Medo, angústia, sofrimento, dor, desespero. São muitos os sentimentos vividos por quem enfrentou a COVID-19 e por aqueles que perderam familiares pela doença. Mesmo diante de tantos relatos tristes e do patamar crítico em que a pandemia se encontra após um ano, ainda há quem não acredite na importância da luta contra o vírus. São muitos os dramas familiares relatados, que servem de alerta para que todos redobrem os cuidados.
O caso envolvendo o servidor público Bruno Henrique Rampinelli é um deles. “Para as pessoas que não acreditam, que acham que não vai acontecer com elas e com alguém que elas amam, tomem muito cuidado. A COVID-19 é muito séria, só quem já passou por uma situação extrema no hospital com um ente querido ou está passando por isso consegue entender o real perigo da doença. O vírus está aí e a gente sabe que não são todos que têm cuidado e adotam as medidas preventivas", comenta.
O caso envolvendo o servidor público Bruno Henrique Rampinelli é um deles. “Para as pessoas que não acreditam, que acham que não vai acontecer com elas e com alguém que elas amam, tomem muito cuidado. A COVID-19 é muito séria, só quem já passou por uma situação extrema no hospital com um ente querido ou está passando por isso consegue entender o real perigo da doença. O vírus está aí e a gente sabe que não são todos que têm cuidado e adotam as medidas preventivas", comenta.
Ela relatava sentir muita dor na perna e procurou o Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga (MG), administrado pela Fundação São Francisco Xavier, onde passou por uma série de exames que detectaram que os níveis de coágulo no sangue estavam 10 vezes maiores que o normal.
Ludmila foi internada e precisou ser intubada para realizar o parto de cesárea. A bebê, chamada Ísis, também foi intubada. A mãe recebeu alta em 21 de março e agora se recupera em casa.
“Foram momentos de muita angústia. Nossa criança nasceu desacordada, ficou um dia intubada e graças a Deus melhorou em seguida. Minha mulher ainda lutou pela vida durante 12 dias na UTI. É um sentimento de aflição inexplicável", diz Bruno.
Ele conta que a fé o ajudou a passar pelo momento difícil: "O processo de recuperação pulmonar é lento. Ela chegou a ter 75% do pulmão comprometido. Foi Deus, foram as orações e a equipe médica que trouxeram minha esposa e minha filha de volta”.
Ele conta que a fé o ajudou a passar pelo momento difícil: "O processo de recuperação pulmonar é lento. Ela chegou a ter 75% do pulmão comprometido. Foi Deus, foram as orações e a equipe médica que trouxeram minha esposa e minha filha de volta”.
“Toda a nossa família sofria”
A família de Nilza da Silva Santos, de 79 anos, moradora de Barão de Cocais (MG), também passou por um drama em decorrência da COVID-19. Fátima, filha de Nilza, conta que o pai, Danilo Ricardo dos Santos, de 86, também pegou a doença.
"Uma coisa é você ver na TV, a outra é ver um familiar passando mal no hospital, acompanhar a rotina frenética de pacientes com a COVID-19"
Fátima Santos, que perdeu o pai para a COVID-19 e teve a mãe hospitalizada, em estado grave, com a doença
“Ele foi o primeiro a ter os sintomas e logo depois 11 pessoas da nossa família tiveram a doença, entre filhos, netos, genro, nora e a nossa mãe, Nilza. A COVID-19 aumentou ainda mais a fragilidade do meu pai. Ele faleceu em um dia e no outro minha mãe foi internada”, relembra.
Nilza ficou 40 dias internada no Hospital Municipal Carlos Chagas, em Itabira (MG), sendo 15 dias intubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Toda a nossa família sofria. A doença é muito mais agressiva do que a gente imagina. Uma coisa é você ver na TV, a outra é ver um familiar passando mal no hospital, acompanhar a rotina frenética de pacientes com COVID-19. É um processo muito dolorido e para nós, que tínhamos acabado de perder o nosso pai, ainda ter que buscar forças para acompanhar a nossa mãe foi muito difícil”, lembra Fátima.
