Jornal Estado de Minas

COVID-19

Colapso no SUS também


Depois de a rede privada entrar em colapso, Belo Horizonte também contabilizou, ontem, a ocupação das UTIs para COVID-19 da rede pública acima dos 100%. A taxa de uso global (soma entre suplementar e SUS) dos leitos desse tipo é de 107,3%, o que força a migração do atendimento para outras partes dos hospitais, como salas e enfermarias. BH disponibiliza 819 leitos de UTI no total, mas tem 879 pacientes com necessidade de passar por procedimentos que devem ser feitos na terapia intensiva. Ainda no balanço dessa segunda, a cidade bateu a marca de 3 mil óbitos pela doença. São 3.020 óbitos, 32 a mais que no boletim anterior. E 132.201 casos, após os 2.128 das últimas 24 horas.    

A taxa de ocupação dos leitos se refere ao quadro do dia anterior, de domingo. De acordo com o infectologista Unaí Tupinambás, do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da COVID-19 da prefeitura, muitos desses pacientes têm entre 30 e 50 anos. Como não há UTIs disponíveis, muitos vão para outros espaços dentro dos hospitais, como salas e enfermarias.  Na rede suplementar, a ocupação das UTIs é ainda mais elevada: 114,4%. São 429 pacientes para 375 leitos, um déficit de 54 vagas. Já no SUS, onde a prefeitura registrou pela primeira vez um colapso, são 450 doentes para 444 unidades de terapia intensiva. E a piora nos indicadores em relação ao balanço de sexta-feira, quando a ocupação global das UTIs era de 100,8% (quase sete pontos percentuais a menos que o quadro desta segunda), aconteceu em um cenário de aumento da oferta de leitos. A prefeitura e os hospitais privados criaram novas 26 UTIs desde sexta. Ainda assim, o crescimento da demanda foi bem maior, como mostram os números acima. O Conselho Municipal de Saúde pressiona a PBH para a ampliação de leitos de UTI. Os conselheiros se reuniram ontem com representantes do Executivo para pedir também o aumento das equipes de saúde, segundo a presidente do conselho, Carla Anunciatta, informou ao Estado de Minas.




 

TRANSMISSÃO

 
Nas enfermarias para COVID-19, a prefeitura registrou queda na ocupação em relação ao balanço de sexta-feira: de 89,7% para 87,9%, na soma entre o SUS e os hospitais privados. O boletim mais atualizado traz um acréscimo de 151 enfermarias na cidade, o que fez a taxa cair. Agora, são 1.834 leitos do tipo no município. Ainda assim, a rede suplementar continua em colapso: 107,6% de ocupação. São 749 pacientes para 696 vagas nesses hospitais: diferença de 53.  A boa notícia fica por conta da queda da transmissão do coronavírus na cidade. O indicador saiu de 1,22 para 1,17. Agora, o parâmetro não está mais na faixa crítica da escala de risco, indo para a de alerta. Isso quer dizer que a cada 100 infectados pelo vírus, mais 117 pessoas ficam doentes. A situação se torna grave a partir da taxa de 1,2. 

A melhoria aconteceu no primeiro boletim publicado após a cidade completar 14 dias sem funcionamento dos serviços não essenciais. O fato de isso acontecer agora é um sinal de que o fechamento deu certo, ao menos para diminuir a aceleração do contágio pelo coronavírus, já que a janela de infecção pelo micro-organismo é de duas semanas. Na prática, toda medida tomada pelo poder público, como fechar e reabrir o comércio, leva, em média, 14 dias para apresentar seus efeitos nos indicadores da pandemia. Daí, a importância dessa constatação.O chamado fator RT estava na zona crítica da escala de risco desde 11 de março. No último dia 15, o parâmetro anotou seu recorde: 1,28.


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