A situação de insumos para intubar pacientes em leitos de terapia intensiva nos hospitais em Minas é muito crítica. A avaliação do cenário foi feita pelo novo secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, em entrevista exclusiva concedida ao Estado de Minas no sábado (21/03).
Confira a entrevista de Fábio Baccheretti na íntegra: 'Teremos semanas com crescimento de óbito", diz secretário.
O secretário informou que a preocupação com a falta de insumos levou os gestores de saúde de outros estados a procurar o Ministério da Saúde. "Tivemos uma reunião ontem (sexta-feira) com o Ministério da Saúde. Todos os secretários de saúde e suas áreas técnicas levaram para eles a preocupação. Temos estados que têm estoques muito pequenos, duram apenas alguns dias", informou.
Baccheretti ressaltou que Minas tem estoque de medicamentos para intubação por mais tempo do que outros Estados. " Minas Gerais vem se organizando e virou modelo de organização. Todos os estados copiaram a forma de controle desses medicamentos. A gente tem alguns dias a mais do que o restante dos outros estados", disse.
Os fabricantes nacionais não estão dando conta de atender à demanda que cresceu em todas as regiões do país com o colapso da rede hospitalar, que se manifesta no grande número de pacientes intubados nos leitos de terapia intensiva. "O Ministério da Saúde vem tentando buscar outros fornecedores fora do país, em especial na China e EUA, para complementar essa alta demanda. Vamos lembrar que nunca se teve tantos pacientes intubados, precisando desses medicamentos nos hospitais do Brasil. Com essa alta demanda, a gente precisa buscar alternativas."
O gestor garantiu que os hospitais mineiros têm estoque de insumos para intubação para os próximos 20 dias.
ESTADO BUSCA ALTERNATIVAS PARA FORNECIMENTO DE OXIGÊNIO
Depois das cenas chocantes de pessoas morrendo em Manaus por falta de oxigênio nos hospitais, há um temor que as imagens possam se repetir em Minas. O secretário informou que o maior problema é a logística para a chegada dos cilindros de oxigênio.
"Em relação ao oxigênio, o problema é muito mais logístico. A expansão de leitos realizada em vários municípios foi feita de forma muito rápida. Essa nova onda pegou todos de forma muito rápida", diz.
Fábio Baccheretti explica que a expansão dos leitos de UTI foi realizada tendo como base o uso de cilindros de oxigênio. O secretário esclareceu que cada cilindro dura apenas quatro horas para um paciente intubado com COVID-19. "A gente precisa repor seis vezes o cilindro de oxigênio por leito", informou.O secretário informou que a pasta negocia soluções com as empresas fabricantes, entre elas a troca dos cilindros por tanques de oxigênio líquido.
Perguntado sobre o que o governo de Minas tem feito para que não haja desabastecimento, o secretário informou da compra do insumo e do controle rígido. "O governo está comprando esse insumo. Já conseguimos receber parte dele, mas vale a pena destacar que o mesmo fornecedor que nos vende medicamentos é o mesmo que vende para os hospitais. Então, a secretaria não pode pegar tudo que tem no mercado se não vai faltar para os hospitais . A gente faz essa compra direta para poder distribuir para aqueles hospitais que não conseguem manter um suprimento constante", disse.