O drama jamais imaginado da falta de leitos hospitalares, diante do avanço da pandemia do coronavírus, é enfrentado em praticamente todas as regiões de Minas Gerais, e acende o alerta vermelho. Com a expansão diária de novos casos de contaminação e de mortes provocadas pela doença respiratória, a demanda por internações cresceu desenfreadamente desde o início de março, período considerado o mais grave de toda a ocorrência da COVID-19 no Brasil. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), há pelo menos 200 pessoas à espera de vaga em unidades de terapia intensiva (UTIs) em todo o estado.
O desespero é de pacientes e seus familiares, que nem sempre têm a resposta das autoridades de saúde, em meio ao caos enfrentado nos hospitais, com lotação máxima de internados. Quando faltam leitos, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) avalia critérios baseados em condições clínicas dos pacientes, e, claro, o nível de gravidade de cada caso, para buscar alternativa de internação numa lista de hospitais e municípios de referência. Uma preocupação é não pressionar aquelas regiões que já funcionam como polo de atendimento à saúde. Depois disso, é que são realizados os trâmites para a transferência.
Há situações em que no próprio hospital onde não existe leito de UTI disponível interna-se o paciente em enfermarias equipadas, caso ele não necessite de respiradores mecânicos, a exemplo do que fez Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, e Governador Valadares, no Leste do estado. Os hospitais também recorrem à rede SUS Fácil, do Sistema Único de Saúde, que redirecionam os pacientes para a unidade de saúde mais próxima, se possível em municípios vizinhos que dispuserem de vaga.
Com a crise imposta pelo avanço da COVID-19, há pacientes que estão sendo transferidos para hospitais de cidades distantes. Foi o que ocorreu com um paciente de Santa Bárbara, na Região Central de Minas, transferido para hospital de Diamantina, porta de entrada do Vale do Jequitinhonha. A distância entre os dois municípios é de 192 quilômetros.
Em Montes Claros, no Norte de Minas, os próprios corredores das unidades de saúde estão sendo usados para abrigar e tratar os paciente. “Internam-se pacientes nos corredores, sim. Havendo necessidade, infelizmente”, diz a secretária de Saúde da cidade, Dulce Pimenta. Divinópolis, no Centro-Oeste, tem os 25 leitos de UTI ocupados, incluindo a ala infantil. Entre os pacientes, também está uma pessoa de 18 anos. Na enfermaria, o cenário não é diferente, todas as 12 vagas disponíveis estão esgotadas. Minas Gerais registrou 980.687 diagnósticos de COVID-19 e o número de mortes alcançou 20.715.
O governo de Minas informa ter praticamente dobrado a quantidade de leitos, de 2 mil para mais de 4 mil no último ano, mas alega que a oferta não tem sido suficiente. Depois que as taxas de ocupação de leitos de UTI dedicados ao tratamento de pacientes com COVID-19 e de outras enfermidades passaram a ser divulgadas separadamente, os dados assustam.
Apenas a macrorregião do Jequitinhonha está num patamar avaliado como satisfatório, com 52% das alas de equipamentos hospitalares/COVID-19 e 67% daquelas destinadas a pacientes com outras doenças estão sendo utilizadas. Várias cidades passaram a receber doentes transferidos de outras regiões, o que contribuiu para que algumas delas entrassem em colapso. A taxa média de ocupação de leitos em Minas é de 86,16%.
Nomeado pelo governador Romeu Zema (Novo) na segunda-feira, o secretário de Estado de saúde, Fábio Baccheretti, disse que o problema em Minas não passa pela aquisição de novas UTIs, e sim pela busca de novos profissionais. “Espaço para abertura de leitos temos, mas não temos o profissional. O papel da sociedade é fundamental para que a gente alivie esses números.”
Assistência
Em nota, a SES-MG informou que leva em consideração critérios clínicos e a gravidade do caso de cada paciente para a identificação do leito mais adequado no estado. Atualmente, o estado conta com uma relação dos hospitais e municípios de referência em todas as regiões para receber internados. “Após a análise dos dados mencionados, e sendo evidenciado que o recebimento de pacientes de outras macrorregiões não irá impactar na assistência do território, a regulação estadual realiza os trâmites para confirmação de leitos disponíveis e transferência dos pacientes.”
Nas duas maiores cidades do Leste de Minas, Governador Valadares e Ipatinga, sedes de macrorregiões de saúde, os leitos UTI/COVID-19 da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) chegaram ao limite de sua capacidade durante a última semana. Os pacientes que chegam aos hospitais em estado grave são direcionados a outros hospitais por meio da Rede SUS Fácil.
Alarmante
Desde o dia 2, os hospitais de Montes Claros atingiram lotação máxima de leitos clínicos e de UTIs para pacientes contaminados pela COVID-19. A prefeitura implantou dois hospitais de campanha e credenciou leitos clínicos e de UTI para pacientes com coronavirus em outros três hospitais – aumento de 102 leitos específicos para a doença.
Mas, segundo a secretária de Saúde, Dulce Pimenta, com o avanço da pandemia, persiste o problema da falta de vagas. “Internam-se pacientes nos corredores, sim. Havendo necessidade, infelizmente. É melhor do que mandá-lo para casa.”
Enquanto o Hospital Regional José Alencar, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, aguarda a habilitação de quase 30 novos leitos para pacientes infectados pelo novo coronavírus, pela primeira vez a taxa de ocupação dos leitos UTI/COVID da rede pública do município chegou aos 100%.
Pertencentes à microrregião de Itabira, Barão de Cocais e Santa Bárbara se encontram saturadas e já estão dependendo de vagas em cidades mais distantes para atendimento dos pacientes graves. Na sexta-feira, um paciente de Santa Bárbara que precisava de vaga em UTI conseguiu transferência para Diamantina. Em Barão de Cocais, a situação é a mesma. Com a saturação em Itabira, pacientes graves esperam vagas pela Central do Estado. (*Amanda Quintiliano/Especial para o EM)
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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