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Estado de Minas SEM COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA

Zema sobre defesa de 'tratamento precoce': 'Opinião pessoal'

O governador disse que remédios como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina aceleraram a alta de pacientes com COVID-19


19/03/2021 10:11 - atualizado 19/03/2021 10:43

Governador Romeu Zema (Novo) defende tratamento precoce contra COVID-19(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Governador Romeu Zema (Novo) defende tratamento precoce contra COVID-19 (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Recentemente o governador Romeu Zema (Novo) deu uma declaração defendendo o uso de medicamentos para o tratamento precoce da COVID-19, que não tem comprovação científica. Nesta sexta-feira (19/3), por meio da assessoria, o chefe do executivo estadual se pronunciou, alegando ser uma “opinião pessoal”.

Segundo Zema, o combate à virose com remédios como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina acelerou a alta de pacientes.

“Entre o início da pandemia, que foi em abril do ano passado, e o mês de agosto, nós tivemos uma melhoria muito grande no que diz respeito ao tempo que as pessoas ficavam internadas exatamente por causa do tratamento precoce”, afirmou o chefe do Executivo estadual à jornalista Leda Nagle. “Se não fosse o tratamento precoce, o colapso já teria acontecido”, completou.
 
 
Apesar disso, ele afirmou que não assumiu o protocolo por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) por não haver comprovação científica.

“O protocolo precoce, vale lembrar, pode ser utilizado por cada médico. Ele não pode ser é imposto, forçado pelo estado. Porque muitos deles ainda não têm uma comprovação científica, que dê o conforto para o gestor da Secretaria de Saúde ou do Ministério da Saúde”, disse.

O Estado de Minas ouviu o infectologista Geraldo Cunha Cury, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para comentar as declarações. 

"É absolutamente falso. Estudos mostram que esse ‘tratamento precoce’ não faz isso de forma alguma. Tanto é que não é recomendada por qualquer organização séria do mundo: OMS (Organização Mundial da Saúde), NHS (National Health Service, o serviço de saúde pública do Reino Unido), o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA) e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por exemplo", afirma.

O especialista explicou os perigos que circundam a fala do governador, sobretudo no comportamento da população. "É uma informação falsa que cria mais confusão e ajuda o vírus a se espalhar mais, porque tem gente que toma esses medicamentos e acha que está protegida do vírus", diz. 

A equipe do governador do Novo enviou uma nota ao Estado de Minas para esclarecer a situação e reiterou que Zema deu apenas uma “opinião pessoal”. Confira:

“Em entrevista na noite de  terça-feira (17/03), o governador Romeu Zema expressou uma opinião pessoal em relação ao tratamento precoce. Diferentemente do que a demanda informa, o governador não disse que Minas orientou o tratamento. O governador disse: “O protocolo precoce, vale lembrar, pode ser utilizado por cada médico, todos têm acesso a ele. Ele não pode ser imposto pelo Estado, forçado pelo Estado, porque muitos deles ainda não têm comprovação científica que dê conforto para o gestor da Secretaria de Saúde ou do Ministério da Saúde”, afirmou Romeu Zema. Portanto, o Governo de Minas reitera o livre exercício do profissional de saúde na condução do tratamento que julgar pertinente ao paciente, sem que haja uma determinação por parte do Estado.”

A Secretaria de Estado de Saúde também se pronunciou sobre o caso e ressaltou que cada médico tem autonomia para prescrever o medicamento que avaliar melhor para cada caso e não é papel da secretaria interferir:

“A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) entende que deve ser respeitada a autonomia dos municípios em adotar ou não as diretrizes publicadas pelo Ministério da Saúde (MS) no enfrentamento à COVID-19.  O papel da secretaria é logístico, ou seja, realiza a distribuição dos medicamentos àqueles que solicitam via sistema do MS.
 
A SES-MG, também, entende que cabe ao médico a autonomia para a prescrição medicamentosa, não sendo papel da SES interferir na relação médico-paciente.”
 
[Com informações de Gabriel Ronan] 


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