Segundo o promotor Luciano Sotero, a transferência da criança ocorreu graças a iniciativa rápida da direção do hospital e do Ministério Público de Minas Gerais. "Eu diria que foi uma bênção termos conseguido essa vaga para essa criança de forma tão rápida, porque em média, aqui em Guanhães, para nós conseguimos leitos UTI na capital, esperamos cerca de uma semana", disse. A transferência foi feita na sexta-feira (12/3) e a criança finalmente foi entubada em um hospital de Belo Horizonte.
O relato sobre a transferência da criança serviu para o promotor ilustrar a situação grave em que se encontra o município de Guanhães e a microrregião de saúde do entorno. Ele disse que vê com perplexidade as pessoas nas ruas e nas redes sociais negando a COVID-19, acreditando em fakenews.
"Não existe remédio para tratar essa doença. Não existe cloroquina, não existe ivermectina. O remédio contra a COVID-19 é distanciamento, isolamento, vacina e uso de máscaras. Não existe solução mágica", disse.
Apesar do negacionismo de muitos, o promotor elogiou a ação coodernada dos prefeitos da microrregião de Guanhães, que se uniram para tomar medidas duras contra o avanço da COVID-19, como aquelas descritas no decreto municipal, publicado pela Prefeitura de Guanhães, e outras ações adotadas nas demais cidades.
"Essa microrregião que sempre foi esquecida, mas hoje, ganha visibilidade em razão de ter se articulado para criação de políticas públicas no enfrentamento da pandemia", fisse.
Luciano Sotero disse também que, mesmo sendo "uma microrregião pequena, pobre de recursos financeiros, médicos e técnicos está se sobressaindo positivamente por adotar posturas técnicas, respaldadas pelas autoridades sanitárias, evitando-se assim a adoção de posturas negacionistas e anticientíficas".
Medidas restritivas
Sobre a Lei Seca em Guanhães, o promotor disse que a proibição de vender bebidas alcoólicas, especialmente cerveja, vai inibir a realização das festinhas de fim de semana, dos churrascos, o funcionamento dos bares, onde as pessoas vão sem máscaras e acabam espalhando o novo coronavírus.
E a proibição de realizar cultos e missas, de forma presencial, nos templos, segundo o promotor, foi uma decidida porque em um local fechado, nem mesmo a máscara facial cobrindo nariz e boca, evita totalmente a propagação do vírus.
A esperança do grupo de prefeitos e do MP é que, no período de 21 dias, o colapso total seja evitado e as vidas que estão sob risco sejam poupadas. "Tenham empatia, sintam a dor do outro", pediu o promotor para aqueles que resistem em obedecer as normas de enfrentamento da pandemia.
Neste sábado (13/3), os médicos Daniel Pimenta e Renan Mendes, do Hospital Imaculada Conceição de Guanhães, fizeram um apelo nas redes sociais do HIC, pedindo as pessoas ficarem em casa e evitar aglomerações. Segundo eles, a ocupação de leitos do setor COVID-19 do HIC chegou a 80% e o hospital corre o risco de entrar em colapso a qualquer momento.