A Prefeitura de Montes Claros faz apelo à população para seguir rigorosamente as medidas restritivas contra a COVID-19, tendo em vista que foi identificada no município a presença da variante P1 do coronavírus, que apresenta maior taxa de transmissão e também causa mais danos à saúde de pessoas mais jovens – abaixo de 60 anos, e sem comorbidades. A identificação da cepa do vírus na cidade foi confirmada pela secretária de Saúde de Montes Claros, Dulce Pimenta.
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Ela ressaltou que o isolamento social é “a única medida” capaz de proteger as pessoas do risco de contágio da COVID-19 antes da vacinação em massa da população: “a única medida que temos para conter a transmissão do coronavírus é o isolamento, o distanciamento. Infelizmente, ainda não temos vacina para todos”.
Desde 3 de março, após os hospitais da cidade atingirem lotação máxima de leitos clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com a COVID-19, a Prefeitura de Montes Claros começou a adotar medidas duras para impedir a circulação de pessoas e frear a transmissão do coronavirus. Entre as medidas restritivas adotadas estão o toque de recolher no horário entre 20h e 5h e a proibição da venda de bebidas alcoólicas.
No dia 7 de março, Montes Claros e demais cidades do Norte de Minas entraram na “onda roxa”, a mais restritiva do Programa Minas Consciente, do Governo do Estado, que na última quarta-feira (17/03) passou a valer em todos os 853 municípios mineiros. Nesta semana, foram antecipados cinco feriados no município - o "feriadão prolongado antecipado" começou na quarta (17/03) e vai até segunda (22/03).
Além disso, a Prefeitura de Montes Claros implantou dois hospitais de campanha e credenciou leitos clínicos e de UTI em outras três unidades de saúde para pacientes da COVID-19, com a ampliação de mais de 100 vagas para internações de pessoas contaminadas pela doença respiratória.
As medidas amenizaram, mas ainda não resolveram o problema da superlotação hospitalar diante do avanço da pandemia. De acordo com balanço da Secretaria Municipal de Saúde, divulgado no final da tarde de sexta-feira (19/03), a taxa de ocupação de leitos clínicos na cidade é de 94% e ocupação de leitos de UTI para pacientes com o coronavirus é de 99%. Nos hospitais locais existem 356 pessoas internadas devido a complicações da COVID-19, sendo 322 de Montes Claros e 34 de outros municípios do Norte de Minas.
Ainda de acordo com o boletim da Vigilância Epidemiológica do Município, na sexta foram confirmados na cidade 366 novos casos da COVID-19 e mais nove mortes provocadas pela doença viral. O município alcançou o total de 23.287 casos confirmados e 422 óbitos causados pelo coronavírus.
Novas cepas do coronavírus
A secretária municipal de Saúde de Montes Claros relatou que desde janeiro passado observou a mudança do perfil dos pacientes da COVID-19, o que levantou a suspeita da chegada à região das novas cepas do coronavirus já identificadas no Reino Unido,na África e no Brasil.
“Desde janeiro que notamos que um número maior de pacientes na faixa de menos vulnerável, de 30 a 40 anos, sem comorbidades estava apresentando agravamento da COVID-19 e muitos com a necessidade de internação hospitalar”, informa Dulce. “Eram pacientes jovens que se agravam muito rápido”, completa.
Ela disse que encaminhou amostras de material dos pacientes para exame laboratorial na Fundação Ezequiel Dias (Funed). Mas, na sequência, a Funed enviou oito amostras de material para análise para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Conforme a secretária de Montes Claros, o resultado dos exames pela Fiocruz foi divulgado na sexta-feira (19/03) e uma das amostras da cidade-polo do Norte de Minas teve a confirmação para a Variante P1 do coronavirus – “Cepa Manaus”.
Recolhido em 3 de fevereiro, o material é de um homem que teve o diagnóstico confirmado para a COVID-19 no dia 9 do mês passado. Ele se recuperou da moléstia.
"A confirmação que temos é que, há mais de 40 dias, essa cepa está presente e está circulando no nosso município, declarou Dulce. “Essa variante do coronavírus tem uma taxa de transmissibilidade - de contaminação - entre as pessoas maior. O potencial dela de transmissão é maior do que o vírus original. Com isso, a gente pode ter uma pessoa contaminada conseguir contagiar um número muito maior”, disse a secretária municipal de Saúde.
“Já temos um número grande número de pessoas que testaram positivo para o coronavirus em Montes Claros diariamente. Se muitas delas já estão com a variante P1, significa que a velocidade de transmissão da COVID-19 no município (agora) será bem maior do que observamos na cidade no ano passado”, afirmou Dulce Pimenta.
De acordo o balanço da Secretaria Municipal de Saúde, divulgado diariamente, Montes Claros teve mais de 200 novos casos de coronavirus confirmados em único pela primeira vez em 23 de fevereiro (217). Foram registrados mais de 300 casos em 24 horas pela primeira vez no dia 5 de março (307. No dia 15 de março, quando a cidade já estava na onda roxa, Montes Claros teve números recordes de novos casos (435) e mortes (16) confirmados em um mesmo dia.