Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Estudo mostra que afrouxamento das restrições causou o colapso em Minas

Um estudo elaborado por professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF/Câmpus Governador Valadares), divulgado em 13/3, concluiu, entre outras temas, que a situação caótica vivida pelas cidades mineiras em relação à pandemia do novo coronavírus é resultado do afrouxamento das medidas de prevenção e controle da doença.



Divulgado no boletim epidemiológico do Programa "COVID ZERO", o estudo detalha a ocorrência da doença em quatro cidades mineiras: Belo Horizonte, Ipatinga, Governador Valadares e Juiz de Fora.

 
O COVID ZERO concluiu também que Governador Valadares apresentou, na nona semana epidemiológica de 2021, um pico na incidência de casos de COVID-19 superior a períodos como julho e dezembro de 2020, com 101,41 casos por 100 mil habitantes.

Em Ipatinga também foi observado aumento na incidência da doença a partir de fevereiro de 2021, com 119,81 casos/100 mil habitantes em 11 de março de 2021. 

A equipe de professores que elaborou a pesquisa mostrou dados robustos provando que o início do ano não tem sido confortável em relação à incidência da doença em Belo Horizonte.

Em Juiz de Fora, segundo o estudo da UFJF, o aumento progressivo da incidência de COVID-19 vem acontecendo desde novembro de 2020.
 
"O afrouxamento das medidas de prevenção e controle da doença pela população e pelo poder público, associado a importantes datas comemorativas como Natal, virada do ano, carnaval, e à retomada das atividades escolares na forma presencial podem contribuir para este aumento dos casos em diferentes territórios. Como agravante, temos a confirmação de circulação das variantes P1 e P2 na capital mineira e a possibilidade de interiorização da mesma", informaram os pesquisadores. 




 

Mortalidade por COVID-19


O Programa COVID ZERO, da UFJF/GV, apresentou, ainda, o coeficiente de mortalidade, que representa o risco de qualquer indivíduo de uma determinada população ir a óbito por determinada doença/agravo, em determinado espaço de tempo.

"O coeficiente letalidade, por sua vez, representa a proporção de óbitos entre os casos da doença, sendo um indicativo da gravidade da doença/agravo na população", disseram os pesquisadores.

Gráfico com coeficiente de mortalidade por COVID-19 em Governador Valadares, Ipatinga, Juiz de Fora e Belo Horizonte (foto: Gráfico COVID ZERO UFJF/GV)

"A letalidade é um indicador que deve ser avaliado com cuidado, pois depende da capacidade de testagem/diagnóstico local, nem sempre refletindo a realidade", ressaltaram os profissionais da UFJF/GV.

Segundo a pesquisa, as maiores taxas de letalidade foram registradas em Juiz de Fora e Governador Valadares: 4% e 3,7%, respectivamente, superiores aos valores nacional e estadual.

A mortalidade de Ipatinga é inferior à de Governador Valadares, mesmo apresentando maior incidência da COVID-19.




 
Além disso, Ipatinga apresenta a menor letalidade entre os municípios avaliados, sendo, inclusive, inferior à do estado e do país.

Fatores como disponibilidade/ampliação diagnóstica e capacidade e qualidade assistencial devem ser investigadas e podem estar relacionadas a essa situação.

Gráfico com a incidência de casos de COVID-19 em Governador Valadares, Ipatinga, Juiz de Fora e Belo Horizonte (foto: Gráfico COVID ZERO UFJF/GV)


Os professores que elaboraram o estudo afirmam que é importante ressaltar que as baixas taxas de detecção do RNA do SARS-CoV-2 em crianças não excluem necessariamente que as crianças sejam os principais fatores de transmissão.

Existem dois cenários possíveis:

  • Bebês e crianças podem apresentar uma suscetibilidade reduzida à infecção em comparação com adultos. 
  • A manifestação da doença leve ou assintomática em crianças escapa da detecção, resultando em uma subestimação da taxa real de infecção. 
A apresentação clínica leve ou a natureza assintomática das infecções pediátricas de SARS-CoV-2 podem ser um fator oculto da pandemia, especialmente quando a capacidade limitada de teste introduz uma tendência para casos mais graves.
 
"A maioria dos estudos teve um tamanho de amostra relativamente pequeno, principalmente no que diz respeito a crianças pequenas. Nesse sentido, parece ainda faltar uma base sólida para a implementação de medidas de longo alcance, como o fechamento de escolas de ensino fundamental e creches, para o controle da transmissão da pandemia COVID-19", concluiu o estudo.
 
Para saber mais sobre o Programa COVID ZERO, acesse o web site do programa: https://covidzero.ufjf.br/ 





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