Jornal Estado de Minas

GREVE ATÉ QUINTA

Paralisação nacional de motoristas de aplicativo tem baixa adesão em BH

Convocada para esta quarta-feira (17/3), a greve dos motoristas de aplicativos de transportes teve baixa adesão em Belo Horizonte. O ato, que envolve das plataformas Uber, 99, Cabify e Indriver, propõe paralisação do serviço por 24 horas. Articulado em todas as capitais brasileiras, o movimento pede que as empresas reajustem as tarifas com a atualização do valor do quilômetro rodado. A categoria também reivindica o fim das promoções 99 Poupa e Uber Promo, que reduzem a remuneração ao conceder descontos aos usuários.  

Em Belo Horizonte, a greve é liderada pela Frente de Apoio Nacional dos Motoristas Autônomos (Fanma). O presidente Paulo Xavier informou que a organização não convocou protestos presenciais na capital para evitar aglomerações. A única orientação, segundo o dirigente, é para que os condutores desliguem os apps até as 6h desta quinta-feira (18/3). 





A paralisação não parece ter afetado o fluxo de corridas na cidade. Chamadas de teste feitas pela reportagem nesta tarde (17/3) nas principais plataformas em funcionamento constataram que não há demora no atendimento. Os preços, até o momento, também estão dentro da normalidade. 

A adesão ao movimento não é consenso entre as entidades representativas dos prestadores de serviço. A Fanma estima que metade dos 70 mil parceiros em atividade em BH participam da paralisação. Por sua vez, o Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativo do Estado de Minas Gerais (Sicovapp) fala em menos de 10% de adesão. 

As duas instituições, contudo, ponderam que, independentemente da paralisação, muitos motoristas optaram por não trabalhar em função do toque de recolher imposto pelo governo  de Minas em todo o estado a partir desta quarta-feira (17/3). 





“Agora, até a circulação das pessoas está restrita. Com isso, a demanda de corridas, com certeza, diminuiu muito . Então, não compensa gastar gasolina comprada a R$ 5 o litro para sair de casa e esperar chamado de passageiro. Mesmo assim, queremos dar o recado aos aplicativos. Nós estamos pagando para trabalhar. O valor mínimo da corrida é R$ 4,60. Se eu gasto dois litros de combustível para buscar o passageiro, eu gasto praticamente R$ 10, considerando o preço absurdo que estamos pagando para abastecer”, explica Paulo Xavier. 
 
Por outro lado, a Associação dos Prestadores de Serviço que Utilizam Plataformas Web e Aplicativos De Economia Compartilhada (Appec-MG), informou, em nota, que a paralisação não foi convocada pelo Fanma nem pelo Sicovapp. 

"A paralisação realmente não conseguiu atingir 100% do efetivo da categoria em Minas, porém grande parte dos motoristas, insatisfeita com os seis anos sem reajuste nas tarifas e aumentos consecutivos no combustível, desligou seus aplicativos", diz o documento assinado por Warley Leite, presidente da Appec-MG. 





Aplicativos se posicionam

Procurada pela reportagem, a Uber não se manifestou sobre o caso. A 99 e a Cabify ressaltaram o livre direito à manifestação dos parceiros, mas não informaram se pretendem rever seus critérios de remuneração dos condutores, principal pauta do movimento grevista. Ambas, porém, citaram ações e políticas criadas para valorizar os trabalhadores. 

“Nossa tecnologia oferece diversas vantagens para que os motoristas parceiros  aumentem sua renda, como identificação dos locais com maior volume de passageiros e  chamadas próximas de sua localização”, disse a Cabify em nota enviada ao Estado de Minas. 

“A 99 viabiliza parcerias e condições especiais nos preços dos combustíveis, manutenção de carros e aluguel com agências para reduzir os gastos dos parceiros. Um exemplo é que, desde o início de março, o valor do desconto na rede Shell dobrou de 5% para 10%, iniciativa que deve durar até a segunda semana de maio, e está disponível via aplicativo Shell Box e pagamento com Cartão 99”, afirmou a plataforma 99. 





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