Belo Horizonte tem 164 pessoas, com ou sem COVID-19, aguardando a liberação de leitos de UTI. A informação veio a público na tarde desta terça-feira (23/3), por meio do secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto.
Ele utilizou o dado para justificar, aos vereadores da cidade, a ausência em reunião convocada pela Câmara de BH para tratar do decreto, editado pela prefeitura, que determinou o funcionamento de apenas serviços essenciais para barrar o avanço do novo coronavírus.
No ofício remetido aos parlamentares, Jackson lembra os dados informados pelo boletim dessa segunda (22/3) — quando as UTIs estavam com ocupação de 107,3%, e as enfermarias de 87,9%.
O boletim desta terça, contudo, traz cenário diferente: os leitos de terapia intensiva estão em 102,3% de ocupação; enquanto 87,9% das camas das enfermarias têm pacientes.
“Os assustadores índices, aliados a incessante busca por leitos e à implementação da vacinação, obrigam-me a comparecer a inadiáveis reuniões no intuito de atender à população, especialmente as 164 pessoas que estão, neste momento, aguardando uma vaga de UTI”, lê-se no documento enviado por Jackson.
O secretário sugeriu aos parlamentares que o encontro seja reagendado para o dia 22 do próximo mês. Além da demanda por internações, o médico também citou a busca por imunizantes como motivo para não comparecer à reunião com os vereadores.
Na última quarta (17/3), a Câmara decretou ponto facultativo e suspendeu as atividades legislativas em face do avanço da pandemia. Os trabalhos foram retomados nesta terça, justamente, por conta da reunião com Jackson Machado Pinto.
O fechamento temporário do Parlamento foi a justificativa dado pelo titular da Saúde belo-horizontina para explicar, com três dias de antecedência, os motivos da ausência.
Deficit de UTIs
Em novo boletim nesta terça, a prefeitura informou que a cidade disponibiliza 882 leitos de UTI para pacientes com COVID-19. Como a ocupação geral é de 102,3%, é possível calcular que 20 pessoas infectadas pelo novo coronavírus estão no aguardo de vagas.
Essas pessoas, segundo especialistas ouvidos pelo EM nos últimos dias, são principalmente adultos entre 30 e 50 anos.
Como os hospitais não negam atendimento, esses pacientes acabam colocados em outros espaços das unidades de saúde, como salas e enfermarias, apesar dos quadros graves da doença.
O deficit de vagas acontece na rede privada da capital mineira, na qual a ocupação é de 111,9%.
O SUS chegou a entrar em colapso total nessa segunda, mas a taxa de uso caiu para 93,8% nesta terça após abertura de 27 leitos.