Localizado na Região Oeste de Belo Horizonte, o Buritis é o bairro com maior número de infectados com o coronavírus na capital mineira, atualmente. Em 2020, liderou o total de diagnósticos da doença no ano.
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Moradores estão assustados com os números da pandemia no bairro e culpam a falta de coletividade pela situação.
Moradores estão assustados com os números da pandemia no bairro e culpam a falta de coletividade pela situação.
Em entrevista ao Estado de Minas, Cássio Paz, de 28 anos, residente no Buritis há três anos, relata ter presenciado momentos de instabilidades durante a pandemia.
Segundo o assessor de investimentos, seus vizinhos seguiam mais rigorosamente as medidas de prevenção do vírus conforme a prefeitura da cidade aumentava ou diminuía as restrições de fechamento de atividades não essenciais.
Segundo o assessor de investimentos, seus vizinhos seguiam mais rigorosamente as medidas de prevenção do vírus conforme a prefeitura da cidade aumentava ou diminuía as restrições de fechamento de atividades não essenciais.
“Somos um bairro com uma grande concentração de pessoas, onde muitas famílias compartilham o mesmo espaço. Nos afrouxamentos, via as ruas se encherem de novo, alguns supermercados deixaram de fazer o controle de número de pessoas, moradores voltaram a correr nas ruas e passear com o cachorro, nem sempre de máscara”, disse.
O mesmo foi percebido por Patrícia Medeiros, de 35 anos. Segundo a consultora de RH, que se mudou recentemente do Bairro Estrela Dalva, que fica ao lado do Buritis, quando os bares e restaurantes foram reabertos, a movimentação de pessoas no local voltou em grande quantidade.
“A partir do final do ano, com a flexibilização, as pessoas tiveram o sentimento de que tudo estava ficando bem e retomaram comportamentos que ainda não era tempo para retomar. Já notei muitas aglomerações em bares, restaurantes e prédios vizinhos”.
“A partir do final do ano, com a flexibilização, as pessoas tiveram o sentimento de que tudo estava ficando bem e retomaram comportamentos que ainda não era tempo para retomar. Já notei muitas aglomerações em bares, restaurantes e prédios vizinhos”.
Patrícia fala que o aumento de casos no bairro também pode ter sido influenciado pela transição de pessoas entre BH e Nova Lima, cidade próxima da região.
“Como muitas pessoas saíam daqui para ir em bares e restaurantes da cidade, que por muito tempo não adotou as mesmas medidas de restrição que Belo Horizonte, acredito que pode ter contribuído”.
“Como muitas pessoas saíam daqui para ir em bares e restaurantes da cidade, que por muito tempo não adotou as mesmas medidas de restrição que Belo Horizonte, acredito que pode ter contribuído”.
Fábio Lima, de 57 anos, é residente do Buritis há quatro anos e durante a pandemia relata ter flagrado festas nas ruas do bairro. Segundo o analista de sistemas, quando ocorreram, a Polícia Militar foi acionada.
“Acho que falta educação para seguir as orientações e senso de coletividade, que infelizmente não é exclusividade do bairro, e sim da população brasileira”, informou.
“Acho que falta educação para seguir as orientações e senso de coletividade, que infelizmente não é exclusividade do bairro, e sim da população brasileira”, informou.
O morador também fala que informações sobre a gravidade do atual momento em que o país vive não faltam, o problema está em como as pessoas da região lidam com a situação.
“Educação é a base de tudo. As orientações para lavar as mãos, usar máscaras, entre outras, estão sendo faladas há mais de um ano, desde o início da pandemia. Será que ainda existe pessoa que não escutou isso? Não acredito que ainda exista. Portanto, qual atitude hoje é possível? Acredito que, para estes, somente quando algum familiar é acometido”.
“Educação é a base de tudo. As orientações para lavar as mãos, usar máscaras, entre outras, estão sendo faladas há mais de um ano, desde o início da pandemia. Será que ainda existe pessoa que não escutou isso? Não acredito que ainda exista. Portanto, qual atitude hoje é possível? Acredito que, para estes, somente quando algum familiar é acometido”.
Além de ações de política pública feitas pelos governantes, especilistas pontuam que o cenário de pandemia precisa da contribuição do coletivo para que os impactos da COVID-19 em uma comunidade sejam amenizados.
Para Cássio Paz, é um pouco desse pensamento que contribuirá para uma diminuição de casos no bairro onde mora.
Para Cássio Paz, é um pouco desse pensamento que contribuirá para uma diminuição de casos no bairro onde mora.
"Nós estamos vivendo pandemia há mais de um ano. Muito se sabe, o que não é feito é por falta de cosciência, negacionista, que é muito aplaudido, infelizmente. É preciso o cuidado e responsabilidade individual", finaliza.
Mudança de perfil em relação a 2020, em BH
Junto ao Buritis, os bairros Sagrada Família, Castelo, Padre Eustáquio e Sion foram os lugares que registraram mais casos de COVID-19 na quarta-feira (24/03), com 735, 724, 558 e 549, respectivamente.
Isso mostra uma mudança no perfil das vítimas da doença neste ano. Em 2020, regiões mais pobres, como vilas e favelas, lideraram a relação.
Isso mostra uma mudança no perfil das vítimas da doença neste ano. Em 2020, regiões mais pobres, como vilas e favelas, lideraram a relação.
No levantamento por regionais, a Noroeste é a região com maior número de mortes por COVID-19 em BH: 394, 24 a mais que a Região Nordeste. Na sequência, aparecem Oeste (369), Centro-Sul (363), Barreiro (350), Leste (336), Venda Nova (311), Pampulha (281) e Norte (281).
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
Vídeo explica porque você deve aprender a tossir
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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