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Estado de Minas SEM COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA

Com 98% dos leitos ocupados, Itajubá indica ivermectina para tratar COVID

Kit estará disponível nos postos de saúde a partir desta segunda (15). Especialista explica que não há estudo científico comprovando eficácia de medicamento


14/03/2021 16:58 - atualizado 14/03/2021 18:19

Prefeito e vice-prefeito, que também é secretário de Saúde, na indicação dos medicamentos para tratamento precoce da COVID(foto: reprodução prefeitura de Itajubá)
Prefeito e vice-prefeito, que também é secretário de Saúde, na indicação dos medicamentos para tratamento precoce da COVID (foto: reprodução prefeitura de Itajubá)

O prefeito de Itajubá, Chritian Gonçalves, e o vice-prefeito e secretário de Saúde, Nilo Baracho, que é médico, divulgaram um vídeo em que afirmam que, a partir da próxima segunda-feira, 15 de março, a prefeitura de Itajubá vai disponibilizar os medicamentos ivermectina, zinco e vitamina D para serem utilizados no tratamento precoce da COVID-19.

 

A decisão foi tomada após um surto de novos casos e mortes em decorrência do coronavírus na cidade. Porém, não há, até o momento, estudo científico que comprove a eficácia da ivermectina, principal medicamento desse kit, no combate à COVID, ou mesmo a eficiência do tratamento precoce da doença.

 

“Estamos aqui para anunciamos mais uma importante medida no combate à COVID-19. A partir dessa segunda-feira, 15 de março, nós iremos disponibilizar em nossos postos de saúde, os medicamentos ivermectina, zinco e vitamina D para o tratamento precoce no combate à COVID-19”, afirma o prefeito que ainda explicou que os medicamentos foram doados por uma farmácia da cidade.

 

“Dessa forma, os nossos médicos dos postos de saúde poderão prescrever esses medicamentos. É muito importante ressaltar que ao aparecimento dos primeiros sintomas sugestivos de COVID-19, você deve procurar tratamento médico”, diz no vídeo o vice-prefeito e secretário de Saúde.

 

Medicamento sem comprovação científica

 

A médica infectologista Lívia Vitale, consultada pela reportagem do Estado de Minas, explica não há comprovação científica do uso desses medicamentos e não existe tratamento precoce. O que existe é o tratamento preventivo, as maneiras de se evitar a ser contaminado pela COVID-19, que é o uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos e a vacina. “Então, enquanto não chega a vacina, nós não temos outra opção”, afirma a infectologista.

 

A especialista também afirma que a indicação desses medicamentos pode desviar o foco no combate à pandemia e essa indicação acontece apenas no Brasil. “Se fosse verdade tudo isso, porque os outros países não estariam usando? São tratamento milagrosos que não tem nenhuma comprovação científica. E que, inclusive, pode fazer mal”, alerta Lívia Vitale: “A ivermectina em alta doses pode dar uma hepatite medicamentosa e convulsões”.

 

“Não existe nenhuma, nenhuma comprovação científica. O que existe são algumas pessoas que usaram, e aí, como a maioria das pessoas melhora com ou sem, apesar desses medicamentos, aqui no Brasil nossos líderes querem trazer tratamentos para incentivar as pessoas continuar na vida ‘normal’, e a gente sabe que isso não é possível”, finaliza a infectologista que ainda citou os dois estudos mais recentes sobre o uso desses medicamentos e publicados em revistas médicas de maior prestígio no mundo.

 

Após repercussão com comentários divergentes sobre indicação de kit, a prefeitura excluiu o vídeo de sua página no Facebook.

 

Itajubá tem maior número de mortes do Sul de Minas

 

Itajubá é a cidade do Sul de Minas com o maior número de mortes por COVID-19. De acordo com o boletim da prefeitura, divulgado na noite deste sábado (13/3), são 168 óbitos em decorrência da doença. Na semana, foram confirmadas 29 mortes na cidade. O número de novos casos de moradores infectados na semana foram de 572.  A ocupação dos leitos de UTI e enfermaria está em 98% na microrregião de Itajubá. 


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