou o dedo médio à reportagem durante uma filmagem.

Na Lagoa da Pampulha, guarda oferecia máscara a quem estivesse sem equipamento (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Na orla da Lagoa da Pampulha, na região de mesmo nome, o cenário era calmo. Sem grades pela orla e com fiscalização por meio da Guarda Municipal, o movimento era menor do que o observado pela reportagem nos demais pontos.



Aumento de casos motivou restrições


Desde o último sábado (06/03), somente serviços essenciais podem funcionar na cidade, sendo esse o quarto fechamento do comércio em BH desde março de 2020, com o começo da pandemia. Um novo avanço do coronavírus motivou as ações tomadas pela prefeitura.

BH chegou nessa sexta-feira (12/03) a 122.302 diagnósticos confirmados da COVID-19: 2.885 mortes, 6.355 pacientes em acompanhamento e 113.062 recuperados. Em comparação ao balanço anterior, houve registro de mais 16 mortes e 1.465 casos.

A taxa de transmissão do novo coronavírus bateu recorde pelo segundo dia consecutivo em Belo Horizonte nessa sexta. Conforme boletim epidemiológico e assistencial da prefeitura, o indicador está em 1,25 e se mantém na zona crítica da escala de risco.

Isso quer dizer que a cada 100 infectados em BH, mais 125 pessoas se tornam vítimas da pandemia. O boletim da última quinta-feira (11/03), outro recorde, atestou um índice de 1,22. 

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