Desde o início do mês, a cidade de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, sofre o colapso do sistema de saúde, seja ele público ou privado, devido à COVID-19. Durante todos os dias de março, a ocupação dos leitos de UTI foi completa. Apesar de obter uma pequena redução na taxa de contaminação do coronavírus, a cidade segue com toque de recolher e lei seca por pelo menos mais uma semana.
A última informação sobre a taxa de contaminação mostrava queda de 1,24 em fevereiro para 1,07 no fim da primeira quinzena de março. Isso aponta uma proporção de retransmissão do vírus de 100 pessoas positivadas para outras 107. Entretanto, o número mostrou uma pequena alta em relação à primeira semana de março, quando a taxa estava em 1,04, mesmo com restrições quanto à circulação, o que preocupou a Secretaria Municipal de Saúde.
Desde o dia 1° de março, Uberlândia bateu algumas vezes o recorde local de mortes, chegando a 36 confirmações em 24 horas. Ao todo, 415 mortes por decorrência da infecção por coronavírus foram confirmadas em 19 dias deste mês. Em todo o mês de fevereiro, até então o pior da pandemia na cidade, houve 256 óbitos do tipo.
A escalada da doença já fechou dois prontos socorros de hospitais privados e mudou o esquema de recebimento de pacientes nas Unidades de Atendimento Integrado (UAIs). Com isso, metade delas, nos bairros Luizote de Freitas, Morumbi, Roosevelt e São Jorge, atende exclusivamente pacientes com COVID-19.
A cidade tem três unidades referência na rede pública com leitos de UTI, o Hospital Municipal e seu anexo, além do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. Há, pelo menos, 400 pacientes internados nas UAIs, sendo que metade é COVID-19. Destes, 124 precisam de leitos de UTI. O número cresce semanalmente.
Até agora, a cidade transferiu três pacientes para outras cidades, o que depende da Regulação Estadual de Saúde.
Circulação de novas cepas confirmadas
Há duas semanas, foi confirmada a circulação das variantes de Manaus e do Reino Unido do coronavírus em Uberlândia. O fato explicaria a maior mortalidade na cidade. "A investigação da UFU confirmou a nossa suspeita diante da violência e da rapidez no aumento dos óbitos e internações nas últimas semanas. Vivemos uma situação grave, pois essas variantes, principalmente a britânica, são de alta transmissibilidade e letalidade. Cada um tem que fazer a sua parte agora, temos que ter responsabilidade social”, afirmou o secretario de Saúde, Gladstone Rodrigues.
Segundo números do município, em 2020 não havia registro de mortes de pessoas com menos de 30 anos, mas desde o início do ano, Uberlândia já tem cinco óbitos de pacientes com até 29 anos, um deles abaixo dos 19 anos.