Criticado pela demora no ritmo de vacinação contra a COVID-19 no Brasil, o governo mudou a orientação com nova diretriz para que seja priorizada a aplicação das primeiras doses de imunizante à população, sem reserva da segunda injeção necessária para complementar a imunização. Até agora, a recomendação era reservar metade das vacinas para aplicação das segundas doses dentro do período recomendado.
Oxigênio e remédios
A nova orientação foi feita em um informe técnico do Ministério da Saúde, no qual a pasta anunciou a distribuição de mais 3,99 milhões de vacinas da Sinovac/Instituto Butantan e mais 1 milhão da AstraZeneca/Fiocruz entre os 26 estados e o Distrito Federal. Todos esses imunizantes serão aplicados como doses iniciais. Essa mudança diz respeito à CoronaVac, cuja segunda dose deve ser aplicada em até quatro semanas para completar o esquema vacinal.
As vacinas do consórcio Oxford/AstraZeneca, por sua vez, já vinham sendo aplicadas sem reserva, devido ao intervalo de até quatro meses entre a primeira e a segunda doses. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, havia dito a prefeitos, em 19 de fevereiro, que não seria mais necessário guardar as segundas doses da vacina da CoronaVac, pois o fluxo de entrega de novos lotes permitiria repor estoques a tempo de completar a imunização. No entanto, cinco dias mais tarde, o Ministério da Saúde recuou da decisão, diante do risco de que os novos lotes de vacinas não chegassem a tempo da aplicação da segunda dose.
Na nova orientação, o Ministério da Saúde ressalva que serão feitas reuniões semanais com os conselhos de saúde e representantes de secretarias estaduais e municipais para avaliar os prazos de cumprimento das entregas dos imunizantes, de forma a evitar falta de segundas doses de vacinas. A continuidade da priorização da aplicação das primeiras doses depende do ritmo de produção e entrega das vacinas esperadas pelo ministério.
No mesmo informe, a pasta citou também estimativa de recebimento de uma nova carga de 1 milhão de vacinas hoje, e outra de 1,9 milhão de doses até o fim deste mês. Essas vacinas, da AstraZeneca, foram produzidas na Coreia do Sul, como parte do Consórcio Covax Facility.
Oxigênio e remédios
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou quatro medidas para evitar o desabastecimento de medicamentos, oxigênio e dispositivos médicos necessários para o combate da pandemia de COVID-19 no país.
Uma das medidas simplifica os processos de importação de dispositivos médicos e de medicamentos prioritários para o uso em serviços de saúde, mesmo que não regularizados no Brasil, em caráter excepcional e temporário, por órgãos e entidades públicas e privadas.
Outra medida também facilita o processo de distribuição de medicamentos estéreis (injetáveis), possibilitando que a carga do medicamento seja transportada às distribuidoras e instituições de saúde enquanto as empresas realizam os testes de controle de qualidade.
No caso do oxigênio, a Anvisa aplicou excepcionalidades temporárias a requisitos para a utilização de cilindros do gás na área da saúde pública.
Uma das medidas é a permissão para utilização de cilindros de gases industriais para o enchimento de gás medicinal. Em outras palavras, poderá ser utilizado cilindro cinza, em vez do verde, pra envasar oxigênio medicinal.