Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Médicos mineiros defendem 'autonomia' para aplicar remédios sem eficácia

Depois que a Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou uma nota afirmando que a utilização de remédios como hidroxicloroquina, cloroquina e ivermectina, recomendados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), devem ser banidos em qualquer fase de tratamento da COVID-19, a Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) repudiou a ação nesta quarta-feira (24/3).





Em nota publicada, a AMMG afirma que acredita que o tratamento é obrigatoriamente de autonomia do médico, assim como do próprio paciente, sendo necessário que todas as orientações sobre o tratamento escolhido sejam esclarecidas ao paciente.

Segundo os médicos mineiros, a AMMG coloca-se alheia a qualquer “politização acerca do tema” somente “defendendo a autonomia dos médicos”.

No documento, os médicos também defendem a vacinação no país e o aumento no número de leitos em Minas Gerais.

A hidroxicloroquina, cloroquina e ivermectina não têm éficacia comprovada cientificamente.
 
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Entenda

Na terça-feira (23/3), a Associação Médica Brasileira fez diversos alertas sobre a falta de leitos para internação, escassez de remédios para intubação e o número de mortes no Brasil, que entre os dias 15 a 21 de março representaram 25% das mortes mundiais. Já são quase 300 mil vidas perdidas pela COVID-19.





A gravidade da situação brasileira é o motivo do boletim, que foi separado em 13 tópicos, abordando “orientações aos pacientes de todo o Brasil, em particular sobre a importância da prevenção, para esclarecimentos sobre condutas aos médicos, e para conclamar as autoridades responsáveis à urgente resolução de casos que exclusivamente delas dependem”, diz a nota.
 
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Além das recomendações de distanciamento, uso de máscara, higiene de mãos e superfícies, a AMB frisou que o uso de medicamentos sem eficácia comprovada deve ser banido: “Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da COVID-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida”.

Veja a nota da AMMG na íntegra


Nota da Associação Médica de Minas Gerais do dia 24/03 (foto: Associação Médica de Minas Gerais/Reprodução)

 
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie  

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