Os cuidados nunca faltaram para evitar a contaminação, mas Fátima acredita que a família poderia ter sido mais rigorosa nas medidas: ”Na entrada da casa da nossa mãe, minha irmã já tinha colocado um cartaz proibindo a entrada de pessoas sem máscara. Mas acredito que podíamos ter sido ainda mais cautelosos”.
A idosa venceu a COVID-19 e agora se recupera em casa. “Foi um milagre ver a minha mãe bem depois de tudo que ela passou. Fomos muito bem atendidos por toda a equipe médica do hospital, médicos, enfermeiras e assistentes sociais”.
Para Fátima, uma pessoa que insiste em não usar a máscara de proteção na rua não pensa no próximo: "Quem não passou por isso não tem a menor ideia do que seja a doença. Fico desolada quando vejo o desrespeito das pessoas com as outras”.
Nilza convive com a saudade do marido e faz mais um alerta: “Peço a vocês, tenham respeito um com o outro, tenham cuidado porque a doença é muito perigosa. A COVID levou o meu marido e eu também fui vítima dela”.
“Pensei que fosse morrer. Não desejo o que passei para o meu pior inimigo”
Edio Andrade Miranda, de 59, ficou 26 dias internado com COVID-19 no Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga (MG).
Ele conta que sentiu dor no peito e de um dia para outro foi internado na UTI do hospital.
“Foi tudo muito rápido. No começo eu estava lúcido, tomando antibiótico e ligado ao oxigênio. Cheguei a ir para a enfermaria e depois de um tempo passei a sentir muita falta de ar e aí fui intubado. É muito triste ficar no hospital com essa doença. Quando eu podia conversar com minha família por chamada de vídeo, era o melhor momento do dia”, afirma.
Para Edio, o importante agora é alertar as pessoas que ainda não se cuidam em relação à doença. “A doença é perigosa demais. Tenho colegas que andam sem máscara por aí. Daí eu vou e falo tudo que passei. Não deixo de contar e pedir para todos usarem máscara, usarem álcool em gel e manterem o distanciamento social”, reiterou.
"Foi tudo muito rápido. No começo eu estava lúcido, tomando antibiótico e ligado ao oxigênio. Cheguei a ir para a enfermaria e depois de um tempo passei a sentir muita falta de ar e aí fui intubado"
Edio Andrade Miranda, que foi infectado pelo novo coronavírus
Alerta máximo
O coordenador de ensino e pesquisa da Fundação São Francisco Xavier, Milton Henriques Guimarães Junior, afirma que o atual momento é de alerta máximo.
“O problema é muito sério, muito real. Infelizmente estamos enfrentando um novo pico da doença, antes de chegar a vacina para todo mundo. Nessas horas, o que vai ajudar é o uso correto da máscara, o uso do álcool em gel e, aqueles que conseguem ficar em casa e evitar a exposição, devem ficar”, pontuou.
"Basta uma ocasião, um jantar com amigos, um churrasco com a família para alguém se infectar com o novo coronavírus"
Milton Henriques Guimarães Junior, médico
O agravamento da pandemia, segundo o médico, pode ser percebido pelo tempo que os pacientes estão permanecendo nas UTIs e no número elevado de mortes.
“Para fazermos um paralelo da gravidade da doença, em um CTI geral temos uma média de permanência do paciente de 4 a 6 dias e índice de mortalidade de 7 a 9%. Na pandemia da COVID-19, estamos falando em uma taxa de permanência de 14 dias e óbito de 50%”.
“Para fazermos um paralelo da gravidade da doença, em um CTI geral temos uma média de permanência do paciente de 4 a 6 dias e índice de mortalidade de 7 a 9%. Na pandemia da COVID-19, estamos falando em uma taxa de permanência de 14 dias e óbito de 50%”.
Milton reforça que é preciso da ajuda de toda a população para que a situação saia da zona crítica.
“Basta uma ocasião, um jantar com amigos, um churrasco com a família para alguém se infectar com o novo coronavírus. Vamos evitar esses momentos. Se protejam, usem EPIs, evitem aglomerações. A saúde é o nosso bem maior”, conclui.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Kelen Cristina
*Estagiário sob supervisão da subeditora Kelen Cristina
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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