Com um apelo para agilizar a vacinação e a consciência de cada brasileiro para que siga as regras de isolamento social e as medidas de proteção contra a infecção da COVID-19, a Associação Médica Brasileira (AMB) anunciou ontem a criação de Comitê Extraordinário para Monitoramento da COVID-19 (CEM-COVID).
A iniciativa reúne 27 federações e 54 sociedades médicas do país. Em Carta Aberta ao Brasileiros, as entidades defendem, além da imunização em larga escala, a obediência às regras de proteção – como o distanciamento e o uso correto de máscara. E ainda iniciativas contínuas de testagem e rastreio.
Evitando criticar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ou os gestores do Ministério da Saúde, o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes, disse que as signatárias da Carta aos Brasileiros pregam as medidas de protocolo sanitário. E que qualquer pessoa contrária a isso, "não tem nosso apoio. O presidente da República é responsável pelo que fala e as atitudes que toma. Tem ônus e bônus de suas atitudes", completou.
O presidente da Sociedade Paulista de Medicina (SPM), José Luiz Gomes do Amaral, disse que a maioria dos médicos acorda todos os dias esperando sinalizações positivas da área federal. "Gostaria de ter acordado hoje com uma notícia concreta. Uma posição firme com relação àquilo que nós, brasileiros, precisamos. Quando chegarão os 280 milhões de doses da vacina, o que significa imunizar plenamente 70% dos brasileiros? Isso é o que precisamos para hoje."
RITMO LENTO
Em 57 dias de vacinação, foram imunizadas 50 mil pessoas por dia, contabilizou o médico. "Nesse ritmo, serão sete anos para imunizar o país." Amaral ressaltou que o Brasil já chegou a vacinar 1 milhão de pessoas por dia em outras campanhas nacionais.
Ele classificou de ‘trágica’ a situação de isolamento social, que caiu 12% na semana passada. "Se conseguíssemos chegar a 60% do isolamento social, reduziríamos o índice de contágio a 70% e, portanto, de mortes." A adesão ao isolamento do país é de 33,4%, segundo a AMB.
Clovis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, disse estar muito preocupado. "É o momento mais crítico. Momento único, doloroso, traumático e dramático. De não ter leitos para oferecer nas redes pública e privada."
O médico lamenta que a sociedade brasileira "não tenha se sensibilizado" e reforçou o alerta: “Só há duas maneiras de sair dessa situação: medidas preventivas e vacinação em massa."