Foi preso em Guarapari, no Espírito Santo, o homem de 53 anos que atirou contra os vizinhos durante uma reunião de condomínio em 25 de fevereiro no Bairro Sagrada Família, Região Leste de Belo Horizonte. A motivação do crime seria a revolta dele com o barulho do cachorro de uma moradora, que foi atingida por um dos disparos. A prisão foi tema de uma coletiva de imprensa da Polícia Civil na manhã desta segunda-feira (15/3).
A vítima, que tem 41 anos, contou na época que o vizinho usou um grupo de WhatsApp dos moradores para reclamar do animal de estimação dela, mas a mulher explicou que já havia levado o cão para um hotelzinho de animais, uma espécie de “creche”. O síndico, de 35 anos, que é cunhado dela, resolveu marcar uma reunião para que conversassem sobre o assunto.
No entanto, o homem desceu armado para o estacionamento, onde o encontro seria realizado. Ele se exaltou e fez vários disparos. Um deles atingiu a perna da mulher. O projétil, de calibre ponto 40, provocou uma fratura exposta. Ele tentou atirar contra o síndico, mas acabou atingindo uma pilastra. Em seguida, ele fugiu do prédio.
O suspeito, que é um agente penitenciário aposentado, tem porte de arma e vivia sozinho no apartamento. As investigações tiveram início e investigadores chegaram a cumprir um mandado de busca e apreensão no imóvel dele.
Responsável pela investigação, o delegado Eduardo Hilbert conta que, após a fuga, o homem passou a noite na região da rodoviária de Belo Horizonte e comprou uma passagem para Guarapari. Ele não teve ajuda.
“Ele procurou uma imobiliária na cidade e alugou um imóvel por um prazo extenso. Ele tinha mesmo a intenção de se esconder naquele local. Em nenhum momento pensou em se apresentar”, comenta o delegado.
A polícia, então, representou na Justiça pela prisão preventiva do suspeito por dupla tentativa de homicídio. O mandado foi expedido e cumprido na quinta-feira passada (11/3) com apoio da Polícia Civil do Espírito Santo.
“Foram mais de 36 horas de diligências, persistimos ali naquele local. Não houve resistência por parte do investigado, uma vez que ele foi surpreendido pela nossa equipe em um momento em que precisou sair do apartamento”, contou Hilbert. “O investigado, inicialmente, disse que não tinha interesse em ceifar a vida das vítimas, mas não soube explicar por que desceu para a reunião de condomínio com uma arma de fogo”, disse.
Ainda de acordo com o delegado, ele estava com a pistola usada no crime no momento da prisão. “Assim que evadiu para o estado do Espírito Santo ele levou consigo a arma de fogo. No momento da prisão, ela estava municiada para pronto emprego”, detalhou o delegado.
Também presente na coletiva, o delegado regional Eric Brandão, do 1º Departamento da Polícia Civil, disse que o apoio dos investigadores do Espírito Santo foi essencial. “A diligência foi feita de forma conjunta com os policiais daquele estado. Eles não mediram esforços para nos receber e, principalmente, prestar todo o apoio para nós. O suporte que foi oferecido foi fundamental para a localização do indivíduo”, enfatizou.
Conforme a polícia civil, antes do caso em BH, o agente penitenciário aposentado teve uma passagem pela polícia em 1997 por um crime de menor potencial ofensivo. O homem foi indiciado por dupla tentativa de homicídio, qualificado motivo fútil e impossibilidade de defesa das vítimas. Se condenado, as penas serão somadas. Para exemplificar, o delegado explicou que, no caso de homicídio qualificado, a pena varia entre 12 e 30 anos de prisão. Mas, como houve uma tentativa, o tempo pode ser reduzido.
Ainda segundo o delegado, a mulher ferida ainda se encontra em processo de recuperação. “Foi uma cirurgia delicada na perna direita. Houve uma fratura exposta por causa do disparo de ponto 40. Ela vem se recuperando bem, mas terá que passar por fisioterapia, todos os cuidados médicos”.